Ela luta por um ambiente corporativo menos tóxico

Crédito: Fabiano Panizzi

Economista Francine Mendes Gregori: mestrado após período turbulento e criação de fintech de apoio a mulheres (Crédito: Fabiano Panizzi)

Por Sérgio Vieira

A exemplo do que ocorre com 76% das mulheres no mundo corporativo, a economista Francine Mendes Gregori enfrentou casos de assédio, ouviu piadinhas machistas e a dor de se sentir desamparada no ambiente de trabalho, justamente no mercado financeiro, onde atua há mais de 20 anos. “Quando engravidei, senti o que o mercado faz com as mulheres: totalmente excluída de todas as pautas e ouvia que agora estava inútil para o mercado produtivo”, disse Gregori à DINHEIRO. O resultado de toda essa crueldade foi uma depressão pós-parto. Mas ela deu a volta por cima e decidiu fazer um mestrado em Psicanálise na Argentina para entender melhor essa situação. “Queria saber, por exemplo, por que 75% de tudo que é produzido no mundo é consumido por mulheres, mas 70% do dinheiro no mundo está na conta bancária dos homens. Queria entender essas dores e o que estava por trás disso.” Em 2020, ela criou a fintech Elas que Lucrem (EQL), justamente para apresentar soluções financeiras que ajudam as mulheres a se tornarem mais independentes, sob vários aspectos, inclusive na questão do dinheiro. “Ela nasceu em cima do viés educacional, emocional e financeiro, voltada para o universo feminino e vulneráveis.” A empresa, inclusive, criou o primeiro seguro da América Latina contra atos violentos, morais e emocionais. No mês passado, a EQL iniciou sua mais recente ação: o selo EQL Aqui Protege, a primeira certificação que atesta a saúde social de empresas públicas e privadas. “A gente forma novos profissionais, que começam a questionar muitas ações”, afirmou a executiva. A missão principal, segundo ela, tem sido justamente convencer os líderes da necessidade dessa mudança de cultura. “Eles se sentem ameaçados. E essa é uma grande barreira de entrada.” A WeWork, líder global em espaços de trabalho, é a primeira a receber certificação do programa. E os resultados têm sido muito positivos. “A gente inclui questões raciais, LGTBQIA+. Muita gente ainda acha que isso é mimimi. Mas é algo muito sério. Me orgulho muito dessa ação da EQL.” A luta, realmente, é de todos.

EMANCIPAÇÃO ECONÔMICA
Curso ajuda a formar mulheres no setor de beleza

(Divulgação)

A Vult, do grupo Boticário, encerra no fim deste mês mais um ciclo de inscrições do programa 220 Vults, que oferece capacitação para pessoas que desejam ingressar profissionalmente no ramo da beleza. “Queremos que essas brasileiras tenham orgulho da própria origem e das lutas diárias”, disse Marcela De Masi, diretora-executiva de Branding e Comunicação do grupo Boticário. Junto do projeto Empreendedoras da Beleza, o programa da Vult já formou mais de 19 mil pessoas em 2023.

ROTA COM MENOS CO2
O caminho ambiental do fretado

(Divulgação)

Se você utiliza ônibus fretado para ir ao trabalho, pode acreditar: sua ação contribui para a redução dos gases de efeito estufa. Levantamento da mobiGO, plataforma de gestão de fretamento e controle de embarque, identificou que, só pelas suas operações, 140 mil toneladas de CO2 a menos são lançadas mensalmente. A empresa considerou sua frota total de 756 ônibus, que são capazes de evitar que 26.640 carros estejam nas ruas, impactando não só na emissão de gases mas também na fluidez do trânsito. Cada ônibus que roda média de 5 quilômetros ao mês emite 8,04 toneladas de CO2, enquanto que cada carro lança 5,81 toneladas. “O compromisso ambiental e social definirá o futuro de muitas organizações, e o nosso propósito é gerar impacto positivo por meio de um serviço seguro e confortável”, disse Fernando Edelson, head da mobiGO.

ÁREA TECH
Uma Renner ainda mais feminina

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Impulsionar a presença feminina nas carreiras relacionadas à tecnologia tem sido uma das missões nos últimos dois anos da comunidade interna de talentos de áreas tech da varejista Renner. Hoje, cerca de 30% dos profissionais deste setor na companhia são do sexo feminino. O índice é mais do que o dobro da média do mercado brasileiro, hoje na casa de 12,3%. O foco tem sido em áreas como TI, Dados, Digital e Ágil da empresa, que já tem grande presença feminina, com mais de 60% do quadro de colaboradores e de cargos de liderança. “O compromisso com o protagonismo feminino faz parte da história da Lojas Renner. Somos um ecossistema de moda e lifestyle guiado pelo propósito de encantamento e feito por mulheres e para mulheres”, disse Regina Durante, diretora de Gente e Sustentabilidade da Renner. Para isso, a companhia realizou parceria com a plataforma PrograMaria, negócio de impacto social com ações que já beneficiaram mais de 40 mil pessoas. “Buscar ferramentas para aumentar a representatividade feminina é parte do nosso objetivo de construir um ambiente corporativo plural e igualitário”, disse a executiva.

FEITO DE GARRAFA PET
Gol de placa sustentável da Penalty

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Empresa brasileira fundada em 1970, a Penalty alcançou um resultado que faria qualquer artilheiro comemorar: alcançou a marca de 1,7 milhão de garrafas pet retiradas do meio ambiente. Por meio da linha Ecoknit, lançada em 2018, a fabricante produziu 1 milhão de produtos esportivos com tecnologia sustentável, como bolas, meias e chuteiras. Para produzir uma bola de campo, são necessárias 4,5 garrafas pet. No caso das chuteiras, é preciso uma garrafa por unidade e, para meias, é possível fazer 1 m² de tecido com 1,5 garrafa, que se transforma em cinco pares. Toda a fabricação é feita nas cidades de Itabuna e Itajuípe (BA), e Bayeux (PB). “É uma marca expressiva e que fortalece nosso trabalho em prol da transformação ambiental e ecológica”, disse Alexandre Marcus Allgayer, gerente de P&D da Penalty. “O grande diferencial é conseguir oferecer um produto que traz sustentabilidade, conforto, qualidade e durabilidade para a alta performance.”

76 das empresas no Brasil
desenvolvem algum tipo de iniciativa voltada à economia circular, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas, segundo estudo The Global Circularity Gap, houve queda de 9% para 7,2%, entre 2018 e 2022, do aproveitamento de recursos no mundo.