Corretora de resseguros Latin Re fecha parceria com o Lloyd’s
Latin Re se torna a primeira corretora brasileira a obter licença para operar diretamente no principal marketplace de seguros e resseguros do mundo
Lloyd's: marketpace europeu reúne as principais companhias do setor (Crédito: Nicholas Guttridge)
Por Angelo Verotti
São apenas quatro anos de existência, mas com marcas de fazer inveja a empresas mais longevas. A Latin Re, corretora independente fundada em 2019, alcançou um feito histórico ao se tornar a primeira do Brasil a obter a licença para operar diretamente no Lloyd’s, o principal marketplace de seguros e resseguros do mundo, em Londres. “É um marco significativo para a Latin Re e para o mercado de seguros e resseguros brasileiro como um todo”, disse à DINHEIRO a CEO Maria Eduarda Bomfim, a Duda, ao destacar que a Latin Re está preparada para oferecer soluções personalizadas, inovadoras e com maior alcance.
“A gente tem agora a janela do mercado regional, com o nosso escritório em Miami, e a janela do mercado de Londres com a nossa licença do Lloyd’s.” Até então, as operações das companhias nacionais no marketplace ocorriam apenas por meio de parceiros internacionais.
A obtenção da licença para operar diretamente no Lloyd’s permite que a Latin Re venda diretamente aos underwriters de Londres os riscos de resseguros de toda a América Latina, além de gerar uma série de benefícios tanto para as seguradoras locais como para os clientes finais.
“Não existe ninguém melhor e mais bem preparado para fazer a colocação de um risco do que eu [Latin Re]”, afirmou a executiva, que aponta como diferencial no trabalho da empresa entender a realidade do cliente, do negócio dele e a sua cultura. “Os parceiros com os quais trabalhamos em Londres recebem demanda do mundo inteiro e não conseguem dar o grau de atenção e de especialização que conseguiremos tendo essa licença direta”, disse.
A autorização foi obtida, segundo Duda, após a Latin Re cumprir uma série de condições. Isso envolveu, por exemplo:
* apresentar um business plan de dez anos de negócio,
* uma estratégia para alimentar a rede do Lloyd’s,
* além de mostrar o montante que já transaciona com o marketplace (a corretora fazia isso por meio de parceiros em Londres) e o quanto pode levar para o Lloyd’s.
“A gente mostrou o tamanho do nosso negócio. Foi um investimento pesado financeiro e também de tempo.”
A conquista ocorre em período de expansão da Latin Re que, em junho, iniciou o processo de internacionalização com a abertura de um escritório de consultoria em resseguros e seguros de grande risco em Brickell, coração financeiro de Miami, no estado americano da Flórida.
O movimento visa tornar a Latin Re a melhor corretora de resseguros da América Latina. “É o principal hub de seguros e resseguros da América Latina”, afirmou a CEO.
A escolha da Flórida foi estratégica. O estado tem sido um dos mais afetados por catástrofes naturais nos Estados Unidos e tem sido apoiado em peso pela indústria de seguros.
O país é o líder no ranking de seguros no mundo, de acordo com estudo do Swiss Re, com vendas de US$ 2,5 trilhões.
Na América Latina o montante chegou a US$ 151 bilhões, puxado pelo Brasil, com US$ 62 bilhões.
No mundo os negócios superaram os US$ 7 trilhões. Já o mercado de resseguros passa por um processo de descentralização com a flexibilização da abertura do setor, em 2007.
A expansão não está concentrada em Miami. A corretora já investe também na Colômbia, Chile, Peru e Guatemala, com aportes totais que devem chegar a US$ 5 milhões. “Estamos prontos para expandir nossas operações no mercado internacional, contribuindo para o crescimento e aprimoramento do setor como um todo”, afirmou Felipe Aragão, sócio-fundador e CCO da Latin Re.
As iniciativas seguem em linha com o processo de incremento dos negócios, embalados por um carteira de clientes composta por:
* banco digitais,
* geradoras de energias,
* companhia aérea.
O trabalho desempenhado tem mostrado resultado. Organicamente, a corretora apresentou crescimento de 100% em 2021, de 50% no ano passado e, com a implantação de novas linhas ao portfólio, a estimativa é de 80% em 2023.
A previsão é manter um ritmo de crescimento constante de 50% nos próximos três anos motivado, segundo a empresa, pela carência de serviços de qualidade no setor, embora haja limitações impostas pela capacidade do serviço.
Para Rafaela Barreda, diretora do Lloyd’s no Brasil, a parceria com a Latin Re permitirá ao marketplace atender às crescentes necessidades da região, ao mesmo tempo em que fortalecerá as relações com seguradoras, corretoras de seguro e resseguradoras locais. “A Latin Re possui ampla experiência em resseguros e conhecimento regional do mercado no Brasil e América Latina”, disse.