Dinheiro Rural

Bridgestone aposta na força do agro para combater concorrência

Fabricante japonesa de pneus busca driblar desafios setoriais de olho no crescimento do agro

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País representa 70% da receita da empresa na América do Sul, região que tem 5% do total (Crédito: Divulgação )

Por Angelo Verotti

Diversificação de portfólio e expansão de área de atuação têm sido estratégias adotadas por empresas não só para diversificar os negócios, mas para ampliar a receita. E a Bridgestone não quer andar em círculo. Por isso tem apostado na força do agronegócio brasileiro para ganhar mercado diante da forte concorrência dos produtos importados no segmento de pneus, principalmente de passeio e de carga. Uma medida que visa garantir as vendas e evitar nova onda de demissões de colaboradores: foram 400 no ano passado. “O Brasil é um país agricultor, é o celeiro do mundo”, afirmou à RURAL Vicente Marino, presidente da Bridgestone para a América do Sul. “E isso nós vemos pelo volume de produção, pela quantidade de terrenos cultivados e pela quantidade de áreas que ainda não estão sendo utilizadas para a agricultura.”

Segundo o executivo, a fabricante é reconhecida por fornecer os melhores pneus e soluções agrícolas do mercado brasileiro, por meio da linha Firestone. “Temos um portfólio completo de produtos para os diferentes maquinários e cultivos: soja, milho, trigo, algodão, arroz e silvicultura [florestal]”, disse Marino. “Oferecemos produtos para tratores e colheitadeiras, com participação significativa nas maiores montadoras de equipamentos agrícolas, entregando tecnologia e inovação e colaborando com o crescimento do setor.”

O portfólio de pneus inclui construções diagonal e radial, o que amplia as opções oferecidas aos produtores rurais, conforme suas necessidades específicas. São mais de 200 produtos. “O pneu Radial é ideal para tratores e colheitadeiras em operações de alta e altíssima potência.”

A operação da empresa no setor não se restringe às demandas de maquinário agrícola, mas a toda uma gama de aplicações comerciais, como o transporte pesado e a reposição de pneus para frotas de caminhões.

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“O Brasil é o celeiro do mundo. E isso nós vemos pelo volume de produção.”
Vicente Marino, presidente da Bridgestone América Sul

• Os pneus agrícolas são fabricados na planta da empresa em Santo André, de onde sai todo o portfólio comercial, o que inclui caminhões e caminhonetes.

• Já os produtos para veículos de passeio são produzidos no polo de Camaçari, na Bahia – a Bridgestone possui ainda duas unidades de banda de rodagem, em Campinas e Mafra (SC), além de um campo de provas em São Pedro (SP).

• Os itens são comercializados “do Oiapoque ao Chuí”, além de a marca ter cinco grandes centros de distribuição para revendas multimarcas, em Pernambuco, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo.

“E para garantir a agilidade no abastecimento da rede oficial de revendedores, temos o centro de distribuição Ecopia, em Mauá.”

BALANÇO

Apesar da aposta no segmento, a Bridgestone mantém a cautela.

No ano passado, o setor de pneumáticos teve impactos negativos devido às mudanças climáticas e ao aumento da entrada de produtos importados da Ásia, somados à queda nas vendas de equipamentos agrícolas e quebra da safra. As vendas de pneus para o setor recuaram 21,5% na comparação a 2022, com quedas significativas tanto no mercado para montadoras quanto para reposição, de 28,3% e 15,2%, respectivamente.

Na comparação com o ano de 2021, a queda acumulada é de 31,3%, em que 41,2% se deram nas vendas de pneus para montadoras e 20,6% nas vendas para reposição.

O Brasil representa 70% do faturamento da Bridgestone na América do Sul, região responsável por 5% da receita global que, em 2022, chegou a US$ 27 bilhões – no ano passado foram US$ 28,5 bilhões, mas o porcentual referente à região não foi divulgada.

Mas a concorrência dos importados, que já dividem a preferência do consumidor com as multinacionais que produzem no País, preocupa. Historicamente, o mercado pneumático mantinha de 75% a 80% de produção nacional e uns 20% a 25% de importados. Mas esse balanço hoje está quase em 50% e 50%. Um desafio gigante proporcional ao de um setor que ainda tem muito a se desenvolver no Brasil.