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A trajetória sem parada da Vamos

Empresa do Grupo Simpar que promove compra, venda e aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos atinge resultados recordes e prevê mais crescimento sem descartar novas aquisições

Crédito: Divulgação

Vamos: o negócio de compra, venda, troca e aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos deve crescer 50% este ano, segundo o CEO (Crédito: Divulgação)

Por Angelo Verotti

Vamos. Imperativo do verbo ir, que tem entre seus significados evoluir, progredir. E pode-se dizer que os termos retratam com fidelidade os resultados obtidos nos últimos quatros anos pela Vamos, empresa de compra, venda, troca e aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos novos e seminovos. A receita líquida saltou de R$ 1,2 bilhão em 2019, antes da pandemia, para R$ 4,9 bilhões no ano passado enquanto o lucro líquido subiu de R$ 141,8 milhões para R$ 668,6 milhões no período. “Pelo que já temos contratado para 2023 o incremento nos negócios deve chegar a pelo menos 50% até o final do ano”, afirmou à DINHEIRO Gustavo Couto, CEO da Vamos.

A Vamos é uma das companhias sob o guarda-chuva da Simpar, holding que comanda outras seis empresas no Brasil, entre elas a Movida Aluguel de Carros e a JSL, de Logística.

O grupo acusou receita bruta de R$ 26,8 bilhões em 2022, com projeção de alcançar R$ 35 bilhões em 2024.

No caso da Vamos, os números registrados no ano passado foram provenientes das concessionárias Volkswagen, Valtra e Fendt; aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos, além de customização.

Em 2023, o negócio de venda de veículos representou 56% do total. Já locação respondeu por 39% e, customização, pelo restante.

Aquisições

Os bons números seguiram no primeiro trimestre deste ano. A receita líquida chegou a R$ 1,6 bilhão, 78% maior que nos três primeiros meses de 2022, e o lucro líquido a R$ 169,1 milhões, 38,8% superior.

Além do crescimento orgânico registrado desde a chegada do executivo ao cargo, em 2019, as aquisições fizeram parte da rotina da Vamos.

Neste ano, foram duas, em abril. Por R$ 331 milhões, a empresa comprou a Tietê Veículos e somou mais três lojas à sua rede de concessionárias. E, por R$ 93 milhões, adquiriu a DHL Distribuidora de Peças e Serviços, rede de concessionárias de tratores e equipamentos agrícolas Valtra.

As duas aquisições somam-se a outras quatro já realizadas desde o IPO da Vamos, em 2021, e dão suporte ao crescimento inorgânico.

Desde então, a empresa também já realizou dois follow-on e levantou no total mais de R$ 2 bilhões que têm sido utilizados em grande parte na compra de caminhões e de maquinário.

A companhia possui atualmente 45 mil ativos e pretende mais que dobrar de tamanho até 2025 – o objetivo é chegar a 100 mil, como afirmou Couto. “Faz parte da nossa estratégia o crescimento orgânico, mas também estamos atentos às oportunidades para crescer inorganicamente.”

Na visão do engenheiro, a Vamos desenvolve um ecossistema único, não encontrado no Brasil.

“A redução de custo com a locação chega a 30% no final do dia, além do aumento de eficiência e de produtividade.”
Gustavo Couto, CEO da Vamos

Os bons resultados são consequência também da mudança de cultura do brasileiro, que adoto o aluguel de carros leves “há uns 15, 20 anos”, movimento que vem acontecendo no segmento de caminhões e máquinas pesadas.

“Nos Estados Unidos 25% da frota de caminhões é alugada. No Brasil esse índice é de 1%.”

Gustavo Couto, CEO da VAMOS: “Pelo que já temos contratado para 2023 o incremento nos negócios deve chegar a pelo menos 50% até o final do ano” (Crédito:Divulgação)

O ramo de empilhadeiras é um dos mais maduros em termos de locação. Em 2022, 32 mil unidades foram vendidas no Brasil, de acordo com o CEO, sendo metade para locação, metade para uso próprio.

A empresa tem 5,3 mil unidades alugadas, sendo 3,3 mil elétricas, que consumiram investimento de R$ 561 milhões desde 2020.

“A grande questão ainda é os clientes se convencerem que a locação é melhor.”
Gustavo Couto, CEO da Vamos

Como forma de garantir a qualidade dos produtos disponíveis para locação 80% do portfólio é renovado ou vendido com cinco anos de idade.

A Vamos também promove a revenda de seminovos. Apesar de o mercado de pesados zero-quilômetro ter caído de 170 mil unidades para 50 mil durante a última década, o segmento de usados se mostrou resiliente, porque a “frota brasileira é muito antiga”, disse Couto.

“Quem tem condições para comprar um caminhão novo, compra, mesmo na recessão. Mas o mercado de seminovos acaba suprindo um pouco essa falta de caminhão novo no mercado.”

Concessionárias de marcas como Fendt, Valtra e Volkswagen fazem parte do portfólio da Vamos pelo Brasil (Crédito:Divulgação)

A exemplo do que aconteceu no ramo de automóveis, o preço dos caminhões usados tem acompanhado o dos novos.

Pesquisa realizada pelo executivo em relação aos dez modelos mais vendidos do País mostra que o preço subiu mais de 100% nos últimos seis anos.

A situação beneficia a Vamos, que revela lucro de inventário. A empresa tem R$ 9 bilhões no balanço em caminhões que valem R$ 12,5 bilhões. “Tenho R$ 3,5 bilhões de lucro para os próximos cinco anos só em razão dessa valorização dos ativos.”

Apesar da cômoda condição, o incremento no preço dos modelos preocupa o CEO. “Espero que não suba mais porque no final do dia costumo dizer que o frete precisa pagar a conta. Tem um limite que o frete não comporta mais”, disse.

Segundo ele, o preço do caminhão muito alto, aliado a juros muito altos, forma uma combinação perversa para o cliente. “E, naturalmente, esse cliente pode começar a segurar investimento, a prorrogar decisões”.

Independentemente da situação, a Vamos mostra que está preparada para continuar seguindo. E sempre atrás de novos recordes.