Estilo

Irmãos na massa (no sushi, nos drinques…): conheça o sucesso do Grupo Locale

Dupla que fundou uma bem-sucedida rede de cafés e restaurantes em São Paulo anuncia expansão com uma nova casa para fãs da alta coquetelaria, a Exímia

Crédito: Tadeu Brunelli/TBFoto

Nicholas e Gabriel Fullen, donos do Grupo Locale: boas ideias na gastronomia paulistana (Crédito: Tadeu Brunelli/TBFoto)

Por Celso Masson

Os irmãos Gabriel e Nicholas Fullen entram no ramo de restaurantes pela porta do capital. Em 2014, junto a um grupo de sócios, investiram na abertura de um badalado bar no bairro paulistano do Itaim Bibi, o mesmo onde foram criados. Gabriel era executivo na BRMalls, vendendo espaços comerciais na empresa de administração de shopping centers. Nicholas acabara de sair da gigante de bebidas Diageo. Até então, ambos conheciam o mundo da gastronomia apenas de um lado do balcão: como clientes. Mas a necessidade de ter um sócio operador no bar em que haviam investido fez com que entrassem de cabeça no empreendimento. Passados menos de dez anos, eles são uma referência no setor, como únicos donos do Grupo Locale, formado por três unidades da marca Locale (Caffè, Trattoria e Ristorante), quatro unidades da rede especializada em culinária japonesa Oguru Sushi Bar, que se expandiu por meio das marcas Poke e Go By Oguru. E ainda vem muita coisa por aí.

(Divulgação)

Nas próximas semanas, os irmãos inauguram mais um empreendimento, também no Itaim-Bibi: o Exímia. Segundo Gabriel, será um bar dedicado à coquetelaria de alto padrão e, para isso, terá como sócio o premiado mixologista Márcio Silva, que já assina a carta do Locale Caffè — integrante da lista 50 Best Discovery, levantamento que inclui 16 casas brasileiras entre as melhores do mundo.

“Escolhemos o nome Exímia por termos a ambição de proporcionar a excelência na representatividade da coquetelaria brasileira, mas não de forma clichê ou folclórica”, disse Gabriel. “Queremos mostrar as influências que moldaram um estilo nacional de drinques, assim como fizemos com a gastronomia italiana no Locale e japonesa no Oguru.”

A participação de um sócio de fora da família é outra novidade no modelo de negócio, que até agora vem funcionando bem com os irmãos dividindo as tarefas. “O Márcio é uma referência, inclusive fora do Brasil”, disse Nicholas.

VOUCHERS

Desde que a dupla começou a empreender no ramo de restauração, poucas foram as experiências que não vingaram. E a mesma pandemia que os obrigou a fechar uma operação de frutos do mar após apenas dez meses de funcionamento, impôs uma solução de sucesso para outras casas que precisaram ficar temporariamente fechadas.

“Nós começamos a vender vouchers com 50% de desconto para que as pessoas usassem depois do período de quarentena”, afirmou Gabriel. “Vendemos quase 10 mil vouchers, algo próximo de R$ 1 milhão, em apenas quatro dias. Trocamos o pneu com o carro andando.”

Ainda na pandemia vieram outras soluções, como os cannoli (doces de origem italiana com massa recheada) e as bebidas prontas para viagem, caso do Aperol Spritz e do Negroni.

“Algumas pessoas queriam sair de casa, mas os bares estavam fechados. Elas pediam na janelinha de entrega do delivery e bebiam em um banco na calçada”, disse Nicholas. “Pegou muito bem e a gente ganhou um grande número de seguidores nas redes sociais.”

(Tadeu Brunelli/TBFoto)
(Tadeu Brunelli/TBFoto)

Negroni do Locale Caffè, jyo de atum e polvo do Oguro, e o ambiente da Trattoria. Fórmulas distintas para agradar e fidelizar a clientela (Crédito:@marinho11)

Com duas cabeças pensando de forma parecida, mas também complementar, os irmãos estão sempre buscando oportunidades, sejam imóveis que possam render bons pontos comerciais ou uma brecha no mercado para conseguir atrair clientes. Foi assim no caso do Oguro. “Há uma adesão muito grande do consumidor para comida japonesa na forma de rodízio, mas faltavam experiências mais descoladas, com um misto de lounge e lugar para beber bons drinques, como é um sushi bar”, disse Gabriel.

Embora utilizem o Fullen paterno, os irmãos descendem também de avós italianos (o sobrenome do meio é Splendore). Isso explica em parte o interesse pela gastronomia da Bota.

Quando decidiram montar a Trattoria, sabiam do risco que seria competir com outros restaurantes do mesmo bairro já consagrados (e são muitos). Mas o cuidado com os detalhes, desde a ambientação (que em nada lembra uma cantina) até o fato de operar com uma unidade da importadora de vinhos Grand Cru, da qual são franqueados, bastaram para garantir a clientela. Hoje são 15 mil clientes todo mês.

O sucesso das casas abertas pelos irmãos até agora só aumenta a expectativa em torno de como a próxima será recebida. “O foco do Exímia é a alta coquetelaria, mas nós não pretendemos fazer algo restritivo. Iremos trabalhar com os melhores ingredientes com preço justo”, disse Nicholas. Para Gabriel, o que importa é agradar o cliente. “Quando ele tem uma experiência bacana, vai falar bem, voltar e trazer novos clientes.”