Tecnologia

Saiba como a Vivo aposta em inovação por meio da CVC Wayra

Wayra, braço de investimentos em startups da operadora, já soma 26 empresas ativas no portfólio e busca novas parceiras

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Sucesso da a Wayra ao longo de 12 anos se deve à proximidade com as startups, diz executiva (Crédito: Freepik)

Por Aline Almeida

Inovação aberta é um termo mais antigo do que se imagina. Já no século 17, com o avanço das navegações, surgiu a necessidade de um sistema de coordenadas mais preciso para garantir previsibilidade nas rotas marítimas. Pessoas com conhecimentos específicos colaboraram para desenvolver os cálculos corretos de latitude e longitude, atingindo o objetivo traçado. Estavam abertas as portas para a inovação. Na era atual, a Vivo, subsidiária do grupo Telefónica que registrou receita de R$ 25,1 bilhões em 2023, com lucro líquido de R$ 5 bilhões, aposta na inovação aberta por meio da Wayra, sua corporate venture capital (CVC). Nasceu como aceleradora de startups e passou a investir nessas empresas, com foco em estágio inicial (seed e pré-seed) e investimentos que podem chegar a R$ 2 milhões em cada uma delas. Tem como áreas prioritárias entretenimento, casa conectada, educação, energia, saúde e serviços financeiros.

Segundo Wana Schulze, gerente de investimentos e portfólio da Wayra Brasil e da Vivo Ventures, o sucesso do braço de venture capital da Vivo ao longo desses 12 anos se deve à proximidade com as startups e à criação de relacionamentos fortes onde a inovação acontece. “Já investimos em mais de 80 empresas e temos um portfólio de 26 ativas”, afirmou.

(Daniel Santos)

“Temos tanto a sinergia quanto o investimento, adquirindo participações em startups promissoras, ajudando-as a crescer e obtendo retorno financeiro.”
Wana Schulze, executiva da Wayra Brasil

Ela destaca três fatores que contribuem para o retorno consistente das investidas:
uma equipe dedicada que acompanha as inovações,
uma comunicação eficaz com as áreas de negócios,
e o retorno financeiro.

“Temos tanto a sinergia quanto o investimento, adquirindo participações em startups promissoras, ajudando- as a crescer e obtendo retorno financeiro”, explicou Wana.

Entre as startups investidas pela Wayra está a Fiibo, uma healthtech que teve um crescimento de mais de 1.000% no valor transacionado em sua plataforma de 2022 para 2023. A Fiibo utiliza os recursos recebidos para avançar em tecnologia e expandir seus canais de venda, com a meta de aumentar o TTB (Total Transacionado Bruto) anual de R$ 103 milhões em 2023 para R$ 1 bilhão até 2025.

Wana destacou que a preferência é por investir em startups que possam acelerar, principalmente comercialmente, seguindo duas alavancas:
a Vivo pode ser cliente dessas startups, ajudando em processos internos ou sendo uma grande referência de cliente;
e também pode atuar como fonte de distribuição, tanto no canal B2B quanto no B2C.

O sucesso dessas estratégias levou à criação do Vivo Ventures em 2022, um fundo de R$ 320 milhões para investimentos estratégicos em startups em estágio mais avançado (séries A e B). “É um fundo de 10 anos, com cinco anos para investimentos e cinco anos para desinvestimentos. Precisamos investir esses R$ 320 milhões e, depois, vender as empresas para obter retorno financeiro”, disse Wana. Pelo Vivo Ventures, a Digibee, que recebeu um aporte de cerca de R$ 15 milhões, atua na integração de sistemas tecnológicos legados com novas tecnologias, utilizando low code e computação em nuvem.

A executiva ressaltou que um dos principais desafios é implementar a cultura da inovação em todas as áreas de negócios dos mais de 33 mil funcionários da companhia de telecomunicações. Em relação ao futuro, a Vivo está focada no setor agro, buscando aumentar a conectividade no campo. “Estamos explorando startups tanto para investimentos quanto para distribuição de suas soluções por meio de nossos canais com clientes do agro. Queremos não apenas levar conectividade, mas também soluções”, disse.

FINTECH

Além dos aportes e atuação junto a startups, a Vivo também avança em soluções financeiras. Na segunda-feira (2), a empresa recebeu autorização do Banco Central para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), permitindo a emissão de moeda eletrônica e o gerenciamento de contas de pagamento pré-pagas por meio da Vivo Pay. O capital social da fintech é de R$ 4,7 milhões.

A entrada no mercado regulado como SCD visa oferecer novos serviços e reduzir custos, mantendo o modelo de banking as a service (BaaS) com parceiros. Recentemente, a empresa também lançou novos produtos de crédito, como o “Parcela Pix” e a antecipação de saque-aniversário do FGTS, integrando esses serviços ao aplicativo Vivo, que já conta com mais de 22 milhões de usuários únicos.