ESG

ESG Pro Brasil, um olhar jovem para o impacto social

Incluídos na lista Forbes Under 30 2022, Mateus Ferrareto, 26 anos, e Bia Martins, 23, criam empresa para democratizar o conceito de ESG para pequenas e médias empresas e garantir volume de doações de R$ 50 milhões até dezembro

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Beatriz Martins e Mateus Ferrareto: primeiro produto será um selo para chancelar boas práticas (Crédito: Divulgação)

Por Sérgio Vieira

Foi há exatos 20 anos, em 2004, que o termo ESG surgiu pela primeira vez para definir ações ligadas às áreas ambiental, social e de governança. A citação ocorreu em uma publicação assinada pelo então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, intitulada Who Cares Wins. Naquele momento, Mateus Ferrareto tinha apenas seis anos, e Beatriz Martins, a Bia (como prefere ser chamada), três. Hoje a dupla tem absoluta noção do que significa a sigla e de como ela é fundamental para ditar as iniciativas das empresas e da sociedade em geral. Sobre como ela pode mudar vidas e contribuir para frear os impactos da devastação ambiental.

Os dois são fundadores, com mais três sócios, da recém-criada ESG Pro Brasil, empresa que começou a ser planejada em novembro do ano passado e que foi lançada oficialmente no dia 23 de janeiro, em São Paulo. Ferrareto e Bia se conheceram em 2022 e desde então têm feito ações conjuntas. Ele é formado em arquitetura e ela cursa administração de empresas na Link School of Business.

O objetivo principal é democratizar o conceito de ESG e deixá-lo acessível para pequenas e médias empresas. O primeiro produto será um selo para chancelar boas práticas. “Durante um ano, o empreendedor terá uma trilha de conhecimento gamificada, onde ele vai avançando em práticas e melhorias”, disse Ferrareto. A empresa também vai oferecer um trabalho de marketing social, além de fazer oferecer um clube de cashback.

O caráter social da empresa é um pilar importante da iniciativa dos dois. A meta é chegar a dezembro com volume de doações de R$ 50 milhões, parte do faturamento da ESG Pro Brasil, para entidades pequenas e médias espalhadas pelo Brasil. E atender as 17 metas globais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) estabelecidas pela ONU. “Muitas fazem um grande trabalho, mas têm dificuldade de estrutura. Queremos investir na capacitação desses líderes sociais e fomentar essa academia do terceiro setor”, disse Bia.

Bia realiza iniciativas sociais desde 2006 (abaixo) e ONG já impactou mais de 450 mil pessoas; empresa de Ferrareto tem parceria com Projeto Tamar e usa redes de pescas em seus produtos. (Crédito:Divulgação)
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Ela conta que sua visão social iniciou em 2006, com apenas seis anos, quando viu crianças como ela pedindo ajuda no semáforo. “Aquilo para mim foi um choque”, afirmou. Foi então que ela resolveu guardar as balas que recebia quando ia a restaurantes com seus pais. Em dezembro daquele ano, ela já tinha uma boa quantidade para doar. Dessa iniciativa simples surgiu a ação Olhar do Bem, que foi encampada pelo seu pai, Ricardo Martins. Naquele Natal, cerca de 600 pessoas foram ajudadas a partir da iniciativa.

Daí surgiu o Olhar de Bia, que passou a ser uma organização social de fato em 2014. E desde o início da ação, há 18 anos, 450 mil pessoas já foram impactadas, com ações solidárias, capacitação e conexão em rede com mais de 180 ONGs para compartilhar recursos e conhecimento. “A grande missão é acabar com a miséria através da educação”, afirmou Bia, fundadora e atual vice-presidente do Olhar de Bia. Hoje, a ONG é o braço social da organização G4 Educação.

Ferrareto decidiu empreender em 2020, quando criou a Eco Flame Garden, empresa que produz lareiras e mobiliários para área externa, com Rubens Stuque. “Eu fui estagiário de arquitetura do meu atual sócio, que fazia upgrades em casa de alto padrão. Aí a gente percebeu que poderia criar uma empresa para construir espaços com área de fogo. Lançamos a primeira lareira e crescemos muitos quando criamos a linha de pufes.”

A empresa de Ferrareto, então, começou a investir mais no conceito sustentável. “A gente se tornou carbon free e passou a realizar parcerias com o Olhar de Bia”, afirmou. “Lançamos linhas de produtos com o Projeto Tamar e usamos parte das redes de pesca retiradas dos oceanos como enchimento dos nossos materiais.”

LISTA

Em 2022, Ferrareto e Bia foram incluídos na lista Forbes Under 30 (ele no segmento arquitetura, design e urbanismo e ela no pilar terceiro setor e empreendedorismo social), o que amplificou o trabalho dos dois.

O fato de serem dois jovens à frente da empresa não é visto como um problema. Pelo contrário. Ainda assim, estão se cercando de pessoas mais experientes para o conselho consultivo da ESG Pro Brasil. Uma delas é Luciana Lancerotti, ex-CMO da Microsoft.

“Quando a gente fala em meta de redução de carbono para 2040, é algo muito longe. Não dá para falar só da geração dos nossos filhos. É importante fazer uma ação hoje”, disse Ferrareto. “E o volume de doações é para agora.” A pressa da juventude, nesse caso, é uma boa aliada.