Conheça a escola de líderes da gigante J&F, dona da JBS
Grupo investe R$ 521 milhões em programa educacional para garantir a formação a estudantes do 6º ano até o ensino médio. Próxima meta é abrir ensino superior
Por Sérgio Vieira
Não é apenas pelo nome que o jovem Kebhec Souza chama a atenção em sua trajetória. Com apenas 17 anos, ele lidera a operação de uma loja da Swift na Zona Oeste de São Paulo. É um dos 27 gerentes das unidades que integram o programa Lojas Educadoras. A iniciativa é uma das verticais de atuação do Instituto J&F, braço educacional da gigante global, dona da JBS.
Desde que o modelo foi implementado, em 2009, a companhia já investiu R$ 521 milhões no futuro de adolescentes. Somente no ano passado foram aportados R$ 111 milhões. “É um desenvolvimento totalmente diferenciado para esses jovens. Não conheço uma empresa que faça esse trabalho de educar pessoas para serem líderes e tocadores de negócios”, disse à DINHEIRO o espanhol Vicente Trius, CEO global da Swift. Segundo o executivo, até o fim de 2025 serão 60 lojas da marca envolvidas no modelo educacional, gerenciadas por alunos do instituto.
O centro de educação de negócios da J&F é formado por quatro escolas, que funcionam em São Paulo:
• Germinare Business (voltada a alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio, garantindo educação básica e ensino profissionalizante);
• Germinare Tech (escola de desenvolvedores de sistemas);
• Germinare Vet (voltada a alunos do ensino médio na área de produção);
• Germinare Família (programa de práticas reflexivas envolvendo os familiares dos estudantes). O instituto já estuda a implementação do ensino superior.
E é no modelo business, por meio de aulas ligadas às práticas de varejo, que eles chegam ao programa Lojas Educadoras. Cuidam de absolutamente tudo. As constantes avaliações dos resultados das lojas gerenciadas pelos estudantes têm a participação de Wesley e Joesley Batista, fundadores da companhia.
Possuem, em sua maioria, performance superior às demais unidades da Swift no Brasil. Hoje a marca conta com 240 unidades. “Com atitude de dono, depois de um período de treinamento e de formação de capacidade, eles têm a oportunidade de liderar as lojas com autonomia e flexibilidade”, afirmou Trius. “É possível formar jovens para lidar com os negócios.”
Kebhec Souza está na loja Villa Lobos há um ano e três meses, e hoje comanda 12 funcionários da Swift. “Assumi a loja com 16 anos e tem sido uma ótima experiência. Tenho um time para liderar, processos internos para responder e resultados para alavancar”, disse. “Amadureci muito desde que cheguei. E a evolução da equipe foi enorme nesse período.”
Para Cesar Farina, vendedor de 44 anos, ter um chefe jovem é um fator positivo. “O trabalho do Kebhec é muito eficiente. O fato de ser novo é bom, já que ele traz muitas ideias e engaja os funcionários.”
Brenda Coicev, de 17 anos, também é uma das gerentes da Swift e trilha o mesmo caminho que o colega de turma. Ela é aluna do Germinare Business desde o 6º ano. “Fui gerente por um ano em outra unidade na Zona Sul e agora vim para a Zona Oeste. Tenho 10 pessoas na minha hierarquia e entendo que tenho crescido muito nesse período.”
”Não conheço uma empresa que faça esse trabalho de educar pessoas para serem tocadores de negócios. Tenho orgulho do projeto.”
Vicente Trius, CEO global da Swift
Mesmo após se formarem no Germinare, os jovens podem seguir na companhia e permanecer no comando das lojas ou seguir para outros desafios na empresa, como por exemplo ser gerente distrital, e se tornar responsável pelo controle de um número determinado de unidades.
É a oportunidade de meninos e meninas entenderem também o tamanho da responsabilidade das atividades que estão exercendo. Nos últimos três anos, 84% dos alunos formados estão no mercado de trabalho com carteira assinada, e 81% tiveram crescimento na renda familiar.
• O centro de educação do Instituto J&F já garantiu a formação de 197 alunos nas turmas formadas.
• Atualmente são 1.067 estudantes ativos.
• Toda a trilha educacional é gratuita.
• Na estratificação, 31,5% são pardos, negros e amarelos; 38% são oriundos de escola pública e 48,5% são do sexo feminino.
Para Vicente Trius, não é nada impossível que um desses jovens possa no futuro sentar, inclusive, na cadeira que ele ocupa na corporação. “Deveria ser assim. Com toda a formação que eles têm, a chance é grande. Tenho muito orgulho desse projeto. É uma vantagem competitiva.” A oportunidade de crescimento está posta.