Tecnologia

Conheça a B2Mamy, espaço de inovação que conecta mães ao ecossistema de tecnologia

Criada a partir de uma publicação no Facebook, em 2015, comunidade que conecta mães à liberdade financeira já capacitou 100 mil mulheres

Crédito: Divulgação

Em oito anos de história, a empresa captou R$ 600 milhões e está no meio de mais uma rodada (Crédito: Divulgação)

Por Victória Ribeiro

Quando ficou grávida do seu primeiro filho, em 2015, a empreendedora Dani Junco descobriu que a maternidade e a atuação corporativa dificilmente cabiam em uma mesma realidade. A partir da descoberta, Junco decidiu fazer uma publicação no Facebook compartilhando sua percepção e convidando outras mães para um café. “Está doendo pensar em como vou equilibrar a vida materna e a empresa. Dói em mais alguém? Vamos tomar um café?”.

Foi através desse encontro, com 80 participantes, que em junho de 2016 Junco decidiu que não iria escolher entre a profissão e a maternidade, mas vivenciar os dois, criando a B2Mamy, espaço de inovação e aceleração focado nas possibilidades de liderança e autonomia financeira de mulheres.

O negócio, criado inicialmente com o plano de conectar mães ao ecossistema de inovação e tecnologia, já capacitou, acelerou e desenvolveu mais de 100 mil. “Toda mulher passa por uma transição de carreira depois da maternidade. Isso não quer dizer que ela vai empreender, mas que as coisas não serão mais as mesmas”, afirmou Dani Junco à DINHEIRO.

Embora a agenda ESG tenha como uma das suas principais bandeiras a fomentação da diversidade e equidade de gênero, 88% das mulheres acreditam que a gravidez ainda é vista como empecilho pelas empresas na hora da contratação, segundo o estudo Mulheres no Trabalho, feito pela Opinion Box e Nielsen.

Lá em 2016, quando Junco apostou na ideia, o cenário era ainda pior. Não à toa que não demorou muito para que a B2Mamy se estabelecesse como a maior comunidade de mães do Brasil, sendo incubada pelo Google logo no início da sua operação.

Foi nessa época que a empreendedora decidiu criar um ambiente seguro de trabalho para mães e seus filhos, que se transformou na Casa B2Mamy, sede dos negócios até hoje. Localizado em Pinheiros, na capital paulista, o espaço é o primeiro hub de inovação family friendly brasileiro. E oferece suporte pedagógico especializado para as crianças enquanto as mães se conectam e estruturam suas startups.

Além de possibilitar uma rotina de trabalho próxima aos filhos, o apoio da B2Mamy acontece através de dois tipos de programas: start (mentorias com especialistas para estruturar ou inovar negócios) e pulse (aceleração de startups em fase operacional com faturamento de R$ 300 mil por ano e alto potencial de escalabilidade).

Hoje, a comunidade B2Mamy tem cerca de 400 startups aceleradas, mais de 22 que receberam investimento e mais de 4 mil horas de capacitação. “Depois que você cria uma pessoa para o mundo, lidar com o dia a dia de uma empresa ou com seu próprio negócio perde a complexidade”, afirmou Junco.

De acordo com ela, a monetização da empresa acontece através de planos de assinaturas mais avançados e por meio do modelo B2B2C, que une grandes marcas que desejam investir em impacto social ou precisam melhorar indicadores ESG à comunidade. “E assim já conseguimos colocar R$ 30 milhões na mão dessas mulheres, por meio da criação de startups, recolocação no mercado de trabalho e desenvolvimento de carreiras.”

Segundo Junco, um dos principais desafios da B2Mamy tem sido driblar o caráter assistencialista geralmente associado a empresas de impacto social (Crédito:Divulgação)

EXPANSÃO

Ainda para este ano, a B2Mamy deve abrir duas novas unidades de seu hub, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro. Graduada em farmácia, Junco também est á realizando um sonho: ampliar a atuação da B2Mamy para a área de saúde.

Para isso, a iniciativa fechou três parcerias:
• com a TotalPass (app corporativo do grupo SmartFit),
• com a StarBem (plataforma de atendimento on-line com psicólogos, nutricionistas e médicos de diversas especialidades),
• e com a Casa Irene (especialista em cuidado ginecológico e métodos contraceptivos).

“Estamos construindo um time de médicas e farmacêuticas olhando para toda a jornada de mulheres, da menarca à menopausa. Olhar para saúde também é uma forma de fazer os negócios fluírem.”

A B2Mamy saiu de um faturamento de R$ 900 mil em 2020 para R$ 3 milhões em 2021 e desde então cresce em torno de 12% ao ano. Apesar do crescimento, a empresa tem tentado driblar o seguinte problema: o caráter assistencialista que muitas empresas e investidores associam a negócios de impacto social. “Nossa empresa é rentável, cresce, contrata e vai alcançar mais duas capitais este ano. Ainda assim, a credibilidade parece distante às vezes”, disse Junco.

Segundo ela, o caminho tem sido adaptar as estratégias de branding e comunicação. “Hoje, a gente se posiciona como uma comunidade que conecta mulheres à liberdade financeira. Tivemos de deixar a definição socialtech para conseguir captar”, afirmou.

Em oito anos de história, a empresa captou R$ 600 milhões e está no meio de mais uma rodada. A expectativa é dobrar o faturamento até o final de 2024. E com trajetória alinhada à pesquisa, a CEO também quer criar um IDH próprio. “Já estamos fazendo métricas para mostrar que as mulheres, quando conectadas e com liberdade financeira, estão menos suscetíveis à violência”, disse a executiva.