Tecnologia

AOC e Philips miram na geração Z para crescer em mercados saturados

Marcas do Grupo TPV, que faturou US$ 13 bilhões em 2023, investem em novas tecnologias para atrair jovens brasileiros. Crescimento previsto é de 5% nas vendas locais

Crédito: Divulgação

Gigante chinesa TPV: estratégia para falar com 20% da população (Crédito: Divulgação )

Por Letícia Franco

Há quase 30 anos no Brasil, o conglomerado chinês TPV atua no mercado nacional de televisores, monitores e produtos de áudio com a marca própria AOC e como fabricante de equipamentos Philips. Por aqui, o gigante, que registrou faturamento global de US$ 13 bilhões em 2023, quer se conectar com as novas gerações de consumidores para se manter relevante num mercado competitivo. Para entrar na mesma sintonia dos jovens, a estratégia é clara:
oferecer um setup gamer completo com a AOC e disparar na liderança do setor,
com a Philips, atualizar tecnologias de TVs e investir em produtos de áudio.

Com isso, a TPV, que tem o País como seu segundo maior mercado, atrás apenas da China, prevê aumentar o volume de vendas locais em 5% neste ano — os valores absolutos de receita no Brasil não são revelados.

Segundo Eduardo Brunoro, CSO (diretor de vendas) da TPV no Brasil, as estratégias fazem parte da ambição de se destacar no universo dos eletroeletrônicos diante de grandes concorrentes, como a Samsung, líder do comércio de TVs, segundo a consultoria GfK.

Hoje, a Philips está na quarta posição em vendas de televisores no País, um mercado que movimenta mais de 10 milhões de unidades anualmente. “A Philips manteve a mesma posição nos últimos quatro anos. Isso é bom, mas para crescer precisamos chegar no novo consumidor, que não conhece a marca como os antigos”, afirmou Brunoro à DINHEIRO.

No mercado de televisores, os aparelhos de 70, 75, 77 e 85 polegadas caíram no gosto do cliente. E, seguindo essa tendência, a Philips vai lançar modelos de 75 a 90 polegadas neste ano. A grande aposta é a série de televisores Ambilight, caracterizados pelas luzes que irradiam na parte traseira para criar uma experiência mais imersiva. O modelo apresenta um novo processador, telas OLED, Mini LED e outras inovações. O segmento de áudio também brilha os olhos da marca, especialmente a linha Party Speakers [caixas de som] e os fones de ouvido.

Se na Philips o objetivo é rejuvenescer ao se conectar às tendências, na AOC, a fabricante chinesa busca falar a mesma linguagem da nova geração para dominar de vez o mercado de monitores, o qual a marca é líder desde 2017. Conquistar os corações da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, é peça-chave. Segundo o IBGE, esse público corresponde a 20% da população brasileira e já é economicamente ativa.

Eduardo Brunoro: CSO da TPV no Brasil destaca a importância de novas tecnologias e da comunicação das marcas para conquistar um novo consumidor (Crédito:Divulgação )

A AOC aposta em monitores “super rápidos”, acima de 180 Hz, para atender as necessidades do público gamer. A marca também busca cercar esse consumidor com novas linhas de teclados, mouses e periféricos. “A indústria gamer cresce cada vez mais. É um setor cheio de oportunidades para fortalecer a presença dos nossos produtos”, disse Brunoro.

Segundo a Newzoo, empresa de pesquisa e consultoria especializada em jogos eletrônicos, o setor movimentou US$ 184 bilhões no mundo em 2023 e prevê receita de US$ 189,3 bilhões neste ano. Ainda de acordo com o levantamento, os segmentos de PC e consoles estarão em alta.

ALÉM DAS TECNOLOGIAS

Fazer um upgrade no visual, na mensagem ao consumidor e na estrutura fabril também é prioridade para a TPV. Novos designs de TVs devem chegar no segundo semestre, produzidos no Centro de Desenvolvimento e Inovação localizado na Bélgica. Já na comunicação, a Philips se associa à cantora Simone Mendes, que acumula mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais, como uma maneira de se aproximar dos compradores mais jovens.

A AOC entra no jogo como patrocinadora da Furia, equipe brasileira de e-Sports. Além disso, a fábrica na Zona Franca de Manaus, que produz mais de 3 milhões de produtos anualmente, deve receber melhorias para o desenvolvimento de tecnologias.

Se há o desafio de atuar em um setor altamente competitivo, por outro lado, segundo Brunoro, existem fatores positivos importantes na visão do grupo, como o avanço da reforma tributária e da tecnologia de TV 3.0, a nova geração da TV digital.

“A TV 3.0 vai transformar o perfil de consumo, com mais qualidade, enquanto as questões fiscais refletem na atuação das empresas. A reforma vai aumentar o nível de competitividade do mercado brasileiro”, afirmou o executivo. Agora, com um setup atualizado, o TPV entra mais do que nunca no jogo da geração Z.