Centenária Atlas Schindler aposta no elevador do futuro
No Brasil desde 1918, divisão da empresa suíça investe em novas tecnologias — até mesmo robôs — para continuar subindo em um setor que não para de crescer
Por Letícia Franco
Se depender da Atlas Schindler, divisão brasileira da gigante suíça de elevadores Schindler, os botões manuais dos elevadores e a espera interminável pela sua chegada em determinado andar serão coisas do passado. Líder no segmento de transporte vertical no Brasil, a empresa investe em novas tecnologias para a construção do elevador do futuro. A mais recente inovação é o chamado Schindler RISE, um robô que automatiza a instalação do equipamento, independente da ação humana e tem como objetivo acelerar e baratear a primeira fase de instalação.
• No mundo, a receita de 2023 foi de 11,5 bilhões de francos suíços, equivalentes a R$ 63,8 bilhões, sendo 30% provenientes das Américas.
• O montante é 1,3% superior ao do ano anterior.
• O lucro operacional atingiu 1,2 bilhão de francos suíços (R$ 6,6 bilhões), 31,4% a mais do que o registrado em 2022.
Segundo Flavio Silva, presidente do Grupo Schindler na América Latina, o Brasil representa uma parte expressiva da operação na região. “O País comercializa as principais soluções oferecidas em outros mercados, como Alemanha, Estados Unidos e Suíça”, disse à DINHEIRO.
Uma dessas soluções é, justamente, o sistema robótico, que chegou ao mercado nacional no final de 2023, instalado no edifício JK Square, em São Paulo. Silva afirmou que a tecnologia é capaz de reduzir o tempo da primeira etapa de instalação em até 65%.
A construção de um elevador moderno e preparado para o futuro exige a combinação de outras ferramentas. Para isso, a empresa aposta na transformação digital em todas as frentes de atuação: novas instalações, serviços de manutenção e reparo e modernização.
No caso da manutenção, um dos principais custos fixos de uma administradora, a companhia investiu no Schindler Ahead, uma tecnologia que permite o monitoramento remoto de elevadores, escadas e esteiras rolantes. “A manutenção passa de analógica para digital, sem a necessidade de enviar um técnico até o local. Tudo isso através da conexão dos produtos com a internet e a coleta de dados”, afirmou o executivo.
Deixando para trás a ideia de um elevador tradicional, a empresa também tem um sistema de gestão de acesso, que não só atende às chamadas como reconhece e se comunica com o passageiro, sugerindo o caminho mais inteligente até o destino. Tudo isso por meio de um terminal com tela touch e sensor de presença. “O Schindler Port foi feito para otimizar o fluxo de trânsito de um edifício, ao mesmo tempo que oferece um atendimento personalizado e controle de acesso”, disse Silva.
SETOR EM ALTA
A estratégia de trazer novas tecnologias para o segmento no Brasil acompanha a tendência do mercado local. Com a taxa Selic em 10,75% e a projeção de chegar a 9% até o final deste ano, o setor imobiliário tende a crescer. “Estamos atentos aos rumos da política e da economia, que são positivos, podendo impulsionar os financiamentos de longo prazo e abrir novas oportunidades para o nosso negócio e o desenvolvimento do mercado”, afirmou o presidente.
No último ano, as vendas de novos imóveis registraram crescimento de 32,6%, de acordo com o indicador Abrainc-Fipe. Foram comercializadas mais de 163 mil unidades no período, marcando o maior volume de vendas desde o início da série histórica há 10 anos.
Para 2024, Luiz França, presidente da entidade setorial, disse que espera a continuidade do bom desempenho. “Com a atual tendência de queda da taxa de juros, é esperado um aumento nas vendas deste ano, tornando a compra de imóveis ainda mais atrativa”, afirmou.
Se todo o mercado cresce, a comercialização de elevador também, sendo um dos equipamentos mais usados dentro de um empreendimento durante toda a vida do imóvel.
Relatório da Research And Markets apontou que o mercado brasileiro de elevadores e escadas rolantes deve crescer cerca de 6% até 2028. Impulsionado também por obras de infraestrutura e mobilidade urbana.
Diante desse contexto, a centenária Atlas Schindler, que já comercializou 249 mil equipamentos, concentra em Londrina (PR) um dos principais polos exportadores do grupo. Segundo Flavio Silva, a fábrica também passa por avanços tecnológicos para atender a demanda permanente do setor.
Fato é que, se aliada à implementação de novas soluções, essa combinação pode contribuir para que a empresa siga apertando o botão para o andar de cima no mercado brasileiro.