Influenciadores virtuais: Brasil se destaca na criação de personagens fictícios
Por Jaqueline Mendes
Quem é da época dos reclames na tevê — não dos streamings — deve se lembrar. O Baianinho, da Casas Bahia, é personagem conhecido das propagandas da rede varejista há décadas. Criado em 1960, a mascote com rosto de criança ajudou a empresa a se tornar uma potência no varejo e top of mind na preferência do consumidor. Mesmo sem saber, ele se tornaria na posteridade — nos dias de hoje — um influenciador virtual. Hoje o Baianinho integra um time de embaixadores e garotos-propaganda que tem como protagonistas também a Lu, do Magalu, e dezenas de avatares mais caricatos, como o Dollynho, do guaraná Dolly.
Os influenciadores virtuais, que são personagens fictícios, estão conquistando cada vez mais espaço no mundo da publicidade, e o Brasil tem se destacado como um local de casos de sucesso mundial nesse fenômeno.
• Um exemplo disso é Lu, do Magalu, que é considerada a influenciadora virtual mais popular do mundo, de acordo com dados da VirtualHumans.org, um site americano especializado no assunto. Criada em 2003, Lu fez sua estreia no mundo virtual em 2009. Ela possui mais de 30 milhões de seguidores em suas plataformas no Instagram, YouTube, Facebook e TikTok, e realiza diversas postagens patrocinadas. Como comparação, a Casas Bahia, do Baianinho, possui 10 milhões de seguidores em suas redes.
• Outra brasileira que figura no top 10 dos influenciadores virtuais mais populares do mundo é Any Malu, do Cartoon Network. Em reportagem publicada pelo site Tilt, do UOL, o especialista em marketing da HypeAuditor, Nick Baklanov, afirmou que surgimento dos influenciadores virtuais foi uma oportunidade recentemente percebida pelas grandes marcas para contar histórias na internet com custos menores a longo prazo. Segundo ele, embora os personagens fictícios não sejam novidade, hoje eles têm sido mais utilizados para agregar valor no mundo virtual, indo além da TV e da mídia impressa. Isso porque a tecnologia está permitindo com que os custos de produção e de manutenção dessa estratégia fiquem mais em conta. “À medida que a tecnologia avança, a produção de personagens de alta qualidade se torna mais econômica”, disse o especialista, na reportagem.
CRIAÇÃO
De acordo com a HypeAuditor, há quatro formas de criar influenciadores virtuais.
• Primeiro, como personagens CGI (sigla em inglês para imagens geradas por computador), por softwares de computador, variando desde desenhos até animações.
• Segundo, em modelos 3D (mais sofisticados e realistas do que os CGI).
• Terceiro, por meio de deepfakes. Ou seja, criados por Inteligência Artificial, gerados por manipulação ou falsificação de vídeos a partir da criação de personagens realistas, imitando celebridades ou figuras públicas.
• Por último, de forma híbrida, que combinam avatares, elementos virtuais e elementos da vida real.
No caso de Casas Bahia, por exemplo, a animação é 3D e ganha forma com atores usando a tecnologia de captura de movimento. Nela, um ator usa uma roupa especial com marcadores ou sensores e interpreta o personagem, gerando a animação no computador. A tecnologia usada na criação de Lu não foi revelada pelo Magalu.
De acordo com Cássio Braga, diretor criativo da Miagui, produtora que remodelou o Baianinho para Casas Bahia, criar um influenciador virtual varia entre R$ 15 mil e R$ 400 mil no Brasil, dependendo da complexidade e tecnologia empregada, sem contar os custos de publicidade para tornar a campanha relevante.
“[O influenciador virtual] Não se torna relevante da noite para o dia, assim como você não se torna um influenciador humano do dia para a noite. A relevância é conquistada com base no esforço, na energia e no reconhecimento das pessoas nesse trabalho”, afirmou Braga, na reportagem. “Outras marcas nos procuram para um projeto como a Casas Bahia, mas não entendem o nível de comprometimento e investimento necessário para alcançar o sucesso que o personagem alcançou. É um trabalho de anos com muito investimento para alcançar a relevância que Casas Bahia tem hoje.”