Laboratórios Sabin: expansão acelerada, sem perder o foco em ESG
Liderada por mulheres, rede de medicina diagnóstica Sabin completa 40 anos, consolida-se como uma das gigantes do setor e quer aumentar em 12% a receita de R$ 1,6 bilhão
Por Allan Ravagnani
Brasília era pulsante e repleta de oportunidades em 1984. Ao largo da distopia prevista pelo escritor inglês George Orwell em seu romance que leva no título os números daquele ano, as bandas de rock insufladas pela rebeldia juvenil ditavam o ritmo, enquanto a redemocratização do País era uma questão de tempo. Naquela mesma cidade e naquela época, as jovens Janete Vaz e Sandra Costa tiravam do papel o sonho de criar o laboratório Sabin. Em 2024, ao completar 40 anos, é a terceira maior rede de laboratórios do País, com 350 unidades e faturamento anual de R$ 1,6 bilhão.
Não dá para falar do sucesso sem falar da motivação. Janete e Sandra encontraram na ciência a inspiração para nomear a nova empresa. Em uma época em que o Brasil redobrava seus esforços na campanha de vacinação contra a poliomielite — doença que havia assolado gerações nas décadas anteriores —, elas escolheram homenagear uma figura emblemática no combate à enfermidade. Albert Sabin, médico e pesquisador polonês, descobridor da vacina oral que não apenas revolucionou a imunização contra a pólio mas também contribuiu decisivamente para sua erradicação no País anos mais tarde.
Mantendo-se como uma empresa de capital fechado, o Sabin preserva suas fundadoras ativas no conselho, enquanto a presidência é exercida há mais de uma década por Lídia Abdalla, que ingressou há 25 anos e foi a arquiteta do mais significativo período de expansão na história do grupo.
Durante sua gestão, Abdalla supervisionou uma expansão sem precedentes, triplicou o tamanho da organização e consolidou a reputação da empresa em práticas de sustentabilidade empresarial (ESG). Atualmente, o Sabin não opera somente uma rede de laboratórios, mas um ecossistema de saúde abrangente, que inclui empresas como Amparo Saúde, Rita Saúde, além do Instituto Sabin e a Skyhub.
Em conversa com a DINHEIRO, a CEO discorreu sobre os planos de expansão, a consolidação da marca, os desafios e vantagens de estar uma empresa liderada por mulheres. “O espírito feminino é intrínseco ao Sabin, trazendo coragem, ousadia, resiliência e prudência que ajudam a superar os desafios”, afirmou.
O grupo não se destaca somente por sua gestão feminina — 77% dos seus 7 mi funcionários são mulheres, com 74% dos cargos de liderança ocupados por elas — mas também pelo audacioso plano de crescimento.
• Em uma década, saltou de 123 para 350 unidades,
• seu quadro de funcionários saiu de 2.228 para 7 mil,
• e o faturamento mais do que quadruplicou.
Olhando para o futuro, Abdalla projeta alta de 12% na receita em 2024 e a abertura de 15 novas unidades até 2025. “Não se trata apenas de crescer abrindo novas unidades, mas de expandir e integrar, aprimorar serviços como coleta móvel e o atendimento digital para atender mais rapidamente um maior número de pessoas, reduzindo deslocamentos e economizando tempo do usuário”, afirmou.
A estratégia do grupo para 2024 é avançar na expansão a partir das cidades onde já está presente, mantendo sua cultura organizacional e o enfoque humanizado. Nesse sentido, as pautas ESG são parte do DNA do grupo.
Na frente ambiental, tem implementado políticas rigorosas para gerenciar o uso da água, a geração de efluentes, e a emissão de gases de efeito estufa.
• A companhia já utiliza 45% de sua energia elétrica proveniente de fontes renováveis.
• A projeção é ampliar esse uso em mais 10% em 2024.
• A empresa reutiliza anualmente 2,6 milhões de litros de água tratada e pretende avançar em mais 10% neste ano, assim como na reciclagem de resíduos.
350 unidades tem a rede de laboratórios. Criada em brasília, é a terceira maior do Brasil
Além disso, o compromisso com a redução da pegada de carbono é evidenciado pelo terceiro ano consecutivo de neutralização certificada das emissões de gases de efeito estufa. O Instituto Sabin, peça-chave na estratégia de impacto social do grupo, direciona esforços e recursos para melhorar a qualidade de vida nas comunidades onde o grupo atua. Em 2023, impactou diretamente 262.133 pessoas, beneficiando 381 organizações civis com um investimento de R$ 6,5 milhões.
Quanto às aquisições, Abdalla afirmou que a empresa está atenta ao mercado e às oportunidades que podem surgir. “Para este ano, talvez não haja movimentos devido ao timing e às ofertas atuais, mas 2025 pode trazer novas possibilidades, dependendo das dinâmicas do mercado e das oportunidades emergentes”, concluiu.