Uma fintech para a economia prateada
Ao completar 80 anos, um dos mais tradicionais bancos do País quer se tornar a porta digital para o público mais maduro
Por Jaqueline Mendes
Internet das coisas, inteligência artificial e hiperautomação são termos cada vez mais usados para se referir aos avanços de novas tecnologias no Brasil e no mundo. Para acompanhar esse movimento e se conectar a um novo perfil de clientes, empresas e organizações têm elevado seus investimentos na chamada economia prateada.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio, a economia prateada engloba quase 55 milhões de pessoas movimenta mais de R$ 1,5 trilhão ao ano.
É de olho nesses números que está o Banco Mercantil. Ao completar 80 anos, a instituição mineira quer se posicionar como um ecossistema de serviços financeiro para as pessoas 50+, acelerando sua transformação digital sem abrir mão dos clientes grisalhos.
A julgar pelos números, a estratégia tem dado certo. De acordo com o jovem CEO da instituição, Gustavo Araújo, o crescimento do banco no último trimestre foi superior à média do mercado. Houve um aumento significativo da base de clientes, que hoje soma 6,7 milhões, 35% a mais que em igual período do ano anterior.
“Mesmo em um cenário econômico desafiador, a qualidade da carteira de clientes do Banco Mercantil tem apresentado melhoria contínua”, disse.
Outro ponto que o executivo destaca é a inadimplência. No primeiro trimestre deste ano, a taxa registrou queda de 1,1 ponto percentual, chegando a 2,8% no Mercantil, enquanto a média do País teve alta de 5,1% no período.
Ainda segundo Araújo, o banco também registrou um salto nos indicadores de seus canais digitais, fruto do esforço para acelerar o processo de digitalização. Houve mais de 5,3 milhões de atendimentos por WhatsApp, uma evolução de 203% quando comparado ao exercício anterior. Foram registrados mais de 400 mil contratos e R$ 100 milhões de antecipação do saque FGTS. A plataforma digital já representa mais de 60% de todos os atendimentos da instituição.
Open Finance
Tudo isso foi possível devido a investimentos em duas frentes. A primeira foi a aquisição, no final do ano passado, de participação societária da fintech Gyra+, plataforma digital de crédito e uma das pioneiras na ampliação do Open Finance no Brasil.
Para o executivo de Soluções Externas do Mercantil, Vinicius Monteiro, firmar parcerias com fintechs tem sido fundamental no processo de conversão digital. “Com isso, o banco incrementa suas competências na qualidade da oferta de crédito, passando a ter parceiros relevantes para avançar em novas frentes, em um mercado de oportunidades”, disse Monteiro.
Outra ação nesse sentido foi a criação do Domo, um hub de inovação e tecnologia que visa promover iniciativas ligadas à aceleração do crescimento e resultados a partir da integração de pessoas, tecnologias e startups. “O objetivo é criar soluções na medida para os clientes, ajudando o Mercantil a ser cada vez mais eficiente e adaptado aos desafios do mercado”, afirmou o executivo.
Estre elas estão o MeuMB, novo portal de oferta de crédito a parceiros comerciais, a aquisição de ferramentas robustas de monitoramento do parque tecnológico, e as mudanças no App Mercantil, que foi completamente redesenhado para oferecer serviços mais funcionais à geração 50+.
Nesse processo de mudança, até a marca do banco mudou. A partir do segundo trimestre deste ano, a instituição passou a usar uma nova identidade visual, com reformulação do logotipo, para ter uma aparência mais simples e próxima de sua clientela prioritária, em sua maioria formada por clientes de mais idade.
“O nosso público, especialmente a população 50+, que representa 75% dos nossos mais de 6 milhões de clientes, está cada vez mais exigente em termos de agilidade”, disse Araújo. “Por isso, buscamos o que existe de melhor em termos de tecnologia, segurança e usabilidade, seja no atendimento físico ou digital”. Uma estratégia para reforçar a confiança de quem já conhece o Mercantil há muito tempo.