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Conheça a holding brasileira de franquias que começou numa Kombi e agora invade a AL

Com sellout de R$ 8 bilhões, a 300 Ecossistema de Alto Impacto planeja entrada de marcas na Colômbia e Argentina, observa Europa e Ásia e traz rede de frango do Panamá para o Brasil

Crédito: Divulgação

CEO da 300 Ecossistema de Alto Impacto, Leonardo Castelo começou vendendo produtos de limpeza em uma Kombi. Hoje sua holding tem vendas bilionárias (Crédito: Divulgação )

Por Beto Silva

São muitas transformações em pouco tempo, até chegar no que hoje é chamado de 300 Ecossistema de Alto Impacto. O nome é diferente. E o que a empresa faz também. Tudo começou em 2007, com a venda de produtos de limpeza em uma Kombi. Assim surgiu a Ecoville em 2011. A partir de 2016 começou a ser formatada e vendida como franquia. Hoje é a maior rede de franchising de produtos de limpeza do Brasil, com 300 unidades. Deu tão certo que os irmãos Leandro e Leonardo Castelo, donos da Ecoville, avançaram em um modelo de negócio para franquear outras empresas. Virou uma holding, que atualmente tem cerca de 90 marcas, com 10,5 mil lojas ­— algumas contratadas, mas ainda em fase de implementação. Um grupo que vende em média uma unidade por hora e no ano passado registrou sellout de R$ 8 bilhões.

Agora, mais um passo importante dessa trajetória está sendo dado: a internacionalização. Isso inclui tanto entrar em países com suas propriedades como também trazer marcas de fora para o Brasil. “Nascemos como acelerador de negócios, e utilizamos o canal do franchising para crescer marcas, consolidar mercados e criar valor”, disse Leonardo Castelo, CEO da 300 Ecossistema de Alto Impacto, ao detalhar a estratégia com exclusividade à DINHEIRO.

Depois de estudar e visitar mercados da Ásia, Europa e América Latina, o plano traçado foi iniciar pelos países mais próximos do Brasil e que carecem de avanços em franchising.

O primeiro país a ser explorado é a Colômbia, onde a empresa entrará com a 300 Consultoria, uma das cinco vertentes da holding que prepara as marcas para o mercado de franquias.

Outras linhas são Scale Up (responsável pelas marcas que têm potencial, mas não atingiram todos os requisitos para ingressar no ecossistema), 300 Educação (de capacitação dos empreendedores), 300 Aceleradora (identifica oportunidades e comanda a expansão das franquias) e a 300 Gestão (que atua como organizadora de todas as vertentes).

Lavô, lavanderia de autosserviço, tinha três unidades quando a 300 Ecossistema entrou no negócio. Hoje são 1,7 mil lojas, entre instaladas e contratadas e virou um case de sucesso do conglomerado de franquias (Crédito:Divulgação )

Inicialmente, atuará em Medellín e Bogotá a partir de parceria com a Master Franquia da Colômbia. A expectativa é superar 50 franqueados da 300 Consultoria nos próximos cinco anos. O otimismo de Castelo é amparado nos números. 

Segundo o executivo, o Brasil possui uma operação franqueada a cada 99 empresas, enquanto na Colômbia existe uma franquia a cada 210 empresas. “O crescimento do mercado colombiano pode representar uma oportunidade devido à expansão e à crescente demanda por serviços de consultoria empresarial, especialmente na área de franquias”, disse o CEO. “O sistema de franquias da Colômbia está alguns anos atrás do Brasil e carece de muito know-how especializado. Temos um oceano azul para explorar”, acrescentou.

90 marcas
estão sob o guarda-chuva da 300. Algumas já começam a ir ao exterior

10,5 mil franquias
vendidas pela holding que inicia sua jornada internacional

Outro foco está na Argentina. A 300 Ecossistema vai desembarcar por lá com duas marcas: Maria Lavadeira, uma lavanderia de autosserviço, e Mestre de Obra, de locação e manutenção de máquinas e equipamentos para construção civil. “Começamos a testar marketing digital, já temos toda a parte jurídica estabelecida. Vamos pilotar uma unidade e depois vamos em escala”, disse Leonardo Castelo, ao enfatizar que não vai montar escritórios no exterior, depois de ganhar vasta experiência com o distanciamento imposto pela pandemia desde 2020.

“Com todo o nosso know-how e com toda a tecnologia que nós temos, preferimos tocar os projetos de casa, porque acreditamos que os desafios vão ser menores”, afirmou, ao frisar que os mercados asiático e europeu também estão no radar para um futuro próximo. Estados Unidos não. “Já está consolidado. Nossa estratégia é atacar países emergentes.”

Homenz, especializada em estética masculina, tem como sócios o cantor Lucas Lucco e a holding de franchising, que começou com a Ecoville, de produtos de limpeza
(Divulgação)

Se a 300 Ecossistema está expandindo os tentáculos para outros países, também tem trazido marcas de fora para o Brasil. É o caso Buco Pollo, uma companhia panamenha que tem conceito diferente do tradicional frango frito de outras redes instaladas no País. Ela atua com frango assado e na parrilla. Desembarca com a primeira unidade na cidade de Itapema, em Santa Catarina, através de uma joint venture da 300 Ecossistema com sócios do Panamá.

O processo de negociação começou oito meses atrás, o projeto foi formatado e os fornecedores locais foram preparados. Em breve será inaugurada e vai funcionar como piloto pelo período de seis a oito meses, para entendimento da performance e posterior expansão.

CASES

Em todos esses movimentos, a 300 Ecossistema coloca sua expertise adquirida a partir dos diversos cases de sucesso na área de franquias. Um deles é da Lavô, lavanderia de autosserviço. Eram três unidades quando a holding entrou no negócio. Hoje são 1,7 mil lojas, entre instaladas e contratadas.

Aproveitou o bom momento do setor depois de a OMO, tradicional marca de sabão em pó, entrar no ramo e popularizar o serviço, e escalou o negócio de forma rápida, ao contrário da concorrente famosa, ligada à gigante Unilever.

Outro fator importante que tem atraído a atenção dos empreendedores e investidores é a rentabilidade na casa dos 60%. “É um negócio simples, que não tem custo alto e não precisa de funcionários. O franqueado precisa de apenas 15 minutos em cada unidade para dar uma geral, limpar o filtro da máquina e ver se vai precisar recarregar produtos”, discorreu Castelo.

Outra rede que tem ido bem é a Homenz, especializada em estética masculina, que tem como sócios a 300 Ecossistema e o ator e cantor Lucas Lucco. “Temos aproximadamente 150 contratos vendidos e implantamos de 10 a 12 unidades por mês”, afirmou o CEO da holding, ao apontar que outros artistas também tem sido atraídos pelo modelo de franquias.

Sem citar nomes, Castelo apontou que uma famosa dupla sertaneja vai lançar uma marca de alimentos nos próximos meses e um dos maiores influencers do YouTube do mundo planeja criar uma rede de salão de cabeleireiro infantil inspirada em formato americano.