ESG

O jeito Coca-Cola de ser sustentável: transformar garrafa PET em… garrafa PET

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Meta é reciclar ou reaproveitar o equivalente a 100% das embalagens até 2030 (Crédito: Divulgação)

A grosso modo a linha de produção de uma garrafa PET é assim: começa com extração do petróleo, que se transforma em nafta, resina plástica, garrafas PET que passam pelo envase, rotulagem e, voilá, a garrafinha de refrigerante chega ao consumidor que ingere a bebida e joga o petróleo transformado no lixo. “Agora, o pós-consumo não é o fim. É um recomeço”, afirmou Tamires Silvestre, head de ESG da Coca-Cola Femsa Brasil.

Na era da economia circular, em vez de ir para o lixo, a garrafa PET é coletada, separada, triturada, transformada em resina, que vira garrafas PET — ou outros materiais — que voltam em forma de novos produtos para o consumidor.

Para operar neste segundo ciclo, a Coca-Cola Femsa Brasil criou uma operação batizada SustentaPET. Sua missão é ajudar a marca a cumprir o compromisso de reaproveitar ou reciclar o equivalente a 100% das embalagens que coloca no mercado global até 2030. Em 2022, o percentual foi de 43%, o que equivale a cerca de 3 bilhões de garrafas somente no Brasil.

Criada em 2019 em parceria com a Coca-Cola Brasil, a primeira unidade da SustentaPET está localizada em São Paulo, capital. A operação funciona como uma agregadora de plásticos PET coletados em centros urbanos.

Em uma ponta, compram o material de catadores, coletores individuais, cooperativas e ONGS.

De outra, vendem para empresas de plástico e grandes recicladoras.

Hoje no total, são 234 parceiros cadastrados. O preço varia muito. Em 2022, o quilo de PET ultrapassou os R$ 4,00. Mas, atualmente, está em menos de metade disso — por volta de R$ 1,20 . “Temos uma política de acompanhar o preço de mercado. Nem abaixo, nem acima para garantir uma remuneração justa sem gerar especulações ou distorções”, disse Tamires.

Ainda que a questão social esteja diretamente ligada à reciclagem, já que possibilita a geração de renda para uma população que não consegue acesso ao mercado formal de trabalho, o impacto ambiental é o grande calcanhar de aquiles de fabricantes e empresas que usam o PET como embalagem.

Segundo o Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), 359 mil toneladas de material pós-consumo foram recicladas em 2021, volume que representa 56,4% das embalagens descartadas pelos consumidores. A parcela restante continua com destinação incorreta, parando em aterros.

Tamires Silvestre, Head de ESG da Coca-Cola Femsa Brasil: “Agora, o pós-consumo não é o fim. É um recomeço para embalagens PET que voltam para a indústria na economia circular”  (Crédito:Awashington Alves)

Desafios

Resolver esse problema ou parte dele é uma das missões da estratégia global de sustentabilidade da Coca-Cola. No Brasil, a SustentaPET é uma das ações em curso.

Hoje são quatro unidades. Além de São Paulo, está em Porto Real (RJ), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG). “Estamos localizados onde temos operações para que consigamos acessar e desenvolver tanto a cadeia de coleta e separação, como os clientes”, disse Tamires.

Entre os clientes estão os grandes recicladores de PET como a empresa Indorama. Uma vez reciclado, o plástico pode abastecer indústrias diversas como têxtil, de movelaria e decoração. Mas a grande parte mesmo se transforma em novas embalagens, vendidas inclusive para a Coca-Cola. “Nosso objetivo é fechar o ciclo no processo que chamamos bottle to bottle.”

Os desafios para que toda a garrafa se transforme em uma nova estão ligadas à quantidade e qualidade do PET que chega à recicladora. Certos pigmentos no plástico, por exemplo, impedem o uso da resina em novas embalagens alimentares.

Por isso, a própria Coca-Cola fez alterações em suas embalagens. A garrafa da Sprite, que era verde, agora é transparente. Ajustes no design dos produtos permitem o avanço como os registrados nas fábricas de Jundiaí (SP) e Itabirito (MG), onde as garrafas de 200ml e 600ml das marcas Sprite e Coca-Cola já são feitas com 100% de resina reciclada.

O mesmo acontece com 100% das garrafas de água Cristal comercializada no País.

Em paralelo aos esforços para reduzir o uso de matérias-primas virgens, a empresa também trabalha para aumentar o ciclo de vida de algumas de suas embalagens.

Hoje, cerca de 19% do volume comercializado pela Coca-Cola é composto por embalagens retornáveis que podem ser usadas até 25 vezes antes de serem descartadas.

E, dessa vez, em vez de irem para o lixão, a ideia é que voltem para a Coca-Cola primeiro como matéria-prima e finalmente como uma outra garrafa 100% nova.