Aquisições e crescimento orgânico dão visibilidade à argentina Globant no Brasil
Por Aline Almeida
O Brasil, maior economia da América Latina e parte dos países emergentes, tem se tornado um destino atraente para empresas que buscam ampliar sua presença. A Globant, empresa de tecnologia argentina, é um exemplo disso. Com o objetivo de transformar e reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras, está no Brasil há dez anos e tem como objetivo expandir cada vez mais por aqui. A empresa chegou ao País em 2014 e, até 2019, experimentou um crescimento modesto. No entanto, a partir de 2020, a Globant passou a adotar uma estratégia mais agressiva, impulsionada tanto pelo crescimento orgânico quanto por aquisições estratégicas. “A Globant começou a olhar o Brasil de uma maneira diferente, o país se tornou um ponto central para os investimentos da Globant na América Latina”, disse Carlos Morais, diretor executivo da Globant no Brasil.
Fundada em 2003 na Argentina, a Globant opera em 33 países e conta com mais de 29 mil funcionários, conhecidos como “globers”.
No Brasil, a companhia tem consolidado sua presença local por meio de uma estratégia de crescimento que inclui aquisições.
• Entre as empresas adquiridas estão Avanxo, GA, Nèscara, Iteris (a mais recente) e Genexus, que, apesar de ter sede no Uruguai, possui operações e referências importantes no Brasil, além da GUT.
• Em 2023, a Globant registrou uma receita de US$ 2,09 bilhões, representando um crescimento de 17,7% em relação a 2022, e abriu capital na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) neste ano.
A companhia se dedica a ajudar as principais empresas globais a se reinventarem digitalmente, impulsionando seus negócios e maximizando seu potencial.
Atuando em três principais verticais:
• primeiro, desenha e implementa processos personalizados de transformação digital para clientes como FIFA, Disney, Novartis, Santander e LA Clippers;
• segundo, integra soluções digitais em parceria com líderes tecnológicos como Salesforce e SAP;
• por fim, por meio da Globant X, desenvolve produtos inovadores, como StarMeUp, Augoor e Magnify, que oferecem soluções tecnológicas avançadas.
“A Globant começou a olhar o Brasil de uma maneira diferente, o país se tornou um ponto central para investimentos na América Latina”.
Carlos Morais, diretor executivo da Globant no Brasil
MARCA
Entre seus projetos de sucesso, a Globant desenvolveu uma solução inovadora para o Banco Galicia, reprojetando sua plataforma e criando a Nera, uma plataforma de finanças para o agronegócio, em tempo recorde. É uma nova página web e móvel conectada a produtores e fornecedores do setor agrícola, que facilita transações e simplifica processos. Em 2023, a Nera registrou mais de US$ 695 milhões em empréstimos para empresas do setor agro, com mais de 13 mil transações realizadas, 1,4 mil fornecedores operando e 4 mil produtores financiados.
Morais destacou que um dos maiores desafios da Globant no Brasil é conquistar o mesmo reconhecimento que a empresa já tem no exterior. “Nosso investimento aqui é estratégico, focado em posicionar a marca de maneira sólida no mercado brasileiro. Um dos pilares do nosso crescimento é nossa expertise em Inteligência Artificial, pela qual somos reconhecidos mundialmente”, reiterou o executivo.
Em 2023, a Globant reforçou sua presença no Brasil com a inauguração de um novo escritório em São Paulo, que inclui um Centro de Inovação em Tecnologias Emergentes, como IA e Computação Quântica, consolidando a capital paulista como sede da operação da Globant na América Latina.
Morais também ressaltou a empresa visa ir até os talentos, com escritórios em cidades com mais de 300 mil habitantes, reforçando seu compromisso em estar próximo dos colaboradores locais e contribuindo com o desenvolvimento regional. “A nossa meta é ir até o talentos, não os talentos virem até nós”, explicou o diretor.
17,7%
foi o aumento da receita de 2022 para 2023, ano em que o balanço da empresa fechou em US$ 2,09 bilhões
Sobre as tendências, o executivo destacou que os clientes estão cada vez mais atentos aos dados que integram às suas operações, o que gerou uma demanda por profissionais com habilidades específicas, antes não tão requisitadas. “Agora, as áreas de negócios estão se voltando para a inteligência de dados, algo que deixou de ser uma responsabilidade exclusiva do setor de tecnologia”, afirmou. Segundo ele, essa descentralização permite que as áreas compreendam como utilizar esses dados de maneira mais estratégica, trazendo benefícios claros para as empresas.
Ele também comentou outra tendência, que é a reavaliação das estratégias de investimento em tecnologia, especialmente devido aos gastos acelerados durante a pandemia. “Muitas empresas realizaram investimentos de forma rápida, sem uma análise detalhada dos benefícios a longo prazo. Hoje, elas estão adotando uma abordagem mais cuidadosa, priorizando projetos menores, mas que entregam resultados mais consistentes”, avaliou Morais.