Finanças

B3: a surpreendente disparada dos dividendos

Volume de proventos anunciados pelas empresas listadas na B3 em 2024 deve ficar na terceira colocação da história em termos de pagamento de proventos, atrás apenas dos resultados de 2022 e 2021

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Apesar do crescimento no pagamento de dividendos, a proporção de pagamento de proventos no formato JCP encerrou o ano em 40%, uma queda de 7% em relação a 2023 (Crédito: Divulgação)

Por Jaqueline Mendes

No mês de novembro, as empresas da bolsa pagaram, juntas, R$14,77 bilhões em proventos aos acionistas. O levantamento foi realizado pela Meu Dividendo, plataforma especializada na antecipação de proventos. É esperado, somente para o mês de dezembro, um volume superior a R$ 50 bilhões. A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2024 realizada entre meados de outubro e durante todo o mês de novembro surpreendeu analistas de mercado com números promissores para a maior parte das companhias. Isso se vê refletido no grande volume de proventos anunciados durante todo o período de divulgação dos resultados. No entanto, o ano de 2024 deverá ocupar apenas o terceiro lugar no ranking de proventos distribuídos, ficando atrás de 2022 e 2021.

Por outro lado, o bom desempenho das empresas parece não animar o mercado, e a principal razão desse desânimo vem da falta de um plano robusto de equilíbrio das contas públicas por parte do governo brasileiro, colocando a taxa Selic com potencial de elevação. As críticas apresentadas às mudanças propostas para o governo causaram impactos com a alta do dólar e baixa nos resultados do Ibovespa.

“O desânimo dos investidores em 2024 tem feito com que as companhias reavaliem suas estratégias e invistam em si próprias. Não por acaso existem hoje registrados na B3 mais de 100 processos de recompra de ações pelas empresas da bolsa. Um volume de mais de 20% do total de empresas, contando que existem hoje apenas 428 companhias listadas. Fora aquelas que concluíram seu processo de recompra entre 2023 e 2024, além dos casos de OPA (Oferta Pública de Aquisição), em que as empresas estão deixando a bolsa brasileira”, afirma Wendell Finotti, CEO da plataforma Meu Dividendo.

Plataforma da estatal no litoral brasileiro: a maior empresa brasileira é também a que mais tem distribuído dividendos a seus acionistas nos últimos anos (Crédito:Divulgação)

Os maiores volumes de proventos, no mês de novembro, ficaram por conta das empresas:
● Petrobras (R$ 6,8 bilhões),
● Santander (R$ 1,5 bilhão),
● CSN (R$ 730 milhões),
● Caixa Seguridade Participações (R$ 702 milhões),
● Companhia Paranaense de Energia (Copel), com R$ 485,1 milhões,
● Comgas (R$ 449,4 milhões),
● Localiza (R$ 432,5 milhões),
● Klabin (R$ 432,0 milhões),
● Petrorecôncavo (R$ 379,4 milhões),
● Bradespar (R$ 342 milhões).

CONTRAMÃO

Apesar do crescimento no pagamento de dividendos, a proporção de pagamento de proventos no formato JCP encerrou o ano em 40%, uma queda de 7% em relação a 2023. O segundo semestre é marcado pelo pagamento de proventos no formato JCP, momento em que as empresas já anunciaram os resultados de encerramento do ano anterior e promoveram o pagamento de dividendos, seguindo suas políticas de distribuição de dividendos aprovada, e utilizam o instrumento de JCP como forma de planejamento tributário e remuneração aos acionistas. Em 2024, de janeiro até novembro, o investidor está demorando, em média, 60 dias para receber seus proventos.

Para 2025, há projeções de bons pagamentos de dividendos da CSN. As ações da CSN Mineração (CMIN3) devem pagar mais dividendos que a CSN (CSNA3), segundo analistas da Ágora Investimentos em seu guia de ações. No entanto, os analistas possuem a mesma recomendação para as duas ações devido à dinâmica de preços no mercado internacional.

A equipe da corretora do Bradesco estima que os dividendos da CSN Mineração em 2025 tendem a render 10,4% do valor de mercado da companhia. Os analistas comentam que a mineradora tem apresentado resultados significativos em meio à complexa situação do baixo preço do minério de ferro no mercado internacional. No terceiro trimestre de 2024, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 1,1 bilhão, queda de 43% na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Os resultados mais fracos são explicados por preços mais baixos da commodity, parcialmente compensados por volumes mais fortes e desempenho de custos. Os preços médios caíram 24%, refletindo preços de referência mais baixos (que caíram 11%) e uma pior combinação de produtos”, explicam Rafael Barcellos, do Bradesco BBI, e Renato Chanes, da Ágora Investimentos.