Agro: Cocamar, um campo de recordes
Cocamar chega ao tri com R$ 11 bilhões de faturamento, além de expansão da área de atuação e das vendas. Investimentos de R$ 300 milhões em estrutura e aquisição fortalecem os negócios
Agronegócio: Cooperativas | Cocamar
Por Angelo Verotti
Três anos, três prêmios consecutivos. Reconhecimento pelo trabalho desenvolvido desde 1963 pela administração da Cocamar e, também, pelas agora 19,3 mil famílias que fazem parte do seu quadro associativo. Este ano, a cooperativa agroindustrial de Maringá, no Paraná, garantiu o título de melhor da categoria no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2023, conquista já celebrada em 2021 e no ano passado, mas como destaque em governança corporativa.
O resultado é consequência do crescimento gradual apresentado pela empresa nos últimos balanços financeiros, além de outros projetos que envolvem expansão das atividades pelo País e aquisições. “O faturamento global no ano passado foi de R$ 11,1 bilhões, aumento de 15% em relação aos R$ 9,6 bilhões obtidos em 2021”, afirmou o presidente Divanir Higino. Em 2020, a receita foi de R$ 6,1 bilhões.
O incremento dos negócios ficou evidente em outros números. As sobras líquidas — termo utilizado pelas cooperativas correspondente a lucro — geradas pela Cocamar em 2022 foram de R$ 614,6 milhões, com um Ebitda de R$ 754,5 milhões.
Para este ano a expectativa é de faturamento superior a R$ 13 bilhões, com R$ 680 milhões de sobras e um Ebitda acima de R$ 830 milhões. O avanço ano após ano nos resultados deve gerar receita de pelo menos R$ 15 bilhões em 2025.
Os cooperados da empresa atuam na produção de soja e milho, principalmente, além de trigo, café, laranja e pecuária. Entre estruturas operacionais e lojas agropecuárias, são 113 unidades distribuídas pelos estados de Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, todas aptas ao recebimento de grãos.
E foi o que aconteceu no ano passado. “Recebemos 1,2 milhão de toneladas de soja e 1,3 milhão de toneladas de milho, as principais culturas da cooperativa, mas também recebemos 2,7 milhões de caixas de laranja, 97 mil toneladas de trigo e 9 mil sacas de café”, afirmou o executivo. “Na comercialização de insumos agropecuários, faturamos a soma recorde de R$ 3,36 bilhões, expansão de 42% sobre o exercício de 2021.”
As vendas de produtos de varejo como óleo de soja, farinha de trigo, cafés, néctares de fruta e bebidas de soja superaram o R$ 1,2 bilhão, outro recorde, 13% acima do período anterior.
A Cocamar Máquinas, concessionária John Deere do grupo, faturou R$ 860 milhões no ano passado, crescimento de 52% na comparação anual.
Como parte dos projetos para 2022, a Cocamar deu continuidade à expansão para novas regiões nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, além de ter avançado na consolidação da sua linha de fertilizantes foliares e adjuvantes Viridian, bem como em seu programa de produção de carne bovina.
A empresa incrementou, por meio de sua concessionária Cocamar Máquinas/John Deere, a agricultura de precisão junto aos produtores nas regiões norte e noroeste do Paraná.
O crescimento dos negócios ocorreu também por meio de M&A. No final do ano passado, a Cocamar incorporou a Coanorp (Cooperativa Agropecuária Norte Paranaense), sediada em Astorga, na região de Maringá. Voltadas ao recebimento de grãos, as instalações operacionais estão localizadas nos municípios de Ângulo, Astorga, Colorado, Iguaraçu, Lobato, Pitangueiras, Sabáudia e Santa Fé e têm capacidade de armazenagem de 104 mil toneladas.
No total, a Cocamar passou a atender mais 2,4 mil produtores, dos quais 550 já eram seus cooperados.
“O resultado está no crescimento sustentável dos números da Cocamar, na expansão de suas estruturas, no aproveitamento de oportunidades e potenciais e na conquista de reconhecimentos que premiam a gestão.”
Divanir Higino, presidente
O cenário de crescimento de 2022 ganhou contornos bastante desafiadores para a agricultura brasileira este ano. Diante de um cenário de forte queda dos preços das principais commodities, os produtores passaram a ser mais cautelosos tanto na comercialização de suas safras quanto na aquisição de insumos.
Um dos principais desafios enfrentados pela Cocamar no primeiro semestre deste ano — e que se estende para os meses seguintes — foi armazenar o grande volume de produção de soja e milho entregue pelos produtores, cuja colheita ficou concentrada em curto período nos meses de fevereiro e março.
Só na cooperativa, que tem capacidade estática para 2,1 milhões de toneladas, foram recebidas no geral mais de 2,3 milhões de toneladas de soja e 1,7 milhão de toneladas de milho, situação agravada pela morosidade na comercialização dos grãos por parte dos produtores, o que manteve os armazéns abarrotados.
Diante da situação, a Cocamar recorreu à locação de estruturas pela região e até mesmo ao sistema de armazenagem em silos bag (há cerca de 70 mil toneladas acondicionadas dessa forma).
Além disso, está investindo mais de R$ 300 milhões na construção de estruturas para ampliar em 400 mil toneladas a capacidade estática de armazenamento de grãos já para a safra de verão 2023/24. Com isso, poderá acondicionar 2,5 milhões de toneladas.
O sucesso da Cocamar, de acordo com o presidente, está principalmente na transparência e segurança. “A Cocamar tem um longo histórico de desafios, bem como de pioneirismo e inovações, o que se deve à irrestrita confiança dos cooperados”, disse Higino.
Em 2014, por exemplo, a cooperativa foi a primeira do segmento agropecuário do País a implantar um modelo de gestão profissional nos moldes do cooperativismo de crédito e que está sob o crivo do Banco Central.
O sistema conferiu mais agilidade e foco às decisões estabelecidas pelo planejamento estratégico definido pelo Conselho de Administração. “O resultado está no crescimento sustentável dos números da Cocamar, na expansão de suas estruturas pelas regiões, no aproveitamento de oportunidades e potenciais e na conquista de muitos reconhecimentos importantes que premiam a gestão.”