Desempenho da seguradora Metlife Brasil ganha destaque no grupo americano
Companhia dos EUA investe no varejo brasileiro e dobra de tamanho desde a pandemia. O plano agora é repetir o feito dentro de cinco anos
Por Hugo Cilo
Os mais experientes devem se lembrar. Durante três décadas, entre 1985 e 2016, os personagens Snoopy e Charlie Brown foram mascotes da seguradora americana MetLife. O simpático cachorrinho fez parte até da logomarca da companhia, em uma bem-sucedida estratégia de conquistar a simpatia de um consumidor, muitas vezes, pouco disposto a contratar seguros de vida ou planos de previdência. Mas, como manda a cartilha da MetLife, os personagens foram aposentados nas estratégias da empresa.
Longe dos cartoons, a vida real da MetLife está indo muito bem – e com importante ajuda do Brasil. Sob comando do presidente Breno Gomes, a operação local:
• dobrou de tamanho nos últimos três anos,
• alcançou 5 milhões de clientes,
• chegou a R$ 13 bilhões em ativos sob gestão,
• atingiu lucro líquido de R$ 135,3 milhões.
O bom desempenho, e melhor em todos os mercados em que a empresa atua no mundo, fez com o CEO global Michel Khalaf e seu time de altos executivos estivessem no País em maio, o que nunca havia ocorrido até então. “O Brasil tem conquistado posição de destaque nos resultados globais do grupo, com crescimento robusto em todos os produtos e segmentos em que atuamos”, afirmou Gomes.
Depois de dobrar de tamanho, com uma ajuda e tanto do pós-pandemia, período em que seguro de vida passou a compor o planejamento financeiro de muitas famílias, a estratégia da MetLife para o Brasil é dobrar de tamanho novamente dentro de cinco anos.
Segundo Gomes, a empresa está fortalecendo suas operações no varejo, em parceria com diversos bancos, como BTG, C6 Bank, Itaú, Safra e XP. “Em vez de crescer apenas no atacado, como produtos oferecidos como employee benefit, queremos nos expandir os negócios indo cada vez mais para o varejo”, disse o presidente.
Outro pilar da estratégia da MetLife será a formação de corretores. A ideia é mostrar para potenciais clientes que uma apólice de seguro de vida não é algo para ser usado só em caso de morte. “Hoje, mais da metade dos sinistros [pagamento de indenizações] não está relacionada à morte, mas a muitas outras coberturas em vida”, afirmou Gomes. O executivo se refere a produtos ligados a doenças graves, incapacidade temporária, invalidez e até serviços de telemedicina em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein.
MERCADO
A julgar pelos números do mercado de seguros no País, a MetLife não terá grandes dificuldades para alcançar a meta de crescer acima de 20% ao ano, mas terá de avançar acima da média dos concorrentes.
• Nos cálculos da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a arrecadação do setor em 2023 foi de R$ 388,03 bilhões, 9% superior em relação ao ano anterior.
• Os segmentos de seguros de danos e pessoas, excluindo-se o VGBL, fecharam o ano passado com uma arrecadação de R$ 187,63 bilhões, alta de 9,62% em relação ao ano de 2022, quando a arrecadação foi de R$ 171,16 bilhões.
• Nos seguros de pessoas, o seguro de vida atingiu o montante acumulado de R$ 30,37 bilhões em 2023, valor que representa um crescimento de 12,4% em relação ao ano anterior.
• Entre os produtos de previdência, o PGBL apresentou, em 2023, uma arrecadação 9,9% superior a 2022, totalizando R$ 13,93 bilhões.
Para o superintendente da Susep, Alessandro Octaviani, a tendência é de resultados ainda mais expressivos nos próximos anos, com maior o acesso ao seguro. “Nosso setor continua pujante e mesmo nas adversidades segue com crescimento acima de muitos mercados. Conforme previsto no nosso Plano de Regulação, a Susep está aprofundando em 2024 o incentivo ao acesso, com a Política Nacional de Acesso ao Seguro”, afirmou. “Apesar do excelente resultado, temos uma quantidade baixa de pessoas com seguros no País. Portanto, temos um mercado imenso a desenvolver, o que é uma oportunidade rara entre as grandes economias mundiais.”