Hora de refazer o planejamento tático-operacional para 2025
Por César Souza
Os acionistas e dirigentes precisam avaliar com maior profundidade o impacto, nos seus negócios, de inúmeros fatores indesejados do nosso macro cenário, tais como: o viés de subida íngreme da já elevada taxa de juros; a significativa desvalorização do real frente ao dólar; as incertezas sobre o necessário equilíbrio fiscal devido ao alto custo das contas públicas e emendas parlamentares; o peso da projetada Reforma Tributária; a insegurança jurídica causada pela proliferação de decisões casuísticas; a anunciada política protecionista do governo Trump que afetará nossas exportações; as guerras no Oriente Médio e na Rússia-Ucrânia, além dos recorrentes distúrbios climáticos.
Mas vale olhar também para o lado meio cheio do copo que não está totalmente vazio, pois são inúmeras as oportunidades que se abrem para certos negócios em momentos como esse: a possibilidade de incremento da produtividade e de maior eficiência operacional advindas do uso adequado de tecnologias já disponíveis, como a disruptiva IA; novos hábitos de consumidores que podem trazer inesperadas possibilidades de receitas. Além das possibilidades de melhoria na rentabilidade que o necessário “freio de arrumação” pode trazer.
Refazer os planos de ação tático-operacionais não implica em desmontar o planejamento estratégico nem a visão de longo prazo já projetada, que tangibiliza a ambição empreendedora. O desafio imediato é o de garantir a sobrevivência nas batalhas a serem travadas nos próximos dois anos para ganhar músculos e forças visando assegurar a vitória na “guerra” lá na frente.
São inúmeras as oportunidades que se abrem para certos negócios em momentos como o atual. Refazer os planos de ação não implica em desmontar o planejamento estratégico nem a visão de longo prazo já projetada
Objetivamente, torna-se mandatório a curto prazo a coragem para tomar várias decisões:
● reduzir custos e desperdícios de forma inteligente, sem cometer o erro de cortes desnecessários que podem comprometer a retomada quando novos ventos soprarem; reduzir investimentos não urgentes e o nível de endividamento;
● priorizar o Retorno do Investimento (ROIC) em vez do Faturamento;
● garantir a Geração Líquida de Caixa e aumentar receitas acessórias;
● reestruturar dívidas financeiras e renegociar contratos com credores, fornecedores, revisar débitos tributários;
● repensar a estrutura de capital pois em alguns negócios é melhor pagar dividendos do que juros;
● focar no core business da empresa, avaliando o atual portfólio de negócios decidindo o que manter e o que descartar;
● e inovar na gestão de clientes, parceiros e equipes.
Em resumo, o momento é o de garantir o presente para construir o futuro, sem perdê-lo de vista. Mais do que nunca os líderes empresariais precisam ser ambidestros, ou melhor dizendo, ligeiramente estrábicos: um olho no presente e outro no futuro.
Se estratégia pode ser metaforicamente definida como a capacidade de identificar o outro lado do rio e construir uma ponte para a travessia visando alcançar o ponto desejado na outra margem, o momento exige construir uma ponte menos glamorosa, porém mais segura. As empresas vencedoras em 2030 serão aquelas que tiverem a coragem de tomar decisões para construir agora esse tipo de ponte pragmática enquanto ao mesmo tempo visualizarem a terceira margem do rio, aquela que poucos conseguem perceber a olho nu.
César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda