Mudança de hábito pela sustentabilidade

Crédito: Guilherme Kardel

Flávia Lorenzetti, CEO do B&B: foco nas pessoas (Crédito: Guilherme Kardel)

Por Lana Pinheiro

Presente no País desde 2017, a rede de hotéis B&B fechou 2021 com seis unidades, faturamento de R$ 22 milhões e prejuízo. Em setembro do ano passado, a governança da operação brasileira mudou em busca de mais sustentabilidade. A executiva Flávia Lorenzetti foi contratada como CEO, o corpo diretivo sofreu alterações e o faturamento dobrou chegando a R$ 48 milhões. “Agora operamos no azul”, disse a executiva à DINHEIRO.

Em sua gestão, o foco é nas pessoas. Internamente, os funcionários foram mais envolvidos na rotina da construção da marca com ações que vão desde reuniões com todos para alinhamentos estratégicos até clubes de leitura, compromisso que fez a executiva se desculpar por alguns minutos de atraso na entrevista.

Nesse encontro, discutiram o livro Poder do Hábito, de Charles Duhigg. “É impressionante como a literatura nos traz uma chance de falarmos de negócios, mas especialmente de conhecer melhor as pessoas.”

Falando da marca, a CEO conta que havia um hábito solidificado de achar que os clientes só escolhiam os hotéis da rede pelos preços oferecidos. “Houve resistência interna, mas passamos a trabalhar o conceito de valor agregado.” Enxovais, mobiliários e todo o conceito do hotel passou por melhorias.

O resultado veio no balanço e na nota dada pelo cliente na plataforma de avaliação do setor chamada Trust You: de 76 pontos em setembro de 2022 — início da gestão de Flávia —, para 85 em maio de 2023.

Com a governança em ordem, agora a empresa quer acelerar ações de responsabilidade ambiental com eliminação de plástico nas suas operações e neutralidade de emissões de carbono.

Para isso, vão trabalhar também a consciência do hóspede que será convidado a fazer sua compensação. “Se ele quiser, será ótimo. Pois ESG é construção conjunta. Mas se ele não quiser neutralizar sua hospedagem, faremos por ele.”

Yakuy Tupinambá, do Conselho Consultivo da Unesco (Crédito:Divulgação)

“Quando se pensa no ordenamento jurídico do Estado brasileiro, o Marco Temporal é inconstitucional. É mais uma narrativa que vem sendo colocada pela mentalidade colonialista para usurpar o que ainda resta desse território.”
Yakuy Tupinambá, do Conselho Consultivo da Unesco, durante atos do meio ambiente na Avenida Paulista no domingo (18)

Moda
Uma pegada mais leve

(Divulgação)

Uma das maiores empresas de artigos esportivos do mundo, a Asics promete para este ano o início das vendas do seu tênis Gel-Lyte™ III CM 1.951. O diferencial, segundo a empresa, é que se trata do modelo com a menor emissão de CO2 do mundo com apenas 1,95 de gás por par em todo o ciclo de vida do produto. De acordo com o CEO e COO Yasuhito Hirota, o lançamento é parte dos esforços da marca “para criar um impacto positivo em direção a um futuro mais sustentável”. Entre as metas da empresa ainda estão ser Net Zero até 2050 e substituir 100% do poliéster até 2030.

Estudo
Os números milionários do garimpo

(Nelson Almeida)

Estudo recém-divulgado pelo Instituto Escolhas, o Abrindo o Livro Caixa do Garimpo joga luzes na movimentação financeira de uma das atividades com maior potencial de degradação da Amazônia. Segundo o documento, o garimpo de balsa, que acontece nos rios, consome investimentos totais de R$ 3 milhões e fatura R$ 1,16 milhão por mês. Feitos os pagamentos devidos, o lucro é de R$ 632 mil.

No caso do garimpo de baixão, em terras próximas ao leito dos rios, o investimento inicial gira em torno de R$ 1,3 milhão, o faturamento mensal médio é de R$ 930 mil e o lucro fica em torno dos R$ 343 mil mensais.

Para Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas, a alta renda e a legislação pouco exigente explicam o “interesse de agentes em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo.”

R$750 bilhões
É o valor que o setor privado de saneamento deve investir para que o serviço alcance 100% da população até 2030

Papo Responsável
Entrevista com Raul do Valle, diretor de Políticas Públicas do WWF-Brasil

Raul do Valle, diretor de Políticas Públicas do WWF-Brasil: receio da atuação do Congresso na defesa ambiental (Crédito:Guilherme Kardel)

DESMATAMENTO
“Com a sinalização de libera geral dada nos quatro anos de desmontes intencionais das políticas ambientais, o desmatamento da Mata Atlântica que praticamente não existia mais voltou a crescer. A expectativa era que no governo Lula a agenda entrasse nos trilhos, mas se o Congresso continuar dificultando a realização das políticas ambientais, o desmatamento vai aumentar.”

CONSEQUÊNCIAS
“A primeira é que o Brasil perderá relevância no cenário das negociações internacionais. A outra é que a Amazônia deve entrar no ponto de não retorno, quando deixará de ser floresta para se tornar uma savana.”

IMPACTO
“As possíveis perdas econômicas para o Brasil são concretas. O exemplo é a União Europeia que, apesar de não ser o maior mercado para as commodities agrícolas, é estável e paga bons preços. Fechar o acordo será muito difícil se o desmatamento continuar a aumentar.”

COP
“A imagem que o Brasil chegará na COP-30 [a ser realizada no Brasil em 2025] dependerá de como a Câmara dos Deputados tratará a questão. Arthur Lira, presidente da Casa, tem o apoio das alas mais retrógradas das bancadas da Bala, do Boi e da Bíblia e quer atingir o governo Lula, em uma agenda que é muito cara a ele: a ambiental. Isso é ruim para o País.”