Black Friday: empresas e entidades fecham o cerco contra golpes digitais
Febraban lança selo para orientar consumidores a evitar armadilhas nas compras on-line e destacar as empresas que adotam as melhores práticas do mercado
Por Debora Ghivelder
Com a aproximação da Black Friday, o número de transações comerciais aumenta significativamente, e, com isso, também cresce o volume de golpes pela internet. Proliferam sites falsos de compras e mensagens fraudulentas que se passam por instituições financeiras, solicitando dados sensíveis dos consumidores. Entre as fraudes mais comuns estão aquelas que envolvem o Pix. Para mitigar esses riscos e proteger tanto empresas quanto clientes, diversas instituições têm intensificado investimentos em segurança.
A Agência Lupa, especializada em checagem de fatos, lançou recentemente, em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o site “Será que é Golpe?”. A plataforma tem como objetivo ajudar os brasileiros que foram vítimas ou que desconfiam ter sido alvos de crimes digitais. O site reúne mais de 120 conteúdos verificados sobre diferentes tipos de golpes digitais, além de fornecer orientações sobre como proceder caso a pessoa já tenha sido enganada.
“É essencial que as empresas se conscientizem sobre a importância de alertar clientes.”
Luiz Otávio Balduino, diretor jurídico da Pixtopay
Segundo a Lupa, nos últimos 12 meses, 24% dos brasileiros com mais de 16 anos foram vítimas de golpes digitais, o que representa mais de 40,85 milhões de pessoas afetadas por perdas financeiras decorrentes desses crimes. Esses dados são de uma pesquisa divulgada pelo Instituto DataSenado no início de outubro. Ainda, conforme o Banco Central (BC), de janeiro a julho de 2024, foram registrados mais de 2,5 milhões de pedidos de devolução de valores por fraude no Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado em 2021. Esse cenário levou a agência a criar a nova ferramenta.
“Decidimos lançar essa plataforma gratuita para que todos os cidadãos possam identificar esse tipo de crime e se sintam mais protegidos. Nossa parceria com o Idec e o CI traz conteúdos confiáveis e orientações claras, contribuindo para a diminuição dessas estatísticas no País”, explica Natália Leal, diretora-executiva da Lupa.
Para Igor Lodi Marchetti, advogado do Idec, o consumidor está cada vez mais vulnerável, tratando-se de uma questão de segurança pública. “A plataforma é uma iniciativa importante para dar visibilidade a esse problema, em que o consumidor é a parte mais vulnerável”, afirma.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), por sua vez, lançou na última terça-feira (22), em parceria com a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), o “Selo de Prevenção a Fraudes”. Essa iniciativa busca fortalecer a integridade das operações no Brasil, reconhecendo as instituições que seguem rigorosos critérios de prevenção, combate e conscientização sobre fraudes. Na primeira etapa do projeto, 17 bancos receberam o selo, que estará visível nos sites das instituições.
“Decidimos lançar essa plataforma para que todos possam identificar esse tipo de crime.”
Natália Leal, diretora-executiva da Lupa
“A certificação visa garantir que as instituições adotem as melhores práticas de mercado, assegurando um ambiente mais seguro para os consumidores. A CNF, responsável pela governança do selo, trabalhará em parceria com uma consultoria especializada para realizar a avaliação das candidatas, garantindo imparcialidade e rigor técnico no processo”, explica Rodrigo Maia, diretor-presidente da CNF.
Isaac Sidney, presidente da Febraban, também destacou que os bancos associados investem anualmente cerca de R$ 4 bilhões em sistemas de segurança da informação, sendo a prevenção a fraudes uma das principais diretrizes do setor.
No setor privado, empresas também estão adotando medidas para se proteger e mitigar riscos. A Pixtopay, empresa de soluções de pagamento digital, registrou um aumento de aproximadamente 400% nos casos de fraude entre dezembro de 2023 e maio de 2024. Fraudes relacionadas a programas sociais representam pouco mais de 70% das ocorrências. Além disso, há um crescimento nas falsas lojas virtuais que não realizam entregas e em esquemas de ganhos rápidos. “É essencial que as empresas se conscientizem sobre a importância de alertar seus clientes”, diz Luiz Otávio Balduino, diretor jurídico da Pixtopay.
A empresa, que movimenta R$ 4 bilhões por mês, tem investido em medidas de segurança e em campanhas de orientação aos consumidores para evitar que se tornem vítimas de fraudes.