Um refúgio de luxo em meio à paisagem rural
Por Celso Masson
Ser dona de pousada jamais foi um sonho da empresária goiana Fabia Raquel Ferreira. Administrar uma propriedade rural, então, nem passava por sua cabeça até poucos anos atrás, quando ela vivia no Rio de Janeiro e atuava profissionalmente no setor de tecnologia. Pois hoje, quem se hospeda na Fazenda Santa Vitória, em Queluz (SP), no Vale do Paraíba, sai com a certeza de que Fabia nasceu tanto para a vida no campo quanto para ser uma referência na arte da hospitalidade de alto padrão.
Provas disso estão por toda parte na imensa propriedade que ela e o sócio Luiz Eduardo Monteiro da Costa adquiriram e vêm transformando em um refúgio de luxo encravado entre a Serra da Mantiqueira e a da Bocaina, bem na divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A dupla anexou quatro fazendas centenárias que formam uma área total produtiva de 4 mil hectares, equivalente a 4 mil campos de futebol.
Formadas originalmente durante o ciclo do café, no início do século passado, tornaram-se áreas de pastagem e de reflorestamento décadas atrás. “Compramos a terra com o propósito de investir na preservação dessa área tão bem localizada”, disse Fabia. De início, o potencial para o turismo ainda não havia sido nem sequer cogitado. Porém, como a sede da Santa Vitória estava muito bem conservada, a ideia de adaptar os aposentos para receber visitantes foi rapidamente ganhando forma. No começo eram apenas oito suítes para receber hóspedes. “Logo percebemos que para atender aos padrões que desejávamos oferecer essa conta não fechava”, afirmou. Isso levou à construção de novos aposentos de forma a tornar a atividade como hotel fazenda sustentável financeiramente. “Desde então, as obras nunca pararam”.
A produção de leite (hoje são 7 mil litros por dia) foi mantida. O iogurte servido no café da manhã fez tanto sucesso que os proprietários investiram em uma queijaria, atendendo a pedidos dos hóspedes. O esmero com os produtos é tamanho que dois itens desenvolvidos ali receberam medalhas no primeiro concurso em que foram inscritos. Esse reconhecimento reforça a atenção peculiar que Fabia e Luiz Eduardo dedicam à Fazenda Santa Vitória. Com 55 funcionários para atender até 64 pessoas em nove categorias de acomodação, o que não falta ali são mimos. Toda a mão de obra é local e constantemente treinada para cumprir uma das missões do empreendimento: receber cada hóspede como um amigo e fazer “com que toda a jornada seja leve e especial”.
Cada detalhe parece ter sido cuidadosamente pensado para cumprir essa premissa. Enxovais e amenities foram escolhidos para proporcionar o maior conforto possível. Tanto nos quartos como nas áreas comuns a decoração é de extremo bom gosto, assim como a arquitetura dos módulos construídos no processo de expansão. As alas mais recentes foram inauguradas em setembro e os donos já planejam outras três vilas. As diárias partem de R$ 2,2 mil e chegam a R$ 3,8 mil por casal, com pensão completa.
PRIVACIDADE Uma vez que espaço não falta, algumas acomodações ficam bem distantes do núcleo central, de forma a garantir a privacidade de quem busca se desconectar durante a estadia. “Há quem prefira o isolamento e há quem prefira interagir com a família ou com outros hóspedes, por isso oferecemos opções distintas”, disse Fabia. Quem quer ficar afastado pode escolher as Casas da Montanha, com vista espetacular das montanhas, ou a Casa da Cascata, a 6 quilômetros da sede. Ali, um novo restaurante foi inaugurado no início de maio para garantir maior comodidade. Sua arquitetura aproveita as ruínas de uma construção da Fazenda São Francisco da Cascata.
O novo restaurante se soma a outros três. O da sede, o da cachoeira e o do haras, com rodízio de pizzas aos sábados. Sem a pretensão de oferecer uma gastronomia estrelada, a cozinha dialoga com o ciclo das estações e se baseia em técnicas tradicionais da região. O tempero se vale das ervas aromáticas cultivadas na horta. Não por acaso, alecrim e tomilho entram na receita de dois dos queijos da Fazenda Santa Vitória, que podem ser encontrados em supermercados gourmets da capital paulista, como o Santa Luzia.
Há ainda sauna seca com ducha natural (a área é cortada por 12 quilômetros de riachos), piscinas com água mineral, quadra de tênis, cavalos, bicicletas, lago para pescaria e o belo Espaço Ybyrá, onde aulas de ioga são oferecidas sem custo. As massagens são cobradas à parte. Como desejam os donos, a jornada ali é pura leveza. E quem se hospeda sai de lá pensando em retornar.