Rumo é referência em logística por estradas de ferro
Campeã pelo terceiro ano consecutivo, Rumo vive expectativa de recorde na safra de soja deste ano. Investimentos previstos chegam a R$ 3,8 bilhões
Logística | Rumo S.A
Por Angelo Verotti
Estar no lugar mais alto do pódio se tornou rotina na história da Rumo. A maior operadora de ferrovias do Brasil conquistou o tricampeonato no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2023 na categoria Logística. E são muitos os motivos a comemorar, como crescimento de participação e de receita. “Em 2022, aumentamos o nosso market share no Mato Grosso e nos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC)”, afirmou o CEO, João Alberto Abreu. “As altas na operação Norte, que engloba Mato Grosso e São Paulo, se deram pelo aumento dos transportes de milho e farelo de soja.” O share no Mato Grosso chegou a 44,7% (alta de 1,6 ponto percentual sobre 2021). No porto de Santos (SP) atingiu 60,7% (+ 1,5 ponto). No braço Sul, apesar da quebra da safra de soja, a maior disponibilidade de milho no Paraná e no Mato Grosso do Sul fez o balanço ficar final ficar positivo. Em Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC), o share conjunto foi de 31,1% (+ 1,6 ponto).
O ritmo das operações continua ascendente este ano, movimento evidenciado nos resultados do segundo trimestre. Houve forte demanda na movimentação de commodities agrícolas, como soja (27%), açúcar (26%) e fertilizantes (19%).
No acumulado do ano (de janeiro a agosto), a Rumo já movimentou um total de 50,4 milhões de toneladas, das quais 42 milhões (83%) em produtos agrícolas.
Em 2022, os resultados financeiros também registraram alta, reflexo direto do aumento dos volumes que foram transportados nas malhas da empresa.
A receita líquida, por exemplo, atingiu R$ 9,8 bilhões, alta de 32% em decorrência da maior demanda por ferrovia e do aumento da tarifa, que chegou a 17% no ano. Isso ocorreu, de acordo com Abreu, por causa de ajustes operacionais e estratégicos, como a venda da operação de elevações portuárias em Santos.
“Conseguimos acelerar a desalavancagem da companhia, que terminou 2022 com uma alavancagem de 2x de dívida líquida/Ebitda”, afirmou. No final de 2021, esse índice era de 2,8x.
No primeiro semestre deste ano, a receita líquida aumentou 10% em relação a igual período de 2022, chegando a R$ 5,1 bilhões, e a alavancagem se manteve em 2x.
O Ebitda no acumulado de janeiro a junho chegou a R$ 2,6 bilhões, aumento de 19,5%. Resultados que, somados ao cenário externo à companhia, fazem a expectativa para a temporada ser de novos recordes, segundo o executivo.
Os dados de consultorias apontam que a safra de soja em 2022/2023 será recorde no País, atingindo cerca de 156 milhões de toneladas, das quais 95 milhões devem ser destinadas à exportação.
Pelo lado da comercialização, mais de 100 milhões de toneladas já foram vendidas, e o farmer selling — a venda direta do produtor — se encontrava ao final de julho em 76%, praticamente em linha com a safra anterior.
Quanto à safra 2023/24, as estimativas preliminares apontam para um aumento de 4% na área plantada, ficando entre 1 milhão e 2 milhões de hectares a mais. “Além da soja, temos o milho, que segundo projeções entregará uma safra recorde de 132 milhões de toneladas na safra 2022/23. São números que demandam por uma logística eficiente como a ferroviária.”
“Espero que o governo tenha sucesso no controle da inflação e no estímulo ao crescimento econômico, um trabalho que requer equilíbrio cuidadoso entre política monetária, fiscal e as reformas estruturais.”
João Alberto Abreu, CEO da Rumo
Para acompanhar o aumento nas projeções, a empresa não descuida da linha de investimentos. Em 2022, foram R$ 2,7 bilhões. Entre as obras entregues, o CEO destacou a conclusão da Ferrovia Norte-Sul (junho 2023), renomeada de Malha Central. O corredor logístico passa a ser uma alternativa para o transporte de cargas de Goiás, leste do Mato Grosso e Tocantins, contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico dessas regiões.
Os investimentos este ano devem ficar entre R$ 3,6 bilhões e R$ 3,8 bilhões e visam principalmente aumentar a capacidade e a segurança do modal ferroviário. “Buscamos promover maior eficiência no transporte”, afirmou o CEO.
E a Rumo está de olho não apenas em 2023, mas nos anos seguintes. A companhia vai concentrar os aportes na expansão da ferrovia no Mato Grosso, conectando o coração da produção agrícola do estado ao principal corredor logístico com destino ao Porto de Santos. Para viabilizar essa expansão, a empresa também está investindo no aumento da capacidade da Malha Paulista e da ferrovia interna do porto de Santos.
Ativos
Além de transporte ferroviário, a Rumo realiza serviços de elevação portuária e armazenagem. São nove terminais de transbordo, além de seis portuários. A companhia administra cerca de 14 mil quilômetros de vias férreas em nove estados – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.
A base de ativos é formada por 1,4 mil locomotivas e 35 mil vagões. Em compromisso com práticas ESG, a empresa está investindo em duas locomotivas híbridas, combinando motores a diesel e baterias, que estarão em funcionamento ainda este ano na operação Sul, buscando a redução do consumo de diesel e consequentemente na diminuição de emissões de CO2. “Durante o período de testes, será possível realizar a análise comparativa da performance operacional e a partir dos resultados, avaliar a ampliação da utilização dos modelos.”
Em termos macroeconômicos, o executivo diz que é necessário controlar as pressões inflacionárias, levando a um cenário que ajudaria no crescimento do PIB. Mas para isso, segundo ele, é necessário um esforço conjunto dos setores público e privado para criar um ambiente propício aos investimentos e à geração de empregos.
“E como conseguir isso? Sempre repetimos em nossos contatos com o poder público: o Brasil deve ter segurança jurídica, desburocratizar processos e fazer uma simplificação tributária.”