Discreta, Allied Brasil cresce a partir dos EUA
Líder na distribuição de eletrônicos com mais de 500 mil produtos comercializados por ano atinge receita de R$ 6,4 bilhões após expansão internacional
Por Celso Masson
Caso você nunca tenha ouvido falar da Allied Brasil, não se espante com o que lerá a seguir. A empresa fundada em 2001 e que abriu capital na B3 em abril de 2021 é uma máquina de vendas que não para de crescer – e de gerar lucros espantosos. Entre os pilares do negócio estão:
* a distribuição de produtos eletrônicos para quase 3,9 mil clientes em uma dezena de categorias (com destaque para mobile, computadores, videogames e TVs),
* atuação no varejo físico (com 131 pontos de venda),
* varejo digital,
* uma plataforma de crédito criada para financiar aquisições de celulares, a Soudi, presente em mais de 401 locais em todo o País (267 lojas e quiosques da marca Samsung e 134 lojas de operadoras).
Segundo o CEO da companhia, Silvio Stagni, “a Allied visa enriquecer a experiência dos consumidores por meio de soluções inovadoras e uma abordagem diversificada” – algo que pode parecer um tanto etéreo como propósito, mas que fica sólido como ouro quando traduzido em números.
No relatório financeiro do último trimestre, divulgado no início de agosto, a empresa apresentou receita bruta de R$ 1,7 bilhão, resultado que eleva para R$ 6,4 bilhões a receita somada dos últimos 12 meses. “Obtivemos lucro líquido de R$ 18 milhões no período, com Ebtida de R$ 71 milhões”, afirmou Stagni.
Por trás desse forte desempenho está não apenas o sucesso de sua estratégia de encantar o cliente como uma aposta feita pelo executivo no ano passado: internacionalizar a operação a partir de Miami, nos EUA. A Allied iniciou suas operações na Flórida com um centro logístico para a distribuição de produtos para a América Latina.
A estimativa inicial era atingir R$ 600 milhões em receita com essa operação ao longo de 2023. Apenas no primeiro semestre, a receita alcançada foi de R$ 894 milhões. “Considerando o curso da operação, o guidance foi revisado para o intervalo entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2 bilhões em 2023”, afirmou o CEO.
Apple
A estratégia de expansão internacional tem dois objetivos.
O primeiro é compensar a retração do mercado interno. Segundo Stagni, desde o segundo trimestre do ano passado a empresa tem sentido os efeitos da contração da demanda por produtos eletrônicos, o que teria impactado adversamente o segmento de distribuição no Brasil. Outro fator é a oportunidade de ocupar espaço na América Latina de modo inteligente. A empresa mapeou 160 potenciais clientes para distribuir produtos da Apple em todo o continente. “Já estamos com 17 clientes em 20 países”, disse Stagni.
A operação é baseada em itens de “alto valor agregado e baixa cubagem” – ou seja, mais fáceis de transportar, o que traz ganhos logísticos. “Nosso foco para os próximos anos é expandir o portfólio de produtos e atuar em todos os países da América Latina”, afirmou.
A conquista da América, porém, não é o único voo que a Allied pretende alçar. Há um ano, a empresa deu início à criação de uma Sociedade de Crédito Direto (SCD).
O objetivo é constituir uma instituição financeira para operar em sinergia com a Soudi, plataforma que já possui uma carteira de crédito de R$ 59,5 milhões para financiar aquisições de celulares Samsung nas operações de varejo físico da Allied.
Segundo Stagni, a criação da SCD está em linha com a estratégia de expansão da Soudi por prever novas linhas de receita com diferentes produtos financeiros, redução de despesas operacionais (como gestão de boletos), e alívio na carga tributária da operação.
Além da Soudi, a Allied opera duas parcerias estratégicas: o programa iPhone Pra Sempre, com a Apple e o Banco Itaú; e o Xbox All Access, com a Microsoft e o mesmo banco. “O posicionamento da Allied no setor e a expertise em resolver ineficiências do mercado faz com que sejamos um player estratégico para operacionalizar esse tipo de parceria”, afirmou Stagni. “Seguiremos buscando esses caminhos para trazer mais crescimento”.