O futuro do investimento em startups passa pela IA

Os aportes de riscos buscam antever o que será uma tendência. Mesmo que o mercado esteja andando de lado, a inteligência artificial é protagonista. Entre as 50 empresas top do setor no País, pelo menos 20 utilizam o recurso

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IA: muitas startups não estão necessariamente criando a própria tecnologia, mas sim implementando pequenos módulos da IA para torná-las mais inteligentes (Crédito: Divulgação)

Por Amure Pinho

Mesmo observando que o mercado de investimentos e startups tenha encolhido neste primeiro semestre, precisamos lembrar que investimento em startups são muitas vezes cíclicos e acompanham o macromercado. Questões como juros e incertezas, que já são de conhecimento popular, comumente contribuem para que os investidores tradicionais e microinvestidores optem por áreas mais conservadoras, onde os juros garantem retorno e, sobretudo, mais segurança na gestão do capital.

Os investimentos de riscos buscam antever o que será uma tendência, e por mais que tenhamos visto uma diminuição nas aplicações, tudo o que está sendo mostrado é um caminho do futuro, inevitável sob a óptica do investidor, que continua vivo e atraindo capital mesmo que o mercado esteja andando de lado. Inclusive, vemos essa situação com a inteligência artificial (IA), por exemplo.

No mesmo ano em que há certa retração com investimento, o segmento de IA é protagonista. Segundo a lista da CNBC sobre as startups mais promissoras do ano, observamos que ocupando o primeiro lugar está o Open AI e, em segundo, a Brex, fundada por brasileiros. Já no ranking top 50, pelo menos 20 startups utilizam IA. Mas aí que vem o grande pulo do gato. As startups que estão chamando atenção dos investidores enxergaram uma revolução tão grande na IA que muitas, senão a grande maioria, não estão necessariamente criando sua própria tecnologia, mas sim implementando pequenos módulos da IA para torná-las mais inteligentes.

É o que vemos nas ferramentas que usamos no dia a dia, como o Google, que lançou recentemente o Google IO e o integrou em todas as frentes da empresa. Não à toa, outras startups estão fazendo a mesma corrida. Afinal, servindo para todos os setores, a IA está puxando o mercado de startups para cima, fazendo com que vejam a oportunidade de anexar módulos da tecnologia em suas soluções para aproveitar o hype sexy, além da produtividade percebida pelo usuário final. Isso acontece pelo fato de a IA reunir informações por meio dos dados que as startups vêm coletando nos últimos anos, além de correlacionamentos, levando-os para novos segmentos.

A tecnologia está sendo amplamente utilizada no ecossistema e agora no Brasil, em que começamos a ver startups adotando e entendendo que não é só uma questão de posicionamento, mas de trazer diferencial competitivo de uma solução. Neste momento, existe uma busca por eficiência, por substituir microfunções. A IA tem sido uma possibilidade para os consumidores em geral, que estão demandando essas novas iniciativas das startups, ao mesmo tempo que traz um grande desafio para os empreendedores brasileiros, diante da falta de especialistas disponíveis no mercado e por questões regulatórias e éticas relacionadas ao uso dos dados.

Em que momento essa realidade será pacificada e as startups poderão falar o que possuem, usam e oferecem? Será que o ChatGPT e a Open AI serão uma realidade que todos terão de aceitar? Dificilmente veremos um cenário fácil e aberto para esse mercado. Mas a inovação é irreversível! Esse é o futuro e motivo pelo qual os investidores estão mais propensos a analisar, investir e, obviamente, incentivar as startups a adotarem essa tecnologia.

*Amure Pinho é empreendedor, investidor-anjo em mais de 45 startups e fundador do Investidores.vc. Presidiu a Associação Brasileira de Startups