Uber Green, de carros elétricos, desembarca na capital paulista
Já em funcionamento nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Austrália e Chile, nova categoria chega ao Brasil de forma tímida e ficará disponível apenas em alguns bairros de São Paulo
Por Alexandre Inácio
Quem quer a experiência de andar em um carro elétrico, mas ainda acha caro comprar o seu, ou vê na baixa infraestrutura de recarga dos veículos no Brasil um motivo para não desembolsar algumas dezenas de milhares de reais, agora ficou mais fácil. A Uber liberou na terça-feira (6) a possibilidade de o usuário brasileiro selecionar a opção pelo carro elétrico. Da mesma forma que é possível escolher pelo Uber Black, Bag, X, entre outros, a partir de agora está disponível a categoria Green. A novidade havia sido anunciada em maio pelo CEO global da empresa, Dara Khosrowshahi, durante sua visita ao Brasil para as comemorações de 10 anos de operação da empresa no País. Mas a data para que o Uber Green entrasse em operação no território nacional ainda era incerta. Agora, o mistério chegou ao fim.
A categoria vai operar apenas com carros 100% elétricos. Ainda que no Brasil a emissão dos veículos movidos a etanol sejam equivalentes à dos elétricos, os automóveis com motor flex ou híbrido ficaram de fora da nova categoria da Uber.
Questionada, a empresa não informou se há ou se pretende criar um cronograma para incluir carros com outros tipos de motorização, com emissões equivalentes às do elétrico. Também há dúvidas em relação à expansão da categoria pelo Brasil, uma vez que, inicialmente, ela estará disponível apenas para alguns bairros da cidade de São Paulo.
”A infraestrutura para carregamento de veículos elétricos precisa melhorar, e este é, atualmente, um dos maiores desafios para o crescimento.”
Paula Caldas, chefe de sustentabilidade da Uber no Brasil
Outras informações também permanecem um mistério. A Uber guarda em segredo o número de veículos elétricos que estarão disponíveis para atender a demanda da plataforma nesse início de operação. O sigilo também é mantido em relação à faixa de preço em que a categoria vai operar. “Para aqueles que optarem por viajar com o Uber Green em São Paulo, o preço para o passageiro será um dos mais acessíveis entre as modalidades disponíveis. Nosso objetivo é incentivar que mais pessoas experimentem e utilizem esse tipo de serviço com maior frequência”, disse Paula Caldas, chefe de sustentabilidade na Uber para a América Latina.
Segundo a executiva, a Uber é a plataforma com o maior número de veículos elétricos disponíveis e que tem registrado um crescimento mensal contínuo. Paula aposta na chegada de novos modelos a preços mais acessíveis, tanto no mercado brasileiro, quanto no latino-americano como um todo, para um “aumento exponencial no número de carros cadastrados”. Sem dar números absolutos, a Uber informa que o crescimento superou a marca de 500% em um ano.
MERCADO
Para tentar alavancar a adesão dos motoristas à nova categoria, Uber e a chinesa BYD anunciaram no final de julho uma parceria global, com a promessa de levar para as ruas 100 mil novos veículos da marca. O objetivo é oferecer aos motoristas acesso a preços e financiamentos especiais para carros da montadora, que vão rodar na plataforma da Uber.
A parceria terá início na Europa e na América Latina e prevê, posteriormente, a expansão para o Oriente Médio, Austrália e Nova Zelândia. “Em breve, divulgaremos os detalhes de como isso funcionará aqui no Brasil”, disse Paula.
Maior concorrente da Uber no Brasil, a 99 anunciou que também pretende lançar uma categoria própria para carros elétricos. O serviço será chamado de 99e-Pro, também funcionará, inicialmente, apenas em alguns bairros centrais da cidade de São Paulo, incluindo o aeroporto de Congonhas, e tem previsão de começar a operar em setembro. A expectativa é que a 99 posicione a categoria mais próxima de seus serviços de maior valor e, para atrair os motoristas, promete uma taxa de serviço de 10% durante seis meses.
A estratégia da Uber e da 99 é uma tentativa de descarbonizar suas operações e atender aos compromissos de reduzir suas emissões. Resta saber se os motoristas parceiros irão aderir à ideia, uma vez que a euforia inicial pelos carros elétricos tem perdido boa parte do seu fôlego no País.