Revista

Ata do copom: o recado crucial

Crédito: Raphael Ribeiro/BCB

Os nove membros do Copom na reunião de agosto (Crédito: Raphael Ribeiro/BCB)

Por Edson Rossi

Foi divulgada na terça-feira (26) a ata do Copom referente à reunião passada, que determinou novamente a redução da Selic em 0,5 ponto percentual, levando a taxa aos 12,75%. Para entender os novos passos, tanto deste fim de 2023 (o próximo encontro do Copom, penúltimo do ano, acontecerá nos dias 31 de outubro e 1 de novembro) quanto o que nos espera em 2024 é preciso um mergulho um pouco mais aprofundado na ata. Antes, o que está decidido: haverá outros dois cortes de 0,5 ponto fazendo em dezembro a Selic estacionar nos 11,75% já ratificados pelo mercado no Boletim Focus. Agora, o que está subentendido: em dois tópicos cruciais. Cabalisticamente, os dois tópicos aparecem sete vezes cada um no documento de 3 mil palavras e 27 itens — Incerteza e Questão Fiscal. No primeiro caso, os diretores do BC falam da situação externa, de questões locais ou mesmo climáticas.

Sobre o segundo tópico, o campo fiscal, os recados são mais contundentes, com o DNA da ata está no item 16: “O Comitê avalia que parte da incerteza, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais. O Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”. E essa bola está com Brasília. No Planalto e no Congresso.

INTERNACIONAL
Otimismo vivido na Índia é “totalmente justificado”, diz JP Morgan

Para o presidente e CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, o otimismo relacionado à economia da Índia é “totalmente justificado”. A declaração foi feita na segunda-feira (25) em entrevista à CNBC durante o India Investor Summit, em Londres. “Olhe esta conferência. Há oito ou nove anos começamos com 50 ou 75 clientes. Agora são
700 investidores em todo o mundo”, afirmou Dimon. Ele também elogiou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, por impulsionar o clima de negócios do país, e destacou políticas que facilitam obtenção de contas bancárias
e a simplificação de impostos, que acabam impulsionando o investimento estrangeiro. O índice de referência do
mercado local de ações subiu mais de 15% no ano passado. Com 1,4 bilhão de habitantes, a Índia passou a China e tornou-se o país mais populoso do mundo em abril. Na economia, espera-se que ultrapasse o Japão e a Alemanha para se tornar o terceiro maior PIB do planeta até 2030.

“Vocês não vão me ver de andador, não vão me ver de muleta. Vão me ver sempre bonito” LULA III, em sua fala semanal de terça-feira (26), emulando com precisão seu desafeto Jair Bolsonaro no quesito incontinência verbal

“Se algo não pode continuar para sempre, irá parar” Herbert Stein (1916-1999), economista americano

CPI DOS ATOS GOLPISTAS
Calado e falante, a dupla personalidade de Heleninho

Lula Marques/ Agência Brasil

Heleninho é como chamam o general Augusto Heleno, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo anterior. Obrigado a depor na CPMI dos Atos Golpistas, na terça-feira (26), ele preferiu ficar em silêncio quando questionado se estava numa provável reunião de Jair Bolsonaro e comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022 para discutir detalhes de um golpe de Estado após a vitória de Lula. O encontro foi informado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em sua delação premiada feita à Polícia Federal. A frieza de se manter calado não se repetiu quando foi confrontado pela relatora da CPMI, Eliziane Gama:

Eliziane Gama: “Na sua opinião, as eleições brasileiras em 2022 foram fraudadas?”
Heleninho: “Já tem o resultado das eleições. Já tem um novo presidente da República. Pô, não posso dizer que foram fraudadas. Foram examinadas.”
Eliziane Gama: “Certo, então o senhor mudou de ideia, né?”
Heleninho: “Ela… Ela fala as coisas que acha que estão na minha cabeça. Porra, é para ficar puto, né? Puta que o pariu.”

INTERNACIONAL
Setor imobiliário chinês: calcanhar de Aquiles?

Para o economista-chefe do grupo chinês Grow Investment, Hao Hong, o esforço de urbanização da China pode estar perto do fim, o que prejudicaria ainda mais o já debilitado setor imobiliário do país. “Consertar esse segmento pode levar anos”, disse à CNBC na terça-feira (26). O mercado imobiliário da China tem enfrentado falta de confiança do consumidor, à medida que gigantes como Country Garden e Evergrande estão atolados em dívidas. Os preços das moradias no país, no entanto, quase não variaram: -0,3% em agosto. Hong aposta em outras pontes de crescimento e em algum nível de desregulamentação do setor. “Quando a economia crescer a partir de outras indústrias, em vez de depender principalmente do universo imobiliário, teremos uma economia melhor e muito mais saudável”, disse. “Por isso, não ter um setor imobiliário autoritário é, na verdade, bom para o futuro.”

PROCURADORIA-GERAL
O adeus de Aras

Não será fácil para Augusto Aras envernizar seu nome na história como um democrático servidor público de elite. Ao encerrar seu segundo mandato à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) na terça-feira (26), Aras estava mergulhado numa agenda única: tentar apagar a imagem, que se tornou senso comum, de que ele foi leniente com as sandices, em especial na condução do País durante a pandemia, e os golpismos de Jair Bolsonaro, o homem que o colocou na cadeira. O presidente Lula ainda não indicou um substituto, que deverá ser aprovado pelo Senado. Por ora, a PGR fica sob o comando da subprocuradora-geral, Elizeta Ramos