Empreendedora da economia circular
Por Lana Pinheiro
Avanço da agenda ESG no mundo corporativo, amadurecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), pressão dos consumidores. Todos esses fatores associados criaram o cenário ideal para o surgimento e fortalecimento de negócios que há 20 anos teriam poucas chances de escalar.
A startup Solos é um exemplo. Comandada pela fundadora Saville Alves, a empresa atua na gestão de resíduos dentro da lógica da economia reversa em que o grande objetivo é reinserir o máximo de material que ia parar em lixões ou aterros no sistema produtivo.
“Nos últimos quatro anos coletamos 800 toneladas”, disse Saville. “O que gerou mais de R$ 2 milhões em renda distribuídas para 25 cooperativas.”
Este ano, a executiva tem uma meta ousada impulsionada por fechamento de grandes contratos. “Devemos coletar cerca de 550 toneladas até dezembro”, disse.
O foco da Solos é nas embalagens pós-consumo recolhidas em grandes eventos como carnaval e réveillon, e em projetos especiais como o Vidrados que acontece em Caraíva (BA). Na localidade baiana, a Solos foi contratada pela Heineken para dar descarte correto para 100% das garrafas de vidro durante o verão.
Em três anos de trabalho consecutivos, mais de 260 mil garrafas foram retiradas das ruas e praias e reinseridas na indústria. Para os próximos cinco anos, o plano é passar dos seis estados em que atuam (Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) para 20 nas cinco regiões.
Para isso, diferentemente de outras startups, o dinheiro não deve vir de rodadas de investimento e sim do trabalho. “Somos uma empresa que quer vender produtos e não receber capital”, disse a executiva.
1,6 tonelada
de CO2 é a média anual de emissão de cada indivíduo do planeta. Melhor: de cada indivíduo que tem acesso à energia elétrica, transporte motorizado, três refeições por dia e celular. A estimativa é da Clever Carbon.
Governança
Diversidade no Conselho
Encerrado o primeiro semestre do ano, a Vivo mostra melhorias em sua governança ao alcançar a participação de 33% de mulheres no seu Conselho de Administração. O índice representa quase o dobro da média nacional que, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), é de 15,2%. Para Solange Sobral, Conselheira Vivo e sócia da Partner CI&T, ainda que uma empresa possa se considerar diversa por ter mulheres em seu time, para se considerar inclusiva precisa ter representatividade de gênero efetiva na alta liderança. “Esta mudança é chave na nossa jornada rumo a uma sociedade mais sustentável”, afirmou. Em 2022, a Vivo também renovou mais de 40% do seu colegiado, que tem 83% de membros independentes.
Educação
Família Schurmann contra os plásticos
Conhecida por muitos pela escolha de fazer da navegação marítima um estilo de vida, a Família Schurmann está usando sua notoriedade em prol da educação ambiental. Por meio do projeto A Voz do Oceano e em parceria com a Santos Brasil, estão impactando 2,9 mil alunos, 50 educadores e mais 10 mil pessoas da Baixada Santista, em São Paulo, com um programa de conscientização do impacto dos microplásticos na vida marinha. “Acreditamos na educação como base fundamental para uma transformação a longo prazo, capaz de recuperar e preservar nosso Planeta Água”, disse Heloisa Schurmann, uma das líderes da Voz dos Oceanos. O problema que querem minimizar é crônico. Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de toneladas de plástico são despejados nos mares anualmente provocando a morte de 100 mil animais.
Saúde
Literatura juvenil pelas vacinas
Como parte das celebrações do cinquentenário do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a Fiocruz selecionará 30 textos de estudantes brasileiros, para compor um livro que tem a importância da vacinação como tema central. Para participar do 1º Concurso Portinho Livre de Literatura Infanto-juvenil, estudantes de 13 a 16 anos de escolas públicas ou particulares devem escrever um texto em formato dissertativo ou narrativo sobre o tema O Bonde da Vacina: Cuidar de Si Para Cuidar do Outro. Inscrições até 3 de agosto no site da Fiocruz.
Papo Responsável
Entrevista com Jandaraci Araujo, conselheira de empresas como a Future Carbon Group
Em 2020, nove mulheres criaram o Conselheiro 101. Jandaraci Araujo, cofundadora da iniciativa e conselheira de empresas como a Future Carbon Group falou à coluna.
Qual o objetivo do Conselheiras 101?
Não conseguimos aceitar a desculpa dada por empresas de que a ausência de mulheres negras nos Conselhos
era por falta de profissionais com formação e experiência. Foi assim
que decidimos fazer um programa de formação com uma jornada específica para os Conselhos. Este ano, além de mulheres negras, incluímos mulheres indígenas no programa.
Quantas mulheres já foram impactadas?
Cerca de 100, sendo que 47% já estão em conselhos. Nossas turmas são pequenas por questões pedagógicas. Mas este ano vamos nos transformar em um instituto e teremos mais escala.
Uma vez no Conselho, profissionais negras conseguem exercer o seu papel ou viram estatística?
O comportamento de incluir simbolicamente grupos minorizados chama-se tokenismo, e ele existe.
O que fazemos é treinar nossas conselheiras para as dinâmicas
do colegiado e trazer a abordagem técnica da maneira certa para que
não sejam mais uma vítima.
Qual o papel do Estado na inclusão?
Ao Estado cabe ser referência. Quando olhamos as empresas públicas ou autarquias vemos uma presença feminina muito desproporcional. O governo precisa dar o exemplo incluindo mulheres, e que não sejam esposas ou parentes de políticos.