XP adere aos fundos imobiliários
Em busca de investidores que anseiam por mais renda com baixo risco, instituição financeira amplia a aposta nos FIIs
Por Jaqueline Mendes
Em tempos de juros em queda, incertezas econômicas, nervosismo na bolsa e aversão ao risco, a XP Investimentos decidiu lançar as primeiras operações envolvendo opções flexíveis para fundos imobiliários do mercado. Com objetivo de reduzir os riscos à volatilidade e aumentar a liquidez dos ativos, a nova estrutura foi pensada como uma proteção aos investidores, segundo o sócio e chefe da unidade de fundos da XP, Leon Goldberg.
O registro das operações é feito na B3. O hedge em fundos imobiliários serve para que o investidor consiga evitar grandes prejuízos com a volatilidade dos seus investimentos em renda variável, garantindo o preço do ativo para a compra ou venda futura, sem necessariamente lucrar com a operação.
54%
Foi o avanço dos fundos para galpões nos últimos cinco anos
O lançamento é uma inovação da XP que será um marco para o desenvolvimento desse mercado no longo prazo, na avaliação de Goldberg. Investidores de FIIs visam, de modo geral, a renda passiva, e a volatilidade natural do mercado de capitais pode atrapalhar no retorno dos ativos. Assim, com a nova estrutura, a XP espera possibilitar a chegada de novos players e melhorar a liquidez dos fundos imobiliários, permitindo que o investidor proteja os seus FIIs da variação de preços, ou seja, reduzindo o risco de mercado.
Inicialmente, as opções flexíveis para FIIs serão disponibilizadas para aqueles que já possuem custódia das cotas, considerando uma lista de FIIs selecionados. A novidade será ofertada de maneira gradual a partir deste ano, sendo assim, clientes terão acesso ao produto via assessoria XP, na sequência, estará disponível a todo o mercado.
• O número de investidores em FIIs ultrapassa 2,3 milhões de pessoas, segundo a B3, cerca de 13% do total de investidores.
• No ano passado, os fundos imobiliários mais indicados para 2023 apresentam retorno médio de 22% ao longo do ano, percentual equivalente ao dobro dos 11% do Ifix — índice dos FIIs mais negociados na Bolsa — espécie de média do mercado.
• A participação de Fundos de Investimentos Imobiliários na locação de galpões industriais e de logística cresceu 54% nos últimos cinco anos, nos principais mercados do Brasil.
• Nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, 34% do estoque pertencia a fundos do tipo ao fim de 2023, ante 22% em 2018, segundo dados da consultoria imobiliária JLL.
• Esse período foi marcado por um forte crescimento do número de investidores em FIIs, que saltou de 208 mil para 2,5 milhões no mesmo intervalo.
POTENCIAL
Para a XP, no entanto, o mercado de FIIs ainda é incipiente e tem muito espaço para desenvolvimento. Com a nova estrutura, a companhia traz ainda mais inovação à classe. A possibilidade de investidores adquirirem opções de fundos imobiliários (FII) listados tornou-se realidade com o lançamento dos primeiros produtos pela XP. Os investidores em FIIs geralmente têm um perfil rentista, apreciam o rendimento mensal, mas têm receio das oscilações do mercado, segundo Goldberg, em matéria do Valor. “Percebemos que muitos desejavam controlar a volatilidade ou garantir seus investimentos.”
O resultado do mercado de fundos imobiliários em 2023 é atribuído principalmente ao início do ciclo de cortes da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic – que caiu de 13,75% para os atuais 10,5%. Quanto menor o indicador, menos rentável se torna a renda fixa – que utiliza a Selic como referência. O movimento estimula a procura de ativos de maior risco, como os FIIs, que acabam ganhando atratividade e valor na Bolsa.