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A joia do hidrogênio verde

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Hidrogênio verde é produzido a partir da eletrólise da água, processo que separa o hidrogênio do oxigênio por meio de corrente elétrica (Crédito: Divulgação)

Por Paula Cristina

Um combustível produzido a partir de um processo químico que não emite gás carbônico, um produto que pode se transformar em aço, amônia e até metanol. Uma solução que pode levar o Brasil ao topo da responsabilidade ambiental no mundo. Estas são definições precisas do hidrogênio verde, um meio de produção que o Brasil tem tentado tirar do plano das ideias e aplicar na economia real. Algumas iniciativas, já começaram a dar resultados, mas o caminho é longo. O alto custo de produção, a falta de regulamentação, os riscos de explosão e a dificuldade de identificar vazamentos são fatores que ainda tiram o sono de cientistas debruçados neste tema.

● Hoje o custo de fontes como o hidrogênio verde (H2V) varia entre US$ 2,83 e US$ 6,16 por quilo, de acordo com a consultoria Clean Energy Latin America (Cela).

● A cifra pode ir para US$ 1,69 com otimizações técnicas e operacionais, redução de custos de investimento e incentivos fiscais.

● A título de comparação, o valor é oito vezes maior que em usinas que usam combustível fóssil e seis vezes superior à de fontes renováveis.

Mas o que faz este tipo de combustível ser tão caro? O hidrogênio verde é produzido a partir da eletrólise da água, um processo que separa o hidrogênio do oxigênio por meio de uma corrente elétrica. A energia utilizada para esse processo pode vir de fontes renováveis, como a eólica e solar.

E, segundo José Carvalho Neto, da secretaria de energias renováveis da ONU, o elevado custo está associado à baixa escala. Ele estima que até 2030 o Brasil precisaria investir cerca de US$28 bilhões para ser competitivo.

Quem deve puxar investimentos é a Petrobras, que anunciou dia 10 de outubro aportes de R$ 90 milhões para a construção de uma planta piloto na Usina Termelétrica do Vale do Açu, no Rio Grande do Norte. “É o primeiro passo para futuras iniciativas comerciais no segmento de hidrogênio sustentável”, disse o diretor de Transição Energética, Maurício Tolmasquim.

Para estimular a produção em outras frentes, o governo assinou em dezembro a implementação de uma fábrica para produção do hidrogênio em larga escala. O espaço ficará na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Pecém (CE).

O projeto da Brasil Fortescue Sustainable Industries prevê R$ 17,5 bilhões em investimento, com capacidade de produção de 1,2 GW, por ano, podendo chegar a 2,1 GW.

No dia 18 de dezembro o Banco Mundial anunciou a doação de US$ 9 milhões para o programa. Segundo o vice-presidente e chefe do Mdic, Geraldo Alckmin, a ZPE de Pecém “se torna um símbolo dessa nova era.” A primeira lapidada no que pode ser a joia mais importante do Brasil em muito tempo.