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Decolagem autorizada: espanhola Aena começa reforma de Congonhas, em SP

Crédito: Istockphoto

Congonhas é o segundo aeroporto mais movimentado do Brasil. Em 2022, 18 milhões de pessoas passaram pelo terminal na capital (Crédito: Istockphoto)

Por Angelo Verotti

A espanhola Aena ganhou destaque no mercado brasileiro de aviação, no ano passado, ao ser a única participante e vencedora em leilão de bloco com 11 aeroportos no País. Por R$ 2,45 bilhões, com ágio de 231% em relação ao valor mínimo de outorga (R$ 740,1 milhões), a concessionária conquistou o direito de explorar por 30 anos o aeroporto de Congonhas, a cereja do bolo, além de dez terminais em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Pará. A administração do espaço paulistano terá início em 17 de outubro com projetos que incluem, por exemplo, a ampliação do terminal de passageiros e a revitalização da fachada. O investimento mínimo previsto para modernização, ampliação e recapacitação dos aeroportos é de R$ 5,89 bilhões. “A Aena já realizou investimento de R$ 3,3 bilhões em pagamentos iniciais, incluindo a outorga, antes mesmo de assumir a administração dos 11 aeroportos”, afirmou Santiago Yus, diretor-presidente da Aena no Brasil.

O aeroporto de Congonhas é segundo mais movimentado do Brasil, com 18 milhões de passageiros no ano passado, atrás apenas de Cumbica, em Guarulhos, com 34,4 milhões.

As intervenções no espaço estão divididas em duas etapas. Na primeira, com entrega prevista para junho de 2026, estão a ampliação da sala de embarque remoto, a readequação das vias de acesso, a reforma dos banheiros e a revitalização da fachada. “Também estão previstas melhorias na iluminação, limpeza e na sinalização dos espaços internos do terminal, que visam dar melhor conforto visual ao usuário”, disse o executivo.

Os principais investimentos, no entanto, serão direcionados para a segunda fase que, além da construção de um novo terminal que será integrado ao atual, incluem a revitalização dos pavimentos das pistas de taxiamento para aumentar a distância entre as áreas de manobra e a pista principal, e a ampliação do pátio de aeronaves, com novas posições de contato.

A estimativa de finalização é junho de 2028, embora o contrato de concessão estabeleça como prazo junho de 2030. “Para dar lugar ao novo edifício, será necessário remover algumas construções existentes e ocupar parte da área em que hoje operam aeronaves com embarque por ônibus”, afirmou Yus.

Segundo o espanhol, a área do terminal deverá praticamente dobrar de 40 mil metros quadrados para 80 mil. Já a distância entre as pistas de taxiamento e a principal será de 158 metros, mas ele não soube informar a medida atual. Será realizado também o deslocamento das pistas para próximo das pontes de embarque, que somam 12 na atualidade, mas que deverão chegar a no mínimo 20, após as intervenções no aeroporto.

O contrato prevê que 70% dos passageiros devem embarcar por essas passagens. Os demais atualmente são levados aos aviões por ônibus a partir da sala de embarque. E vice-versa.

O impacto das intervenções no dia a dia das operações ainda é incerto. A meta, de acordo com Yus, será minimizar ao máximo os transtornos.

“Um dos objetivos mais importantes desse trabalho é ter o menor impacto possível para o aeroporto”, afirmou ele, ao destacar conversas com as principais companhias aéreas que operam no local, casos de Latam, Azul e Gol, além de instituições e órgãos de controle, para reduzir os transtornos.

“Já colhemos informações relevantes para ajudar no planejamento geral do projeto, mas isso será intensificado após a definição dele.”

Uma coisa é certa: está descartada transferência de voos a outros aeroportos de São Paulo, como Guarulhos e Campinas, para forma de aliviar as operações em Congonhas.

Existe a possibilidade ainda da retomada dos voos internacionais no local. “O projeto do novo terminal deverá prever uma área reversível que permita embarques e desembarques internacionais para países da América do Sul, com as mesmas aeronaves que operam voos domésticos”, disse o diretor-presidente. “A decisão de operar voos para o exterior, no entanto, caberá às companhias aéreas”.

O programa prevê viagens mais curtas, de até cinco horas, para países da região.

Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil (Crédito:Editora Três)

“Já investimos R$ 3,3 bilhões em pagamentos iniciais, antes mesmo de assumir a administração dos 11 aeroportos.”
Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil

Opinião

O especialista Ricardo Fenelon, ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), prevê um choque de gestão com a privatização do aeroporto paulistano. E acredita que no menor prazo possível ocorra uma melhoria significativa dos serviços prestados aos passageiros, como já aconteceu em Guarulhos, Brasília, Florianópolis, administrados pela iniciativa privada.

“Apenas para dar um exemplo, nesta semana meu avião pousou em Congonhas e ficamos um longo tempo na aeronave no desembarque remoto por falta de escada”, disse o sócio do Fenelon Barretto e Rost Advogados. “O mais importante nos processos de concessão é a capacidade de investimento e não só de administração, porque o governo chegou à conclusão há muitos anos que não teria essa condição.”

Atualmente, a Aena opera seis aeroportos no Nordeste do Brasil – Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Aracaju (SE), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (CE).

Além do aeroporto da capital paulista, a Aena assumirá, a partir do dia 10 de outubro, a gestão de terminais em Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul; Santarém, Marabá, Carajás e Altamira, no Pará; Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais.

Ao final da nova rodada, a concessionária espanhola estará presente em nove estados do País, com a gestão de 17 equipamentos que são responsáveis por cerca de 20% do tráfego aéreo nacional. Fora do Brasil, a Aena opera dois heliportos e 63 aeroportos, com destaque para o terminal Barajas, em Madri.

Voos no Galeão devem aumentar 56% no trimestre

Uma reivindicação antiga da administração e dos lojistas do aeroporto internacional Tom Jobim, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se tornou realidade. Desde o dia 1º (domingo), o Galeão viu aumentar a frequência de passageiros pelos seus corredores em consequência da transferência de voos do Santo Dumont, no Centro.

O objetivo é resgatar a importância do terminal situado na Ilha do Governador que, entre outubro e dezembro, deve ter aumento de ao menos 56% nas operações.

Por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a quantidade de voos no Santo Dumont será diminuída gradualmente, com previsão de 22% das decolagens já neste mês, percentual que deve chegar a quase 30% até o final do ano.

E, a partir de 2 de janeiro, com base em decisão do Ministério dos Portos e Aeroportos, o terminal central terá apenas voos domésticos com distância máxima de 400 quilômetros, o que, na prática, restringirá as operações a:
Congonhas (SP),
Pampulha (MG),
e Vitória (ES).

Estão proibidos voos para os aeroportos internacionais de Guarulhos (SP) e Confins (MG).

Com capacidade para receber 37 milhões de pessoas por ano, o Galeão recebeu menos de 6 milhões (5,9 milhões) no ano passado, contra 10 milhões do Santo Dumont.

Com as novas medidas, o aeroporto internacional deve fechar esta temporada com quase 8 milhões, ainda distante dos 14 milhões de 2019, no período pré-pandemia.

Até o final deste ano, a expectativa é que o terminal na Ilha do Governador saia de 1,9 mil para quase 3 mil voos mensais. Já o regional deve reduzir a operação de 5 mil voos para aproximadamente 3,3 mil.