Tecnologia

Toti Diversidade promove inclusão e ensina tecnologia para refugiados

Com o objetivo de minimizar o gap profissional no setor tech, Toti Diversidade proporciona diversidade global à tecnologia brasileira

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Toti: escolha pela tecnologia como foco veio amparada no que move a economia: oferta e demanda (Crédito: Divulgação)

Por Victória Ribeiro

Motivada pelas pressões econômicas, sociais e políticas, a venezuelena Karen Velasquez decidiu sair do seu país de origem e vir para o Brasil. Trabalhou durante dois anos como vendedora e, hoje, quatro anos depois, é analista de controle e processos de dados na companhia Raízen — após sua segunda promoção. Esse é só um entre os mais de 1 mil casos de pessoas atendidas pela Toti Diversidade, primeira plataforma de ensino e inclusão de pessoas refugiadas e imigrantes no mercado de tecnologia.

Criada no final de 2016 como um projeto universitário, a startup carioca já atendeu pessoas de 46 nacionalidades, fruto do desejo de ajudar de Bruna Amaral, CEO da Toti. “As portas do mercado ainda são muito fechadas para refugiados e migrantes. A xenofobia e alguns vieses criados seguem fortes e nós também temos a missão de desmistificar.”

De acordo com o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em dezembro de 2023 o Brasil tinha 134,3 mil refugiados registrados e 70,1 mil em processo de reconhecimento.

Com a escalada de conflitos mundo afora, em especial as tensões aqui na América Latina, esse movimento de refugiados tende a continuar. E em um mundo globalizado, cujas fronteiras terrenas são detalhes diante da conexão virtual, Bruna fez sua aposta.

A escolha pela tecnologia como foco veio amparada no que move a economia em todo canto do mundo (independentemente da língua falada): oferta e demanda.

Uma pesquisa da Endeavor, com dados da Brasscom, aponta que 530 mil vagas do setor tech não serão preenchidas até 2025 por ausência de profissionais no Brasil. “Podemos dizer que a Toti nasceu do olhar para essa possível conexão entre demanda de mercado e a oferta de emprego àqueles precisam, por algum motivo, sair do seu país de origem”, disse Bruna.

Startup carioca nasceu em 2016, como projeto universitário. Desde então, já impactou mais de 1 mil refugiados e imigrantes de 46 tipos de nacionalidades (Crédito:Divulgação)

CAMINHO

Quando iniciaram a jornada, há oito anos, a formação oferecida pela Toti era básica, em front-end, mas hoje, afirma Bruna, o portfólio de ensino inclui back-end, full stack, análise de dados, suporte técnico e python.

Os cursos, gratuitos, têm de 2 a 5 meses de duração e agora estão sujeitos a um processo seletivo que prioriza mulheres e pessoas negras com renda familiar abaixo de R$ 5 mil. Entre os critérios, ter mais de 18 anos, compreensão da língua portuguesa e disponibilidade. “Quando falamos de pessoas refugiadas, estamos falando de um grupo com muita interseccionalidade. Há mulheres, negros e PCDs”, disse ela.

Além dos cursos, a startup possui parcerias com organizações como Grupo Globo, Hospital Albert Einstein e Itaú. E assim já tem, em média, 75% de contratação ao fim dos cursos. Quando se trata dos próximos passos, a ideia é seguir dobrando o faturamento.

Além disso, tornar a Toti uma empresa global. “Em 2023, estivemos presentes em Harvard e no MIT, em eventos que nos mostraram que a Toti já nasceu internacionalizada pela causa que atua.”