Coluna

As sete questões essenciais

Crédito: Divulgação

César Souza: "Visões divergentes levam à maior dispersão, bem como ao maior desperdício de tempo, energia e recursos financeiros" (Crédito: Divulgação)

Por César Souza

A maioria das empresas inicia o processo de planejamento estratégico tomando decisões precipitadas sobre o orçamento, a estrutura, a movimentação de equipes e os investimentos em instalações e equipamentos, dentre outros itens, sem alinhar previamente alguns pontos essenciais entre os acionistas, líderes e gestores do negócio.

Passados alguns meses, começam a sentir a dificuldade na execução, e potenciais conflitos começam a despontar, causados por percepções diferentes do rumo que deveria ter sido combinado, ou pelo menos conversado, antes de começar a ser percorrido.

O fazejamento sem alinhamento prévio tem custado muito caro em inúmeros empreendimentos.

Pelo menos sete questões essenciais necessitam de uma reflexão e de definições bem mais profundas entre os investidores, os dirigentes e os gestores na linha de frente, antes da implantação de iniciativas isoladas:

• Qual o propósito do negócio e qual o posicionamento desejado pela empresa no mercado?
• Quais nichos de clientes que queremos servir, em determinadas oportunidades de mercado?
• Quais os resultados quantitativos e qualitativos desejados?
• Quais competências negociais precisamos adquirir para termos maior sucesso?
• Qual a estrutura e qual o perfil da equipe mais adequados para entregar os resultados desejados?
• Quais as atitudes que queremos ver praticadas? E quais são inaceitáveis?
• Quais as prioridades imediatas para construirmos um novo patamar para o futuro?

Essas questões parecem óbvias, mas têm revelado grandes surpresas. O grau de diálogo e negociação entre os líderes nos diferentes níveis nem sempre é razoável e, às vezes, temos a impressão que existem várias “empresas” dentro de uma só, consequência da disparidade de percepções sobre o negócio e a maneira como deve ser conduzido.

Visões divergentes levam à maior dispersão, bem como ao maior desperdício de tempo, energia e recursos financeiros. Além disso, muitas vezes geram conflitos internos que poderiam ser evitados pelo diálogo prévio, se devidamente instrumentado.

De forma semelhante ao que ocorre em uma corrida de Fórmula 1, quando o piloto e o carro precisam de um “pit stop”, uma breve pausa para ajustes a fim de aumentar as chances de continuar na competição, uma empresa também necessita de algumas breves paradas para uma “reflexão estratégica” e comprometimento sobre essas questões essenciais.

Além do debate e combinações sobre esses temas que podem redirecionar a estratégia, um grande benefício desse fluxo é o compartilhamento dos caminhos escolhidos e, consequentemente, maior engajamento e comprometimento com os rumos da empresa e com a execução das decisões.

O ambiente do mundo corporativo complexo e disruptivo no qual vivemos, pleno de incertezas sobre o futuro, não permite mais improvisações nem um alto grau de decisões regadas por uma elevada dose de boas intenções, mas desprovidas de dados e fatos, baseadas apenas no “achismo” e no altruísmo de alguns.

As empresas precisam aprofundar e convergir o comprometimento dos líderes, dirigentes e gestores de forma contínua a, pelo menos, essas sete questões essenciais. Só assim poderão aumentar as chances de garantir o seu lugar ao sol no amanhã do universo empresarial.

César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda