Coluna

Inspirando equipes pela liderança reflexiva

Inspirando equipes pela liderança reflexiva

Heverton Peixoto: "Aprender a gerenciar e expressar emoções de forma saudável pode resultar em uma maior resiliência emocional"

Por Heverton Peixoto

O mundo corporativo em alta velocidade e as pressões para entregas e resultados afetam colaboradores, gestores e CEOs, uma vez que esses são fatores que podem ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso da organização. Para lidar com as pressões e as demandas é preciso, além de resiliência, disciplina, humildade, respeito e comprometimento. A inteligência emocional é fundamental no processo rotineiro da execução do trabalho e da entrega.

Não à toa, ferramentas como a autorreflexão e a autoconsciência têm sido muito utilizadas por líderes que buscam gerenciar o estresse e inspirar seu time por meio de uma liderança mais reflexiva e genuína. O cultivo dessas práticas tem levado à promoção de um ambiente de trabalho saudável, onde transparência, empatia e colaboração caminham juntas.

A autorreflexão é o processo de examinar nossas próprias ações, pensamentos e sentimentos, olhando para dentro de nós mesmos. Fundamental para o crescimento pessoal, a tomada de decisões e a manutenção do equilíbrio emocional, a autorreflexão leva o indivíduo a refletir sobre atitudes e o ajuda a entender suas forças, fraquezas, motivações e o impacto de seu comportamento nos outros e na empresa.

É um processo que leva o gestor a se tornar mais consciente das pressões e expectativas com as quais lida diariamente. Isso pode resultar em uma melhor gestão do estresse, pois o líder aprende a reconhecer seus limites e a adotar estratégias de autocuidado. Em vez de reagir impulsivamente a situações estressantes, um líder reflexivo pode responder com calma e clareza, estabelecendo um padrão positivo para a equipe. Essa abordagem reflexiva e genuína não só melhora o desempenho organizacional, mas também contribui para o bem-estar e a satisfação de todos os envolvidos.

Uma pesquisa recente que entrevistou 128 mil funcionários em mais de 160 países, para entender a relação entre trabalho e vida pessoal, trouxe dados relevantes que envolvem questões importantes de controle emocional. O estudo apontou que o Brasil lidera o ranking com os trabalhadores mais estressados da América Latina e está entre os cinco países latino-americanos em que a força de trabalho tem maiores sentimentos de tristeza e raiva.

Atuando como uma resposta natural do corpo a situações desafiadoras ou ameaçadoras, o estresse pode ser desencadeado por diversos fatores, entre eles a falta de reconhecimento da liderança, um ambiente hostil e pressão por resultados – e pode tornar crônico quando mal administrado.

A raiva e a tristeza, embora remetam a sentimentos ruins, podem ser encaradas e consideradas como desconfortáveis e desafiadoras, de maneira que oferecem oportunidades de crescimento e autoconhecimento. Perguntar a si mesmo o que está por trás desses sentimentos pode oferecer insights valiosos sobre suas necessidades e desejos. Aprender a gerenciar e expressar emoções de forma saudável pode resultar em uma maior resiliência emocional.

O estresse no local de trabalho é inevitável, mas como ele é gerenciado determinará se funciona a favor ou contra. Dessa forma, a equipe que fica sob responsabilidade de pessoas reflexivas e que gerenciam bem seus sentimentos e emoções passa a valorizar esse comportamento e se inspira nele, adaptando-se melhor às mudanças e tomando decisões de mais qualidade.

Desenvolver a inteligência emocional é uma jornada que exige paciência e comprometimento. Capacitar pessoas envolve, entre outros pontos, ouvir ativamente suas ideias, preocupações e aspirações. Também engloba deixar de lado o microgerenciamento, que sufoca a criatividade e o crescimento, e delegar tarefas com base nos pontos fortes e nos interesses dos membros da equipe. Esse processo é constante e requer dedicação para alcançar resultados. A jornada é contínua, mas os frutos colhidos são inestimáveis.

Heverton Peixoto é engenheiro civil com MBA em Corporate Finance no Insead, CEO do Grupo Omni e conselheiro do Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da FGV