Tecnologia

Holandesa Getronics, de tecnologia e serviços TIC, investe no Brasil para crescer

Empresa europeia aposta em soluções customizadas para buscar a liderança na América Latina

Crédito: Freepik

Para a CCO da Getronics, o que a empresa realmente faz é entender as necessidades dos clientes e oferecer soluções tecnológicas adequadas (Crédito: Freepik)

Por Aline Almeida

Na era da transformação digital, muitas empresas de tecnologia adotam esse termo para se definir. No entanto, para Elisabete Mleczak, CCO (Chief Commercial Officer) e primeira mulher a integrar o comitê executivo global da Getronics, essa transformação vai além de um conceito superficial. A Getronics, uma companhia holandesa de tecnologia e serviços TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), com sólida expertise em Digital Workspace, multi-cloud, segurança e aplicações de negócios, segue uma abordagem mais prática. “Prefiro não usar o termo ‘transformação digital’, pois é abrangente demais. O que realmente fazemos é entender as necessidades dos clientes e oferecer soluções tecnológicas adequadas”, explica Elisabete.

Com mais de 130 anos de história, a Getronics anunciou o relançamento de sua marca na América Latina, abrangendo Brasil, Argentina e Chile, onde anteriormente operava sob o nome Connectis.
O rebranding reflete a consolidação de suas operações na região nos últimos três anos.
• No Brasil, a empresa projeta um crescimento superior a 30% nos próximos dois anos, após um aumento expressivo de 50% entre 2020 e 2023.

Segundo Mleczak, mais de 60% dos negócios da empresa na América Latina estão focados no desenvolvimento de aplicações. Para ela, o domínio dessas aplicações é um passo fundamental para que as empresas avancem rumo à transformação digital completa. “Hoje, todo mundo utiliza o celular para algo, e até empresas que não são de TI estão se transformando em empresas de software. Isso cria uma excelente oportunidade de mercado”, afirma Elisabete.

(Divulgação)

“Todo mundo usa o celular para algo hoje em dia, até empresas que não são de TI estão se transformando em empresas de software. Isso cria uma excelente oportunidade de mercado”
Elisabete Mleczak, CCO da Getronics

O diferencial da Getronics, segundo a executiva, é o respeito às especificidades locais. Embora atenda a clientes globais, a empresa reconhece as limitações e regulamentos de cada país. “Nosso diferencial é que, mesmo conseguindo escalar clientes globalmente, entregamos soluções de forma personalizada e local para cada cliente”, ressalta Mleczak, destacando que isso permite à empresa competir com grandes players ao respeitar as particularidades de cada mercado.

Um dos maiores desafios dos clientes no setor de tecnologia é a migração para a nuvem. Muitas empresas que antes operavam com sistemas locais agora precisam adaptar suas soluções ao ambiente de cloud, o que exige a modernização de softwares e uma integração complexa entre sistemas diversos. “Os clientes precisam se adaptar à nova realidade de interfaces e conexões com bancos e outras entidades, que antes eram locais e agora estão na nuvem. O maior desafio é garantir que todas as integrações com os sistemas existentes funcionem adequadamente”, enfatiza Elisabete.

No Brasil, a Getronics opera em todos os estados, com escritórios em São Paulo e Brasília. O Banco do Brasil, por exemplo, é atendido diretamente a partir da capital federal, onde a empresa também gerencia uma fábrica de software que serve ao setor financeiro. “Nossa fábrica de software em Brasília nos permite atender o Banco do Brasil e outros importantes clientes do setor financeiro”, observa a executiva.

A atuação em São Paulo é igualmente estratégica. Nos últimos três anos, um dos projetos mais importantes foi a criação de um Centro de Operações, que também atende clientes internacionais. “Um dos clientes globais que apoiamos nesse centro é a Electrolux”, explica Mleczak. Esse centro posiciona a empresa de forma competitiva tanto no mercado nacional quanto no global, oferecendo recursos e suporte a uma base de clientes diversificada.

A Getronics está em negociações para expandir sua presença geográfica para o México. A estratégia ainda está em definição, seja por meio da criação de uma operação do zero ou pela aquisição de uma empresa já estabelecida no país. “Nos últimos quatro anos, crescemos a dois dígitos consecutivos, mesmo durante a pandemia, com um aumento médio de cerca de 20% ao ano”, destaca Mleczak. Esse crescimento coloca a América Latina como a região de melhor desempenho para a empresa.

Além do crescimento em receita, a empresa, que faturou 300 milhões de euros globalmente, tem contribuído para o desenvolvimento de softwares e participado de projetos que agregam valor ao mercado externo. No Brasil, o crescimento foi ainda mais notável: “Em 2023, crescemos mais de 30%, e para este ano, a previsão é de mais 30% de aumento”, acrescenta Mleczak, reforçando a importância do mercado latino-americano.

LIDERANÇA

O crescimento da Getronics no Brasil está diretamente ligado à ascensão de Elisabete Mleczak na organização, e da grande capilaridade geogrâfica da companhia no mundo, onde opera em 23 paîses.
Ela foi convidada para aplicar sua expertise e replicar o sucesso obtido em outras regiões. “Eles queriam que eu trouxesse essa expertise para aplicar aqui [na Europa], da mesma forma que já fiz antes”, comenta.
• Embora Mleczak reconheça que sua nomeação não tenha ocorrido apenas por ser mulher, ela destaca a importância de sua experiência em mercados emergentes.
Proveniente de uma região que exige resiliência para lidar com constantes mudanças governamentais, sua trajetória comprova que a liderança feminina ainda enfrenta desafios, mas também é capaz de impulsionar o sucesso em ambientes competitivos.