Valmet: finlandesa de filtros se prepara para expansão industrial brasileira
Empresa finlandesa de telas e válvulas investe em novas plantas e aquisições no Brasil para atender indústrias de celulose, papel e energia. Faturamento global é de 5,5 bilhões de euros
Por Beto Silva
Finlândia é um país bem peculiar no norte europeu. Tem 340 mil quilômetros quadrados, do tamanho do Estado de Goiás. São 5,5 milhões de habitantes, metade da população que vive da cidade de São Paulo. Apresenta temperaturas de frio extremo, chegando a -30ºC. O PIB é de US$ 300 bilhões, o 14º per capita do mundo. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é o oitavo melhor do planeta. Tem baixos índices de desigualdade, é líder em inovação e pioneiro na concessão de direitos políticos às mulheres. São algumas referências conhecidas desse país, que é pouco conhecido dos brasileiros. Mas temos boas relação com os finlandeses. Trocas de experiências na área educacional, acordo bilateral sobre serviços aéreos e cooperação de ciência e tecnologia. No campo comercial, vendemos cobre, níquel e café; compramos fertilizantes, caldeiras a vapor e maquinário de papel e celulose. Esse último setor tem avançado no Brasil justamente com atuação de uma empresa da Finlândia, que tem 220 anos de história (isso mesmo, dois séculos e duas décadas!), 64 deles com operação em solo brasileiro.
A Valmet é líder mundial no desenvolvimento, fornecimento de tecnologias de processo, automação e serviços para as indústrias de celulose, papel e energia. Em produtos, estamos falando de filtros e válvulas. E tem investido forte no País. A companhia, listada na Nasdaq Helsinki, com faturamento global de 5,5 bilhões de euros, tem planos e ambição em território brasileiro.
Na América do Sul, a Valmet registrou € 503 milhões em pedidos, um aumento de 42% em relação a 2022. As vendas líquidas alcançaram € 585 milhões. Atualmente, emprega na América do Sul 1.164 colaboradores (são 19 mil no mundo), representando um crescimento de 40% em comparação ao ano anterior.
A maior operação, obviamente, é no Brasil, onde atende uma base de indústrias que demanda sistemas de automação e soluções em válvulas de controle de fluxo. Em sua carteira estão clientes como Klabin, Suzano, LD Celulose e CMPC Brasil.
“A maioria das empresas desse setor possuem projetos de expansão. E nós da Valmet avançamos junto com nossas soluções”, afirmou à DINHEIRO Felipe Floriani, diretor de serviços da Valmet na América do Sul. O executivo pontuou as unidades da companhia em Araucária (PR), Sorocaba (SP), Belo Horizonte (MG), Imperatriz (MA), Joinville (SC), Guarulhos (SP), além de Antofagasta, Santiago e Concepción, no Chile.
Está em curso um plano de investimento para ampliar essa estrutura. Recentemente, a companhia anunciou 10 milhões de euros para a construção de uma nova planta industrial em na capital mineira, que passará a ter 12 mil metros quadrados, o triplo do tamanho atual.
O foco é a produção de tecidos filtrantes de alto desempenho, para atender indústrias de mineração, química, celulose, papel, cervejaria e lavanderia na América do Sul. O quadro de funcionários será aumentado de 100 colaboradores para 260 progressivamente. As obras começam nas próximas semanas e têm previsão de serem concluídas em 2025. Fazem parte de um planejamento de longo prazo da empresa, até 2030. “A expectativa é de avançar 20% ano em faturamento nos próximos cinco anos”, disse Floriani.
Outro investimento feito ano passado foi em uma nova unidade industrial em Sorocaba, no interior paulista. Com R$ 33 milhões, construiu um Centro de Serviços de Manutenção de Rolos na zona industrial da cidade.
Com uma capacidade de carga de 120 toneladas, atende a base instalada do Brasil e América Latina para serviços de manutenção e retífica de rolos de máquinas de fabricação de papel, cartão e tissue (um tipo específico de papel), além de máquinas secadoras de celulose.
Além desses avanços, a Valmet deu um grande passo para desenvolver seus negócios no Brasil com a aquisição da área de negócios de tissue da empresa Körber, que tem soluções inovadoras para a conversão de bobinas jumbo em produtos finais.
A transação foi de 380 milhões de euros. Com o movimento, a empresa finlandesa estima mais vendas e redução de custos em cerca de 8 milhões de euros até o final de 2026.
Com tudo isso, a Valmet filtra seus resultados no País e o brasileiro conhece um pouco mais sobre a Finlândia.