Tecnologia

Estudo aponta que IA economiza tempo e grana

Pesquisa da Freshworks mostra que solução tem potencial para economia anual de US$ 15 mil por funcionário de TI

Crédito: Unstability.ai

IA: fim das tarefas repetitivas (Crédito: Unstability.ai)

Por Victória Ribeiro

State of Workplace Technology, da Freshworks – empresa nascida há 13 anos na Índia com atuação em mais de 170 países –, é a mais recente edição da pesquisa feita com 2 mil funcionários de TI em nove países (Brasil não incluso) e ajuda a mapear o novo grande momento dessa indústria – o impacto da inteligência artificial (IA) generativa no dia a dia.

De acordo com o relatório, 71% dos funcionários de tecnologia já utilizam ferramentas de IA para aumentar a produtividade. “Ela está revolucionando os padrões de trabalho”, disse Prasad Ramakrishnan, CIO da Freshworks. “Tal como imaginamos que aconteceria com as máquinas durante a Revolução Industrial.”

Quem tem puxado a fila são os mais novos. Quatro a cada cinco pessoas da Geração Z (até 26 anos) já trabalham com auxílio de IA em suas rotinas. Na ponta oposta, apenas um a cada quatro dos boomers (de 59 a 68 anos) fazem o mesmo.

Para Ramakrishnan, a explicação é simples e se deve ao fato de as gerações mais novas já terem nascido em meio à transformação digital. “Não existe uma tensão entre elas. São gerações que estão acostumadas a pensar de forma atualizada”, afirmou.

Outro ponto para o qual ele chama a atenção é que a IA não pode ser adotada por ter se tornado ‘modinha’. Na opinião do CIO, os riscos nascem especialmente de dois fatores. No primeiro, quando há um fraco ou inexistente alinhamento estratégico. O segundo é quando ocorre a baixa adesão de todos os níveis da organização.

“A adoção da tecnologia de IA precisa ter uma razão clara e não ser adotada apenas porque há um hype.”
Prasad Ramakrishnan, CIO da Freshworks

Dennis Woodside, CEO da Freshworks: “Testemunhei como a IA forneceu soluções poderosas para melhorar o desempenho sem aumentar os custos” (Crédito:Divulgação)

Quando esse alinhamento ocorre, o resultado vem com rapidez. Segundo o estudo, em um dado relacionado apenas a empresas nos Estados Unidos, será possível economizar mais de US$ 15 mil por funcionário de TI a cada ano utilizando a IA para eliminar o tempo desperdiçado em tarefas repetitivas.

Em um time de 200 colaboradores, o que não é grande para boa parte das companhias, a economia apenas com o tempo desperdiçado chegaria a US$ 3 milhões.

Excesso de softwares

Ramakrishnan diz que a melhoria nas operações é o principal motivo que leva a adoção de softwares. Contudo, na opinião do CIO, essa escolha aponta para um efeito colateral não previsto. “A tecnologia inteligente e simplificada, aliada à IA, fará mais para impulsionar a produtividade e a eficiência do que o legado de softwares que a empresa carrega há décadas.”

Ou seja, haverá uma revolução também no mercado de licenças de softwares.

Prasad  Ramakrishnan, CIO da Freshworks: “Humanos são os melhores na linha de defesa. A diferença é que percebemos que tarefas repetitivas não serão prioridade” (Crédito:Divulgação)

É fato, no entanto, que ao se falar de IA o pensamento também ultrapassa a lógica financeira e chega-se na seguinte questão: o receio que muitos profissionais sentem de ser substituídos pelas novas tecnologias.

Para Ramakrishnan, a IA não é sobre ostracismo humano, mas sobre ganhos. Tanto em reconhecimento quanto em produtividade.

“Humanos são sempre os melhores nas linhas de defesa. Só que a partir de agora perceberemos que tarefas repetitivas ou demoradas não serão prioridade.”

Isso se confirma nos números. Na pesquisa, os profissionais de TI enfatizaram que a IA os libertou de tarefas monótonas, com 45% deles relatando que agora estão envolvidos em atividades mais complexas e significativas. Além disso, eles estimam que poderiam economizar mais de cinco horas por semana ao utilizar a tecnologia para realizar as demandas mais repetitivas.

Geração Z
Quatro em cada cinco profissionais de TI da Geração Z já trabalham com auxílio de IA em suas rotinas

Essa onda transformadora fez Dennis Woodside se tornar presidente da Freshworks, há um ano. Ex-chefe de Operações do Dropbox (2014-2018) e ex-presidente da mítica Impossible Foods (2019-2022), uma das companhias pioneiras na produção de carne artificial, ele ocupou posições de destaque nas revoluções do celular e das nuvens de armazenamento e viu de perto seus reflexos.

“Testemunhei como ambas forneceram soluções poderosas para a TI melhorar o desempenho sem aumentar custos”, disse. O mesmo ocorre agora, segundo ele.

“Os clientes já se planejam para aproveitar os ganhos com a IA.” O que tem acelerado o aporte de recursos na solução. De acordo com dados do Statista, o investimento global em inteligência artificial chegou a US$ 91,9 bilhões em 2022. O valor representa um aumento de 108% em cinco anos. Uma amostra de que na TI a fila andou, e de forma acelerada.