O primeiro (grande) teste de Sidônio
Por Marcos Strecker
O novo ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, tomou posse na última terça-feira (14) em meio à onda de desinformação sobre o Pix, meio de pagamento que era até hoje justamente um dos trunfos do governo para facilitar a vida dos consumidores. Tudo começou com a determinação da Receita Federal de que os bancos precisarão enviar dados das transações acima de R$ 5 mil de pessoas físicas, medida elementar para coibir a sonegação. Isso serviu de pretexto para uma verdadeira guerra nas redes sociais, com versões fantasiosas de que o Pix passaria a ser taxado. Alguns comerciantes ameaçaram deixar de receber em Pix e o número de transações teve a maior queda desde a implantação do sistema. A crise fez Palmeira correr com uma campanha emergencial contra as fake news que ameaçam prejudicar a imagem do governo na economia, já arranhada com a disparada do dólar e dos juros. O ministro da Fazenda chegou a acenar com ações criminais. Diante da repercussão negativa, o governo revogou a norma da Receita na quarta-feira (15). Palmeira, que fez a última campanha presidencial do presidente, assumiu justamente combatendo a desinformação e criticando a nova política da Meta (dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp) de relaxar as regras de controle dos posts. “Encaro a missão da comunicação como guardiã da democracia”, declarou o novo ministro. Tarefa hercúlea.
EUA
À espera de Trump
Não é só o Brasil que sofre com a gangorra do dólar na economia mundial. A moeda americana sobe e desce globalmente enquanto as medidas da nova administração de Donald Trump vazam a conta-gotas, sobretudo as ligadas à taxação de importações de todo o mundo. Especialmente vulneráveis, México, China e Canadá são as nações mais preocupadas com a posse do republicano, que acontecerá na segunda-feira (20). Há a promessa de um pacote no dia do juramento à Constituição, em Washington. Fala-se em cem ordens executivas, de início principalmente ligadas a políticas de segurança de fronteiras e deportações de imigrantes ilegais. Os dados da economia americana também causam apreensão nos mercados. Paradoxalmente, é a força do mercado de trabalho nos EUA que traz mais preocupação. No dia 10, os dados oficiais mostraram que a criação de empregos acelerou de forma inesperada em dezembro, enquanto a taxa de desemprego caiu para 4,1%. Isso fez diminuir ainda mais a expectativa de que o Fed (Banco Central dos EUA) promova novos cortes nas taxas de juros americanas, o que tende a fortalecer o dólar. Lembrando que a política de derrubar impostos de Trump fará aumentar o déficit, pressionando a inflação e as próprias taxas. Não é só com as barreiras comerciais que a Europa e o resto do mundo se preocupam. Juros altos nos EUA também devem levar à fuga de investimentos em diversas regiões.