Agenda climática entra no foco das empresas

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Maria Emilia Peres, sócia da Deloitte Brasil para estratégia em sustentabilidade (Crédito: Divulgação)

Por Alexandre Inacio

Os eventos climáticos ganharam um novo espaço no hall de preocupações entre executivos. Relatório da Deloitte com 2,1 mil lideranças empresariais de 21 países indica que 39% dos entrevistados se mostraram mais preocupados com o clima do que com as incertezas políticas, as adversidades da cadeia de abastecimento e a competição pela atração e retenção de talentos. No Brasil, as alterações climáticas estão entre as principais preocupações para 31% dos entrevistados. Os executivos dizem ter aumentado os investimentos em sustentabilidade, sendo que em 78% dos casos os aportes foram maiores do que no último ano. Mesmo assim, há quem enxergue oportunidades. Segundo a pesquisa, 92% acreditam que a empresa na qual trabalham pode crescer ao mesmo tempo que reduz as emissões e 90% afirmam que o mundo pode alcançar o crescimento econômico ao mesmo tempo que atinge os objetivos climáticos. Entre as organizações, 85% estão desenvolvendo novos produtos ou serviços ecológicos e 50% informam que já começaram a implementar soluções para alcançar metas climáticas ou ambientais. “Embora a necessidade de investimento em inovação e tecnologia possa ser vista como prioridade concorrente à ação climática, na realidade, ela é motor crucial dos esforços de sustentabilidade”, disse Maria Emilia Peres, sócia da Deloitte Brasil para estratégia em sustentabilidade.

CONSTRUÇÃO
Estilo de vida vai mudar com crise climática

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Pesquisa conduzida pela consultoria Spark:off, encomendada pela Dexco, aponta que os brasileiros terão que ajustar seu estilo de vida para encarar a crise climática já instalada. Segundo o estudo, 65% dos entrevistados acreditam que serão criadas novas soluções de controle de temperatura dos ambientes e 51% acreditam que precisarão mudar a forma com que vivem, incluindo horários de atividades e escolhas pessoais. A análise considera que, até 2050, cerca de 5 bilhões de pessoas irão viver sob calor extremo. “Precisamos de produtos que tenham a criatividade do design, sejam esteticamente bonitos e se posicionem como ecológicos. Como marca, Procuramos fazer essa junção do conhecimento das pesquisas de tendências com soluções que já existem e se encaixam no nosso processo produtivo”, disse Fernanda Moceri, gerente de Design Estratégico da Dexco.

INVESTIMENTO
Descarbonização pode atrair mais de us$ 1 tri para o Brasil

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Para o Brasil se manter no caminho rumo ao NetZero, o Brasil precisará investir mais de US$ 1,3 trilhão em seu fornecimento de energia com baixa emissão de carbono entre 2024 e 2050, incluindo US$ 500 bilhões em energias renováveis. A estimativa é da BloombergNEF e consta do relatório Brazil Transition Factbook. O valor é visto como uma oportunidade na atração de investimento e inclui a capacidade necessária para fornecer energia limpa para a eletrificação de setores como o de transporte, construção e industrial. “Para aproveitar essa oportunidade é preciso desenvolver, aprovar e implementar políticas e regulamentações robustas, ao mesmo tempo em que aborda as barreiras do mercado”, disse Luiza Demoro, head global de transições energéticas da BloombergNEF.

ENERGIA EÓLICA
Bons ventos aproximam Nestlé e Enel

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A italiana Enel e a suíça Nestlé anunciaram um acordo para criar três consórcios de autoprodução de energia eólica que irão abastecer cinco unidades fabris da empresa de alimentos em São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. As usinas eólicas, localizadas no complexo Cumaru, no Rio Grande do Norte, foram construídas e são operadas pela Enel Green Power, divisão de geração renovável do Grupo Enel. A Nestlé deterá participação de 40% a 47% nas três usinas. “Queremos diversificar as fontes de energia verde para avançar na transição energética, em linha com a meta de ser uma empresa NetZero até 2050”, disse Marcelo Melchior (dir.), CEO da Nestlé Brasil.

SEGUROS
Allianz usa energia 100% renovável

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A Allianz Seguros conseguiu fazer com que a energia elétrica usada nos dois prédios que ocupa no Brasil seja 100% proveniente de fontes renováveis. “Esse resultado se deu por meio da migração para o mercado livre de energia e de certificados de neutralização de carbono, com garantia e rastreabilidade”, disse Elysangella Nunes, superintendente de Sustentabilidade e Relações Institucionais da seguradora. Segundo ela, as ações que vêm sendo implementadas nos últimos cinco anos já permitiram uma redução de 70% no consumo de água por colaborador e de 60% na emissão média individual de carbono, decorrente das viagens corporativas.

VAREJO
ESG perde espaço nas gôndolas

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Estudo realizado pela Mosaiclab com o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) revela uma queda significativa na importância das práticas ESG no comportamento de compra dos brasileiros. O levantamento, que analisou 2.990 ocasiões de compra em 10 categorias-chave do varejo, mostra que o score de impacto ESG caiu de 50% em 2023 para 43% em 2024. Todas as categorias analisadas apresentam quedas, sendo as mais significativas em Papelaria (-10 p.p.), Alimentação (-9 p.p.) e Material de Construção (-9 p.p.). “Quando o bolso aperta, as pessoas tendem a priorizar preço e conveniência sobre questões mais amplas, como sustentabilidade”, disse Karen Cavalcanti, sócia-diretora da Mosaiclab.