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Koin decola no Brasil e quer liderar pix parcelado

Fintech do Grupo Decolar avança em crédito, pix parcelado e produtos antifraude para e-commerce

Crédito: Divulgação

"Oportunidades de crédito não foram bem penetradas. Essa é a nossa grande oportunidade", diz Lucas Gonzalez, Chief Product Officer da Koin (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Quando o argentino Lucas Iván Gonzalez desembarcou no Brasil para se aprofundar no mercado financeiro local, ficou impressionado com seu tamanho e suas características. São 152 milhões de pessoas com contas bancárias, o que representa 87,7% da população adulta, segundo dados do Banco Central. São três vezes o total de habitantes da Argentina. Entre eles, 50% possuem cartão de crédito e a maioria possui limite de R$ 1,4 mil, de acordo com o SPC Brasil. “Poucos possuem crédito e o valor disponível é baixo”, avaliou Gonzalez. Ele saiu de seu país, onde era gerente sênior de produtos financeiros do Grupo Despegar, para entrar na Koin, a fintech brasileira adquirida pelo Grupo Decolar, como é conhecida no Brasil a maior agência de viagens on-line da América Latina.

Hoje como chief product officer, tem a missão de avançar com soluções financeiras aos e-commerces brasileiros, especialmente pix parcelado ou Buy Now Pay Later (BNPL), e ferramentas antifraude. “Em termos de e-commerce, digitalização, indústria financeira, o Brasil está a dois ou três escalões acima dos demais países da região. Mas as oportunidades de crédito não foram bem penetradas. Essa é a nossa grande oportunidade”, disse Gonzalez, ao destacar que vai manter o ritmo de investimentos em tecnologia e produtos na casa dos US$ 10 milhões neste ano.

Para ganhar campo nesse mercado, a Koin levantou no início do ano R$ 36 milhões em um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) para alavancar a operação de turismo. Justamente o setor que a fintech está ancorada, tendo o maior cliente a própria Decolar.

As operações da startup e da plataforma de viagens são completamente separadas. Mas, ao ter com a Decolar um dos principais contratos, naturalmente é vitrine para atrair clientes.

Ao atender o setor de turismo, a conta é simples: as pessoas que não possuem cartão ou têm pouco valor de limite para usá-lo, a Koin disponibiliza uma linha de pagamento parcelado, por pix.

Assim funciona também em outros setores, como educação, para os interessados em fazer cursos sem ter o valor total no momento da compra.

Os ramos de beleza e pets são outros que estão no radar de atuação da fintech, que financiou US$ 100 milhões nos últimos 12 meses.

Os consumidores que compram em e-commerces também estão na mira da empresa.

Segundo dados do SPC Brasil, 80% das compras nesses canais são feitas por cartão de crédito. Na avaliação de Gonzalez, isso ocorre por que os que não possuem essa possibilidade de pagamento “estão excluídos do processo de compra”. “Nós queremos oferecer essa condição de compra a essas pessoas que não possuem cartão ou que usam seu limite para outras questões”, afirmou. “Nosso objetivo é ser o principal player de pix parcelado no Brasil.”

(Divulgação)

Dentro dessa mesma vertente, a Koin possui um marketplace dentro de seu aplicativo. A fintech coloca em sua loja virtual os produtos dos e-commerces parceiros, como Mobly, Via Varejo e Vulcabras. Dessa forma, os tomadores de crédito pelo app ou os que fazem compras por pix parcelado podem comprar produtos ali mesmo, sem sair da plataforma.

Outra forte linha de negócios para a Koin é seu produto antifraude. Em milissegundos da transação financeira de compra de um produto, a empresa analisa dados como o endereço que está acessando, onde está o consumidor, qual device utilizado, qual IP e outras informaões para aprovar ou não a compra. “Nossa intenção é assegurar taxas de fraudes baixas e taxas de conversão altas, porque entendemos que o jogo é feito pelos dois lados”, frisou Gonzales. A fintech analisou 23 milhões de transações no último ano.

E a terceira vertente de atuação da Koin é de plataforma de pagamentos, em que oferece às empresas mais possibilidades de canais para vender aos consumidores. No último ano, o volume total transacionado na América Latina foi de R$ 5,6 bilhões. Mas a decolagem mesmo é pelo Brasil.