Ford Capri retoma o passado para avançar ao futuro; entenda
Texto Luca Cereda Tradução
Edição Flávio Silveira
Projeções Marcelo Poblete
Era uma vez o Mustang europeu. Linhas carismáticas, carroceria cupê e um nome que evoca a beleza. Era o Ford Capri, modelo pensado para se destacar que acertou em cheio. E cujo conceito, talvez junto com o nome, se prepara para voltar após mais de 50 anos. Acredite, será um modelo elétrico, o segundo feito pela marca americana com a ajuda da Volkswagen, graças ao compartilhamento da plataforma MEB da família ID.
Ainda não é oficial, mas apostamos em um toque retrô, não em um remake. A novidade terá pouco ou nada em comum com o cupê feito entre 1969 e 1986. Será, na verdade, um crossover derivado do Explorer (o novo, elétrico, e não o SUV grandão), quase idêntico tecnicamente, porém com linhas mais “atléticas”. Deve ser apresentado ainda em julho e chegar ao Brasil não muito depois disso, dentro da estratégia “Ford importadora”.
Por que a Ford o chamaria de Capri? Como está cada vez mais difícil fazer um novo nome “colar” em um mercado tão concorrido – e a opção mais simples, mas banal, são siglas alfanuméricas –, a Ford decidiu usar sua história, como já havia feito recentemente com os modelos Puma, Bronco, Mustang e Explorer.
Na realidade, a única pista concreta que levou ao nome Capri foi o detalhe de um teaser da Ford, quando a marca anunciou sua estratégia elétrica na Europa. Exibiram a silhueta de nove BEVs (sigla para veículos elétricos a bateria) que chegam até o fim deste ano, incluindo o Puma elétrico, um SUV médio (o Explorer BEV, que acaba de estrear na Europa) e um terceiro modelo, que seria um “crossover esportivo”.
A assinatura luminosa que apareceu ali não parece ter sido traçada ao acaso e, nos faróis, delineiam-se dois elementos circulares, evocando os icônicos conjuntos ópticos do cupê dos anos 70 e 80.
• O design terá uma pegada Ford bem forte, seguindo o design do Explorer, mas o crossover terá uma base técnica, como adiantamos, da Volkswagen (no Brasil, as marcas já se aliaram na época da Autolatina).
• Há um paralelo natural com a família ID, então o Capri estará para o Explorer assim como o VW ID.5 está para o ID.4, ainda que eles tinham algumas diferenças estéticas bastante marcantes.
• O Capri – defina-o como preferir, SUV-cupê ou crossover-coupé – terá um perfil bem mais dinâmico e, portanto, um melhor coeficiente aerodinâmico do que os SUVs tradicionais, o que vai melhorar a sua autonomia.
• Pelo seu posicionamento de mercado superior, o Capri deve ser oferecido apenas com a bateria de 77 kWh, em configurações de um ou dois motores.
E a habitabilidade? As formas de cupê muitas vezes implicam sacrifícios no espaço interno e na capacidade de carga, com raras exceções (o ID.5, próximo do ID.4 nas medidas, está entre eles). Mas não podemos presumir que isto também se aplique ao elétrico da Ford. Que será diferente não apenas no estilo, mas também no tamanho: enquanto o Explorer para nos 4,46 metros de comprimento, o Capri deve ter cerca de 4,60 metros, mantendo o entre-eixos de 2,76 metros, que garante bom espaço na cabine.
Que é, aliás, a parte mais previsível do carro. Não esperamos nada diferente do Explorer, com tela vertical de 15” e soluções voltadas à praticidade, como um “slot” duplo para smartphones e um grande porta-objetos sob o apoio de braço, para um notebook de 15”.