Stellantis ataca com híbridos, na onda dos elétricos
Com participação recorde na América do Sul, grupo das marcas Fiat e Jeep apresenta motorizações eletrificadas com plano de atingir 60% das vendas até 2030
Por Angelo Verotti
A Stellantis atingiu a participação recorde de 23,7% na América do Sul no primeiro semestre deste ano. E o mercado brasileiro segue como principal representante da bandeira na região, com liderança consolidada (32,2% de market share) e palco de transformações que visam o plano de descarbonização da produção anunciado pela matriz no ano passado, com meta de zerar as emissões até 2038. Diante dessa proposta, a montadora apresentou na segunda-feira (31), na planta de Betim (MG), três tipos de motorizações híbridas — e uma elétrica pura — para os carros que serão lançados no Brasil a partir de 2024. O objetivo é que 60% das vendas até 2030 sejam de modelos eletrificados (20% deles puramente elétricos). “Está tudo testado e industrializado”, afirmou Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul. “A aplicação será feita primeiramente nas marcas de maior volume.”
Apesar de não ter revelado quais marcas ou carros farão a estreia da tecnologia batizada de Bio-Hybrid, que combina energia flex e elétrica, o executivo disse que serão bandeiras com grande volume de vendas.
Assim, a suspeita recai sobre a Fiat, líder do mercado nacional entre automóveis e comerciais leves no primeiro semestre deste ano (22,1%), e a Jeep, segunda marca do grupo mais vendida no Brasil e sexta na colocação geral, com 6,7%.
“A tecnologia estará disponível para todas as marcas da Stellantis, e cada uma irá escolher qual adotar dependendo da estratégia de negócios”, afirmou ele, ao destacar que o compartilhamento das motorizações, além de amortizar o custo de desenvolvimento, ajuda no ganho em escala.
Atualmente, o grupo comercializa seis modelos elétricos:
* Fiat 500e
* Fiat e-Scudo,
* Citroën e-Jumpy,
* Peugeot e-208,
* Peugeot e-2008,
* Peugeot e-Expert.
E apenas um híbrido:
* Jeep Compass 4xe.
Segundo os executivos da Stellantis, a infraestrutura brasileira relacionada à eletrificação levará tempo para atender à maior parte da população.
As opiniões divergentes da indústria automotiva em relação à descarbonização são um agravante: enquanto algumas montadoras investem em carros 100% elétricos, outras apostam em híbridos aliados à tecnologia flex.
“O Bio-Hybrid é uma tecnologia de descarbonização da mobilidade que privilegia as características e recursos do Brasil, como o etanol e a energia elétrica limpa”, disse Filosa. “Queremos nacionalizar em médio prazo todos os componentes dessas tecnologias”, afirmou o presidente.
Características
A plataforma Bio-Hybrid traz como elemento um novo dispositivo elétrico multifuncional, que substitui o alternador e o motor de partida. Trata-se de equipamento capaz de fornecer energia mecânica e elétrica.
A Bio-Hybrid e-DCT tem o serviço de dois motores elétricos. O primeiro deles é o que substitui o alternador e o motor de partida.
Adicionalmente, outro motor elétrico de maiores proporções é acoplado à transmissão.
Já a Bio-Hybrid Plug-in possui uma bateria de lítio-íon de 380 volts, recarregada através de sistema de regeneração nas desacelerações, alimentada pelo motor térmico do veículo ou, por fim, através de fonte de alimentação externa elétrica (plug-in).
A plataforma BEV (100% elétrica) é impulsionada por um motor elétrico de alta tensão alimentado por uma bateria recarregável de 400 volts, por meio de sistema de regeneração ou através de plug-in.
“O grupo consolidou a liderança em quatro países e crescemos em todos os países da América do sul” Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do sul
Resultados
As estratégias adotadas pela Stellantis na região têm refletido nos resultados financeiros globais. O grupo encerrou o primeiro semestre com receita de 98,37 bilhões de euros, aumento de 12% na comparação anual, enquanto o lucro líquido aumentou 37%, para 10,92 bilhões de euros.
Com a venda de 411 mil carros na América do Sul entre janeiro e junho, a Stellantis consolidou a primeira posição de participação de mercado não só no Brasil, mas na Argentina (31,2%), no Chile (12,1%) e no Uruguai (24,6%).
“O grupo consolidou a liderança em quatro países e cresceu em todos os países da América do Sul. Mas ainda há muito a fazer”, disse Filosa.
Um sinal de que, seja com motores a combustão, híbridos ou eletrificados, o grupo continua a acelerar forte pelas ruas e estradas do continente.