Conheça o Grupo Forma, campeão mundial em viagens estudantis

Por Beto Silva

Em 1993, Renato Costa era um jovem bolsista do terceiro ano do ensino médio do Colégio São Judas Tadeu, no tradicional bairro da Mooca, em São Paulo. Sua turma se preparava para fazer uma viagem de formatura para Porto Seguro, na Bahia, mas ele não tinha condições financeiras de bancar a excursão. Popular na sua escola, foi convidado pelo professor que organizava o passeio a ajudar no planejamento e execução do evento. Em troca, viajaria de graça. Embarcou na ideia e na viagem.

Ele, outros sete meninos e 42 meninas, de ônibus, sem leito, sem ar-condicionado. Vinte e quatro horas de estrada até chegar na festiva cidade baiana. “Foi disparada a melhor viagem da minha vida”, disse Renato Costa, hoje com 49 anos. A experiência foi tão boa que virou negócio. Nos anos seguintes, continuou a ajudar o professor na organização. E em 1997, com dois guias que também participavam das excursões, montou sua própria empresa. O slogan foi irreverente – e ousado: troque a beca pelo biquíni. À época não havia tanto apelo para viagens de formatura. A tendência eram as festas em salões fechados, em uma única noite, na cidade onde estava sediada a escola. A campanha publicitária convocava os jovens para passar cinco noites em Porto Seguro praticamente pelo mesmo preço de uma noite de festa com os familiares e amigos. Deu certo. Nascia o Grupo Forma, hoje o maior do mundo especializado em viagens estudantis.

• O primeiro ano de operação, 27 anos atrás, embarcou 550 alunos para a estância turística costeira no estado Bahia, conhecida pela vibrante vida noturna.

• A cada ano o número de estudantes dobrava ou até triplicava.

• Até que em 2022 levou 58 mil jovens, de 9 a 18 anos, para diversos lugares do Brasil para comemorarem suas formaturas, seja da primeira fase do ensino fundamental (5º ano), fundamental II (9º ano) ou ensino médio (3º ano).

• Ano passado a marca foi de 72 mil embarques. E para este ano a previsão é de 90 mil alunos, volume que vai superar o período pré-pandêmico, em 2019, quando 80 mil jovens curtiram as viagens com o Grupo Forma.

Em quase três décadas de atuação, a companhia sempre buscou inovar. Os bilhetes em papel vendidos nos primeiros anos de operação foram ficando para trás. O Grupo Forma foi pioneiro no uso de palmtop e código de barra em pulseiras para melhor controle e organização das atividades dos jovens.

Atualmente, 82% das vendas são diretas, por canais on-line. E além das tradicionais viagem de formatura do 3º ano em Porto Seguro e do 9º ano aos principais resorts do Brasil, a operadora realiza passeios educacionais e pedagógicas, por meio de suas divisões Conhecer e Entreter.

Entre os destinos estão:
• BioParque Rio de Janeiro,
• Pantanal Carioca,
• Fazendinha Petzzo, em Cotia (SP),
• Circuito das Águas de Minas Gerais,
• Volunturismo no Pantanal,
• visita a Maurício de Sousa Produções, em São Paulo,
• e dezenas de museus e outras atrações de norte a sul do País.

A empresa também opera intercâmbios e excursões internacionais. Com esses produtos, as escolas e os familiares dos estudantes deixam de ver o Grupo Forma como aquele malvado – termo usado com carinho, claro! – que leva os alunos para curtirem festas na Bahia.

Uma operação parruda que gera efeitos em diversos setores. Na aviação, faz fretamento de voos em quase todas as capitais do Brasil. Neste mês de julho, estão previstos nove voos diários da Azul com destino a Porto Seguro, partindo de 22 aeroportos de todas as regiões.

O principal emissor é o estado de São Paulo, com 40% dos negócios gerados. Porto Seguro, aliás, continua sendo o carro-chefe de destino do Grupo Forma, ao embarcar apenas neste ano 33 mil jovens. No total, em 2024 estão previstos 500 fretamentos de aeronaves idas e voltas. É na cidade baiana que está o maior festival estudantil do mundo, o Porto Festival, que reúne mais de 25 atrações na maior arena privada do País. No espaço são montados palco, roda-gigante e montanha russa, mesmas estruturas dos festivais de música The Town e Rock in Rio.

“Promovemos uma viagem de gente grande, com organização e respeito, para uma molecada que, muitas vezes, viaja pela primeira vez desacompanhada”, disse Costa, ao destacar que o tíquete médio dessas atividades varia entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. Só nessa linha de negócio são R$ 165 milhões em receitas.

Na rede hoteleira, mais movimento gerado pelo Grupo Forma, que fecha 15 mil room nights por ano apenas na rede Club Med. A operadora de viagens mantém também acordos comerciais para uso exclusivo em datas agendadas de outros hotéis e resorts, como a Rede Tauá, Costão do Santinho, Vila Galé e Beach Park.

Com parceiros importantes, a operadora tem ainda um hotel próprio, o Eldorado Eco Resort, localizado em Atibaia (SP). A empresa adquiriu a estrutura três anos atrás. São 150 mil metros quadrados, com 126 quartos. E iniciou recentemente uma renovação e ampliação dos apartamentos. Serão 300 unidades em 2025.

Um terreno ao lado, com mais 150 mil metros quadrados, foi adquirido para abrigar um parque temático do Sítio do Pica Pau Amarelo, que está em construção e deve ser inaugurado em novembro deste ano. É uma inédita parceria que foi feita diretamente com a família Monteiro Lobato e as Organizações Globo, detentora dos direitos de comercialização. O investimento em 2024 é de R$ 40 milhões.

Outra novidade do Grupo Forma é a entrada no segmento de festas de formatura. Sim, aquelas que Renato Costa dispensava para organizar as viagens. Para ingressar no segmento que movimenta R$ 7 bilhões por ano no Brasil, a companhia efetivou uma joint venture com outra empresa do setor, a Kaz Formatura, e criou a Colab Formatura. Os 30 mil pacotes para 2024 já estão esgotados. Para 2025, a meta é, ao menos, triplicar esse número.

De forma geral, o crescimento para este ano é de 18% a 20%. E com tudo isso – viagens, passeios pedagógicos e festas de formatura –, a empresa gabarita na promoção de eventos estudantis.