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Dinheiro é o nome do jogo

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Celso Masson: "O Produto Interno Bruto nacional passou anos fadado à mediocridade, variando na faixa de 1%, sem quase alterações até o ano passado, quando finalmente cravou os 2,9%" (Crédito: Divulgação )

Por Celso Masson, Diretor de Núcleo

Para destravar problemas estruturais, desengavetar projetos e colocar o País de volta ao rumo de um crescimento constante e sustentável, não tem mesmo outro jeito: a fórmula está sustentada numa considerável soma de recursos. De onde ela pode vir para bancar a brincadeira, frente a um orçamento apertado, diante da demanda voraz de políticos por emendas quase nunca razoáveis e bem aplicadas e com as contas públicas em valores proibitivos é o problema. O que boa parte dos especialistas e institutos voltados para estudar a questão dizem é que a melhoria no ambiente de negócios pode ajudar bastante nesse sentido, não apenas ampliando, por consequência, a arrecadação, como também contribuindo diretamente com inversões privadas. Dito isso, feito o diagnóstico, a perspectiva parece melhor do que a inicialmente esperada. Após recuar em 2023, o investimento, segundo muitos apontam, têm grandes chances de voltar a avançar no Brasil ao longo deste exercício. No ano passado, a taxa de investimentos ficou em medíocres 16,5% do PIB. A Fundação Getulio Vargas vê com bons olhos o ambiente atual. Avalia que enquanto a formação bruta de capital fixo em 2023 recuou 3%, neste ano ela deve registrar algo em torno de 3,4% positivos, servindo de motor para outros resultados. Também aparece como fator favorável a razoável redução da taxa de juros, que ficou por bom tempo em patamares proibitivos, finalmente passando a descer. Atualmente, ele se encontra na casa dos 11% e analistas consultados pelo relatório Focus acreditam piamente que irá chegar, ao final do ano, abaixo de dois dígitos, em torno dos 9%. Seria uma mudança e tanto no cenário, propiciando maior tomada de créditos e, por tabela, mais aportes privados na economia, fazendo a roda de crescimento do mercado girar no sentido certo de avanço do PIB. Essas variáveis não estão ocorrendo ao acaso. Elas são fruto do que se pode classificar de uma política monetária correta e eficaz. Também contribui bastante a movimentação de linhas de financiamento dos organismos multilaterais. O BNDES tem tido um papel digno de nota nesse aspecto, desengavetando projetos e atendendo a diversos setores. Mesmo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), presidido pelo brasileiro Ilan Goldfajn, vem atuando no mesmo caminho. O BID acaba de anunciar investimentos da ordem de US$ 400 milhões na área de inovação e está redefinindo as estratégias de atuação para desembolsos mais agressivos até 2030. Seu foco estratégico, segundo Goldfajn, será o da redução da pobreza e desigualdade, além do enfrentamento das mudanças climáticas, estimulando o crescimento sustentável. São metas que, de uma forma ou de outra, trabalham no mesmo plano de melhoria do País. O Produto Interno Bruto nacional passou anos fadado à mediocridade, variando na faixa de 1%, sem quase alterações até o ano passado, quando finalmente cravou os 2,9%. Existe no momento um esforço concentrado, não apenas do governo como também da iniciativa privada que projeta novos tempos. A desidratação da indústria, por exemplo, cedeu lugar a uma mobilização de reconstrução e os índices da atividade também estão sinalizando a virada. A conjunção de fatores alvissareiros pressupõem o otimismo.