Líder, como garantir o amanhã da sua empresa?
Por César Souza
Estamos vivendo um novo momento no cenário macroeconômico, com imposição de ajustes inevitáveis e reinvenção sem precedentes no mundo empresarial. Cada empresa, sem exceção, qualquer que seja o porte ou tipo de negócio, precisa fazer uma reflexão estratégica sobre seu futuro, com alguns questionamentos a serem devidamente aprofundados e muitos desafios a serem superados.
Qual rumo seguir? Qual negócio devemos focar? De quais seria melhor sair? Quais oportunidades estão inexploradas no mercado? Quais competências precisamos adquirir? Como atingir melhores resultados? Temos grau satisfatório de eficiência operacional? Nosso modelo de gestão, estrutura e os perfis de pessoas que temos são adequados para a estratégia que desejamos implementar? Enfim, quais as prioridades para os próximos anos? Em qual patamar desejamos estar em 2025? E em 2030?
A reflexão estratégica deve ser vista como uma espécie de antessala do planejamento estratégico tradicional. Quase que um pit stop prévio. Em muitas empresas, o planejamento estratégico acabou virando sinônimo de ajustes do orçamento para o ano seguinte. Afinal, a estratégia não pode ser vista como uma mera projeção estatística do passado.
As empresas não podem aguardar passivamente os acontecimentos nem ficar buscando culpados nos concorrentes, nos governos, na tecnologia, na legislação, enfim, nas circunstâncias. Precisam focar nas soluções e transcender os problemas advindos das taxas de juros, do câmbio, das incertezas tributárias, dos custos absurdos da nossa logística e das novidades tecnológicas que têm destruído negócios tradicionais da noite para o dia.
Chegou a hora de construir modelos de negócios autossustentáveis, como o caminho estratégico viável que poderá levar cada empresa a superar as adversidades do presente e a garantir um lugar no futuro.
A reflexão estratégica é fundamental para alinhar e comprometer as pessoas relevantes com uma visão de futuro compartilhada. Desta forma, tornadas claras e explícitas as convergências e os pontos ainda a convergir, com alto grau de sinergia é possível estabelecer o propósito comum e desdobrar o planejamento estratégico entre as diferentes áreas e unidades de negócios.
Esse alinhamento é essencial porque precisa colocar na mesma página os mais diversos níveis hierárquicos da organização, tais como acionistas, investidores, o Conselho de Administração e a Diretoria, ou membros de uma família (nas empresas familiares) e os líderes das várias áreas. À primeira vista, fazer os atores dessa dinâmica convergir pode parecer simples, mas a sintonia tem sido, infelizmente, mais exceção do que a regra.
Em alguns casos, os dirigentes possuem visões nem sempre harmônicas. Embora possuam a melhor das intenções, na maioria das vezes, isso faz com que acabem remando o barco em direções diferentes, gerando desperdícios e conflitos que poderiam ser evitados, se a agenda estratégica tivesse sido combinada antes.
Percalços também surgem quando fundos de investimento ou sócios minoritários estão em conflito ou desalinhados com o rumo da companhia. Nas empresas familiares, quem não conhece alguma história de negócio que ficou à deriva enquanto havia conflitos entre diferentes ramos da família?
A reflexão estratégica é um primeiro passo que deve ser desdobrado em toda uma sequência de etapas. Esse movimento também é crucial para aumentar a taxa de sucesso na execução da estratégia, um imperativo que bate à porta desde que começa o planejamento. Chegou a hora de as empresas carimbarem seus “passaportes para o futuro”, uma peça importante para garantir a travessia rumo ao amanhã.
César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda