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Papel e celulose: Klabin investe em máquinas e sustentabilidade

Companhia conclui ciclo de investimentos de R$ 12,9 bilhões com duas novas máquinas, que utilizam energia limpa durante o processo de produção

Crédito: Anderson Rodrigues

A M27 utiliza 100% de eucalipto para produção de Kraftliner; a M28 também faz papel cartão (Crédito: Anderson Rodrigues)

Por Sérgio Vieira

Maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, a Klabin investiu para crescer de uma forma sustentável. A companhia paranaense concluiu o maior volume de investimentos de sua história, no valor de R$ 12,9 bilhões, entre 2019 e 2023, para a construção da unidade Puma II, em Ortigueira (PR), com a implementação de duas máquinas de papel, a MP27 (que produz papel Kraftilner feito 100% com fibras de eucalipto) e a MP28 (com flexibilidade para produzir tanto Kraftliner quanto papel cartão). Juntas, elas terão capacidade de produção de 910 mil toneladas por ano, elevando para 4,7 milhões de toneladas o volume anual de papel e celulose da companhia.

O destaque do projeto está nas ações de sustentabilidade. Na fábrica, foi incluída uma planta de ácido sulfúrico, com gases utilizados durante o processo e que antes eram enviados à caldeira. A unidade Puma II utiliza hoje 96% de combustíveis de matriz energética limpa, sendo seis combustíveis renováveis, todos substituindo óleo.

Também houve medidas de recuperação do potássio. Em dois anos, a Klabin deve ser autossuficiente no produto, que é um dos componentes de fertilizantes usados na floresta. Até então, o insumo era importado, principalmente da Ucrânia e da Rússia.

Francisco Razzolini, diretor da Klabin (Crédito:Divulgação)

“Em 20 anos, a Klabin reduziu em 68% as emissões de gases de efeito estufa. Queremos incluir nossos fornecedores nesse compromisso.”
Francisco Razzolini, diretor da Klabin

Outra iniciativa sustentável foi a utilização de 100% de eucalipto na fabricação de Kraftliner. Para produzir 450 mil toneladas anuais na MP27, foi necessário expandir a área florestal para 30 mil hectares.

“Se a máquina levasse pinus [tipo de madeira], a gente precisaria de 50 mil hectares. Nos Estados Unidos, iria para 80 mil hectares. Imagina a quantidade de floresta que é possível otimizar com o uso de eucalipto”, disse Francisco Razzolini, diretor de tecnologia industrial, inovação, sustentabilidade e projetos da Klabin.

“Em 20 anos, a Klabin reduziu em 68% as emissões de gases de efeito estufa. Todos os nossos investimentos têm sido pautados na melhoria de eficiência e utilização de menos combustível de origem fóssil. E agora queremos incluir nossos fornecedores nesse compromisso”, afirmou o executivo.

Pela planta de gaseificação de biomassa, também outra iniciativa de sustentabilidade, é possível que um dos fornos de cal da fábrica opere com 100% de combustível fóssil.

Também há uma unidade de secagem de lodo, responsável por processar o produto gerado nas estações de tratamento de efluentes da fábrica. Esse é o primeiro sistema do mundo a secar lodo gerado durante esse processo, com capacidade de até 17 mil toneladas por mês. O lodo seco poderá ser misturado à biomassa para se tornar combustível nas caldeiras de força.

Inicialmente, a ideia da empresa era construir duas máquinas iguais, de Kraftliner, mas a mudança de concepção ocorreu na pandemia, pelo aumento no consumo de papel cartão branco. Dessa forma, a Klabin deverá avançar em novos mercados, como farmacêutico, bebidas, alimentos, editorial, entre outros.

A expectativa é de crescimento de cinco pontos percentuais no market share do produto no País, a partir da MP28, passando de 35% para 40% de participação no mercado até 2025.

“Dessa forma, a Klabin soluciona qualquer problema de abastecimento no Brasil, e evitamos o que vimos no auge da pandemia”, afirmou José Soares, diretor comercial da empresa. “Estamos preparados para o crescimento brasileiro.” A companhia também planeja entrar no mercado americano com esse novo modelo de embalagens.

Para expandir sua produção a partir da unidade Puma II, a Klabin precisou investir em logística. Foram aportados cerca de R$ 300 milhões no terminal de contêineres, ao lado da fábrica, e mais R$ 146 milhões no Terminal Portuário de Paranaguá (PR), com uma área de 27.530 m², adquirido por meio de leilão e com contrato assinado em 2020.

A expectativa é que, com as duas novas máquinas em operação, a Klabin passe a movimentar anualmente 2,2 milhões de toneladas de papel e celulose por meio do porto paranaense.

Inauguração oficial da M28 contou com a participação do governador Ratinho Júnior e líderes do setor (Crédito:@lucascostaphotos)

Desde o início do projeto Puma II, já foram gerados, na região de Ortigueira, mais de 33,5 mil empregos diretos e indiretos, com pico de 9 mil postos de trabalho durante o período de implementação das máquinas. A empresa também assinou protocolo de intenções com o governo do Paraná, com o objetivo de investir R$ 450 milhões em obras de infraestrutura.

Inauguração

Para marcar o início das operações da M28 (em 9 de junho deste ano), a empresa realizou cerimônia na fábrica, no último dia 21 de setembro, com a presença do governador Ratinho Júnior, de líderes do setor e integrantes do conselho da Klabin.

“O Ranking de Competitividade dos Estados elegeu o Paraná, por três vezes consecutivas, como o estado mais sustentável do Brasil. Isso fez com que fosse possível atrair R$ 220 bilhões de investimentos privados nos últimos quatro anos. E a Klabin tem uma participação direta nesse sucesso do Paraná.”
Governador do Paraná, Ratinho Júnior

Durante o evento, o CEO Cristiano Teixeira posicionou o novo momento da companhia a partir da conclusão das obras e início de operação das máquinas. “A M28 dá a condição de consolidar a Klabin como uma das maiores fornecedoras de papel cartão do mundo. A unidade Puma II nos coloca como um dos maiores investidores privados do Paraná. Movimentamos a economia, geramos impostos e apoiamos projetos da comunidade. É com tecnologia e ações sustentáveis que podemos atender as necessidades dos clientes e mercados.”

Pertencente à quarta geração da família, Amanda Klabin, presidente do Conselho de Administração da companhia, lembrou dos fundadores e projetou o futuro da empresa. “Klabin é mais do que uma empresa, é uma cultura. É o respeito pelo passado aliado à responsabilidade com o futuro. As M27 e M28 possibilitam o nome Klabin ir além, escalando sua produção e sendo referência de tecnologia em papéis para embalagens.”

Com os planos delineados para os próximos anos, o papel da Klabin, nesses 124 anos de história, está muito bem definido no mercado global. E passa, cada vez mais, por um futuro ainda mais produtivo e sustentável.