Dinheiro Rural

Levitare, a líder em laticínios de búfalas

Com 40 mil litros de leite processados diariamente, empresa criada no Vale do Ribeira responde por 25% da produção paulista – e prevê crescimento expressivo para 2024

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Por Celso Masson

Fundador e CEO da Levitare, o descendente de libaneses Jorge Nakid se tornou criador de búfalos devido a um programa de incentivo lançado décadas atrás pelo governo paulista. Antes de ser empresário, ele queria ser jogador de futebol. Como a carreira profissional não decolou, decidiu trabalhar na propriedade rural da família. “Nós morávamos na fazenda e comprávamos leite de caixinha. Um absurdo. Até que um vizinho deixou umas dez vaquinhas no nosso pasto”, disse Nakid. Com aquele pequeno rebanho, que produzia até 100 litros de leite por dia, ele e os pais passaram a fazer queijos, primeiro frescal e depois gouda, que vendiam em feiras na região. “Era um negócio artesanal, bem pequeno”, afirmou.

A mudança para o rebanho bufalino ocorreu quando a Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo iniciou um trabalho para disseminar a criação desses animais no Vale do Ribeira. “Eles forneciam dez búfalas e um macho. Depois de sete anos, nós tínhamos de devolver 14. Fiz a inscrição no programa e começamos a usar o leite de búfala para produzir queijo”, disse Nakid. O produto chamou a atenção de uma pizzaria na cidade de Santos, que encomendou 80 quilos de muçarela por semana. “Era toda a nossa produção, então decidimos aumentá-la, comprando leite dos nossos vizinhos”. Hoje, a Levitare atua em colaboração com cerca de 300 fornecedores, que fornecem a maior parte dos 40 mil litros de leite de búfafa processados diariamente no laticínio. “A partir de 2004, quando obtivemos o selo de inspeção federal (SIF), passamos a desenvolver novos produtos, como requeijão e Minas padrão.”

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São Paulo ainda responde por 60% das vendas e há muitas regiões que não têm por hábito consumir derivados do leite de búfula

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Menos Lactose

O crescimento progressivo da Levitare acompanhou o despertar do mercado consumidor para uma dieta mais saudável, além de atender a demanda por pessoas intolerantes à lactose. Comparado com o de vaca, o leite de búfala é menos alérgico e oferece outros benefícios à saúde humana devido à presença de imunoglobulinas, lisozimas e lactoperoxidases – elementos fundamentais para a defesa contra antígenos e bactérias, além de possuírem função digestiva. Com elevados teores de magnésio, cálcio e fósforo, ele também contribui para a saúde óssea, nervosa e muscular. No caso dos produtos com a marca Levitare, a menor presença de sódio, potássio e cloro na composição reforça o apelo para quem busca uma dieta equilibrada e saudável. Assim como o sabor, essas características ajudaram a ampliar o hábito de consumo, e a Levitare passou a fornecer não apenas para restaurantes e pequenos mercados como também para grandes redes.

“Esperamos crescimento expressivo, consolidando nossa posição de destaque no mercado” Jorge Nakid Fundador e CEO da levitare

Conforme a empresa crescia, porém, uma escolha precisou ser feita: dedicar mais atenção ao rebanho ou às vendas? A primeira decisão de Nakid foi abandonar a criação de animais, concentrando-se no laticínio e na distribuição dos produtos. “Há cinco anos, porém, adquirimos outra propriedade para trabalhar com a melhoria genética dos animais”, afirmou. A ideia é aumentar a produtividade, que no caso da búfala é muito baixa. Na visão de Nakid, sua empresa não oferece apenas produtos, mas sim uma experiência única que harmoniza sabor excepcional e compromisso com a saúde. Em 2023, a Levitare cresceu 23% comparado a 2022.

Para este ano, a expectativa está acima de 23%, enquanto a previsão de alta do PIB é de 2%. “Esperamos um crescimento bem expressivo, consolidando nossa posição de destaque no mercado de derivados do leite de búfala”, disse o CEO da Levitare. Hoje, São Paulo responde por cerca de 60% das vendas da empresa. “Há muitas regiões do País que ainda não têm tanta cultura de consumir laticínios de búfala. Mas quando o pessoal experimenta, acaba gostando. O potencial de crescimento ainda é muito grande.”