BC está de olho na inflação de serviços
Por Edson Rossi
Roberto Campos Neto, presidente do BC, diz que a instituição está atenta à inflação de serviços. No acumulado em 12 meses até dezembro, ela estava em 6,22% (contra IPCA de 4,62%). Nos 12 meses até janeiro, os preços de serviços variaram 5,62% (contra IPCA acumulado de 4,51%). A diferença de 1,1 ponto não é um sinal vermelho, mas é vista no detalhe, ainda mais com indicadores de desemprego em queda. “A inflação de serviços tem rodado um pouco acima”, afirmou Campos na quarta-feira (21). “Ainda não temos componentes necessários para entender se essa última milha da convergência vai se dar de forma linear ou se haverá momentos de convergência mais lenta.” O comportamento dos preços nesse item será decisivo para definição da Selic este ano — o mercado estima que ela caia dos 11,25% atuais para 9% no fim do ano, com IPCA em 3,82%. O próximo encontro do Copom será dias 19 e 20 de março.
INTERNACIONAL
Alemanha : crescimento ainda menor
Ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck afirmou na quarta-feira (21) que o maior país europeu e terceira maior economia global vive um cenário de “mares revoltos”. Pelas novas projeções do governo, o PIB deverá variar 0,2% — contra 1,3% das previsões anteriores. “Estamos saindo da crise mais lentamente do que esperávamos”, disse Habeck ao apresentar o relatório. Os motivos para isso são, segundo ele, “um ambiente global instável e de baixo crescimento”, o que se transforma em imenso “desafio para uma nação exportadora como a Alemanha”. Pelo lado positivo, a inflação deverá desacelerar, de 5,9% (2023) para 2,8% (2024).
EX-PRESIDENTE DO BC
Morre Affonso Celso Pastore
Morreu na quarta-feira (21), aos 84 anos, o economista Affonso Celso Pastore. Ele havia passado por uma cirurgia vascular no sábado (17). Pastore foi presidente do Banco Central (BC) entre 1983 e 1985, sob o governo do militar João Baptista Figueiredo. Antes (de 1979 a 1983) havia sido secretário estadual da Fazenda em São Paulo, no governo de Paulo Maluf. Formado pela USP, chegou a dar aulas na universidade e também no Insper e na FGV. Foi assistente e discípulo de Delfim Netto, numa época em que o ex-superministro era nome mais aclamado entre os pares e, principalmente, pela imprensa. No fim de 2021, chegou a ser anunciado como um dos principais auxiliares econômicos na candidatura a presidente de Sergio Moro, projeto que terminou em março de 2022, quando o atual senador paranaense desistiu das eleições presidenciais.
US$ 313 TRILHÕES
Relatório divulgado na quarta-feira (21) pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostra que a dívida global no último trimestre de 2023 chegou a US$ 313 trilhões – cresceu US$ 15 trilhões apenas no ano passado e era de cerca de US$ 210 trilhões há uma década. O volume total representa três anos do PIB do planeta. Cerca de 55% do aumento teve origem em mercados maduros, principalmente Estados Unidos, França e Alemanha. Pelo lado dos emergentes e pobres, Índia, Argentina, China, Rússia, Malásia e África do Sul registraram os maiores aumentos proporcionais. O IIF também manifestou preocupação com as pressões inflacionárias, que podem levar a custos de financiamento mais elevados. “Os déficits dos governos ainda estão bem acima dos níveis pré-pandemia e uma aceleração dos conflitos regionais pode desencadear um aumento abrupto nas despesas com a defesa.”
“Nacionalistas ferozes fazem parte de um movimento global crescente ligados por uma ideologia comum. Algumas de suas estrelas incluem Donald Trump e Viktor Orban, Giorgia Meloni e Marine Le Pen e, escondidos, Benjamin Netanyahu e Geert Wilders. Partilham o desprezo pelas organizações multilaterais, pela migração e pelo pluralismo, especialmente o tipo multicultural.”
The Economist, fevereiro de 2024
GATO & RATO
Governo proíbe fundos de previdência a super-ricos
Na segunda-feira (19), o governo federal surpreendeu o mercado ao anunciar que vai proibir a criação de novos fundos de previdência exclusivos (com um ou poucos cotistas) com saldos acima de R$ 5 milhões. O caminho para estes fundos previdenciários era uma das alternativas aos chamados super-ricos para driblar a tributação de fundos exclusivos que passou a vigorar na virada do ano. A resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) precisará passar por regulamentação da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Estudos do governo mostram que fundos exclusivos de previdência já têm cerca de R$ 60 bilhões e os fundos exclusivos mais de R$ 800 bilhões.